XVII

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Encarei Gabriel com uma expressão neutra e respondi:

- Não te interessa.

O garoto forçou um sorriso irônico e encarou minha roupa: um pijama verde com flores azuis.

- Vocês não transaram, né?

Franzi a testa e neguei como se ele tivesse dito um absurdo.

- Claro que não! Ele apenas me convidou para dormir no quarto dele pra não ter que ouvir os gemidos de sua mãe. - comentei cética.

- E acha que ele fez isso por pura vontade? - Gabriel riu. - Meu irmão não é flor que se cheire garota. Ele vai querer algo em troca.

Gabriel se distanciou até sair de minha vista.

Franzi a testa confusa e entrei no meu quarto, trancando a porta logo após.

E se o que ele falou for verdade?

Bufei irritada e resolvi tomar um banho pra me acalmar.

Vesti o mesmo pijama e ouvi batidas na porta.

Resolvi não atender pois sabia que era o Matheus me esperando pra dormir.

Me joguei na cama e disquei o número de Iasmyn.

Como já passava de meia noite eu nem sabia se ela ia atender.

- Oi. - sorri ao escutar sua voz alegre.
- Oi Iasmyn, desculpe ligar a essa hora, mas, você está afim de bater um papo? Estou me sentindo sozinha.
- Claro. Sobre o que quer falar?
- Sobre qualquer coisa que não seja garotos. - exclamei desanimada.
- Por que? - ela riu do outro lado.
- Os daqui já estão me deixando doida.
- Como assim? Você mora com o namorado? - ela quis saber.
- Não. Moro com meu pai, a esposa dele e os dois filhos dela. - comentei.
Ouvi Iasmyn soltar um "aaa" animado e continuei.
- Não é o que você está pensando. Eles são chatos.
- Aham, sei. Conte-me mais. - Iasmyn pediu.
- Então... Os dois são lindos.
- Aaaaaaa.
- E chatos!
- Amada, você tem dois gatos dentro de casa e ainda não pegou nenhum dos dois? - Iasmyn adquiriu uma voz indignada.
- Não. Bom... Eu já beijei um. Na verdade ele me beijou. E o outro me deu alguns beijos. Ah, sei lá.
- Eu os conheço? - ela perguntou curiosa.
- Um deles é o Gabriel menina. - respondi de forma natural.
- Credo! Aquele idiota pegador? - Iasmyn forçou um barulho de vômito e eu franzi o cenho.
- Ele namora com uma ruiva lá da sala. - falei.
- Com ela e mais quatro né? Cada semana eu vejo ele com uma vadia diferente.
- Nossa! - eu ri.
- Que gemidos são esses aí hein? - ela perguntou curiosa.
Revirei os olhos ao escutar os barulhos vindos do quarto ao lado.
- Ah, meu pai e a esposa não param de transar desde que eu cheguei de viagem.
Iasmyn caiu na risada do outro lado da linha e eu comprimi os lábios.
- Logo logo vão te dar um irmãozinho. - ela comentou.
- Do jeito que eles estão ativos não vai demorar muito pra isso acontecer. - murmurei ao telefone.
- E o outro? Qual o nome? - Iasmyn perguntou.
- Matheus. Ele não estuda na escola não. Faz faculdade.
Iasmyn disse um "ah" decepcionado.
- Como ele te trata?
Pensei um pouco.
- Hum, normal eu acho. Tem dias que não olha na minha cara, tem outros que vive sorrindo pra mim e querendo me agarrar. É estranho. - digo.
- Eitcha, Thaysinha tá podendo. - ela gargalhou.
- Sai chata. Eu vou tentar dormir depois dessa, tchau.
- Certo, boa sorte, tchau. - ela riu e encerrou a chamada.

Desliguei o telefone e me forcei a dormir, tentando ignorar as sequências de "aahh" "mais rápido" e "não para, amor" que Regianne proferia em bom som.

Os Filhos Da Minha MadrastaOnde histórias criam vida. Descubra agora