XVI

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O filme acabou e eu nem percebi, pois estava conversando distraidamente com Matheus.

Rimos muito e ele se mostrou bem mais maduro que o irmão.

- Ta com sono? - ele perguntou quando eu bocejei.

- Uhum. - assenti.

- O foda é tu conseguir dormir com aquele barulho lá no quarto da minha mãe.

Fiz uma careta.

Ah, é mesmo!

- Ih é, havia me esquecido disso.

- Quer ficar lá no meu quarto? - ele me encarou sério.

- Não precisa. - neguei involuntariamente.

"Precisa sim" - sussurrou meu subconsciente.

Matheus sorriu de canto e balançou a cabeça.

- Cara, eu não vou te agarrar não, só estou te oferecendo ajuda pra dormir sem barulho.

Olhei pra cara dele e lutei contra mim mesma até assentir.

- Ta, vai.

Caminhamos até o corredor e eu fui pegar minha roupa de cama antes de entrar no quarto de Matheus, que estava arrumando sua cama de casal de modo distraído.

- Ah, você quer dormir de qual lado? - ele me fitou preocupado.

Dei de ombros.

- Tanto faz.

- Bom, vai escolhendo aí que eu vou tomar um banho, valeu?

Assenti e vi quando ele pegou apenas um short e entrou no banheiro que havia no quarto.

Escolhi o lado direito da cama e me deitei timidamente.

Fiquei encarando o quarto do garoto até ele sair do banho.

O quarto dele era preto, com vários pôsteres de jogadores de basquete e algumas fotos dele, da Regianne e do Gabriel.

- Quem é aquele? - apontei para um retrato de um homem sorridente abraçado com Gabriel e Matheus.

Matheus se aproximou do retrato e o pegou, se sentando na cama logo em seguida.

- É meu pai.

- Ah.

O menino me encarou sério e suspirou fundo tornando a olhar pra foto.

- Ele morreu há oito anos atrás - Matheus disse. - Acidente de moto.

- Nossa... Sinto muito - foi o que conseguir dizer.

- Um ônibus bateu em cheio. Meu pai morreu na hora. Foi em cruzamento e ele estava meio bêbado. - a expressão dele se tornou triste e eu me amaldiçoei por ter perguntado.

- Desculpa por ser intrometida, ta? - corei levemente olhando pra baixo.

- Relaxa pequena. - Matheus forçou um sorriso e colocou a foto no lugar.

- Qual era o nome dele?

Cala a porra da boca Thays!

- Mauro.

- Hum.

Suspirei cansada e me ajeitei na cama de um modo que me mantivesse longe de Matheus, que riu ao ver o espaço que eu deixei.

- Eu não vou te morder, cara.

Matheus encarou a porta do quarto dele por um instante e me olhou.

- Trancou a porta do seu quarto? Vai que seu pai resolve ir te ver de madrugada?

Arregalei os olhos e corri para o corredor, vendo Gabriel parado na porta do quarto dele.

- O que estava fazendo no quarto do meu irmão?

Os Filhos Da Minha MadrastaOnde histórias criam vida. Descubra agora