As crianças estavam reunidas em volta da árvore de natal admirando como Carla era alçada por Rafaella para atingir o topo e colocar ali uma estrela brilhante. Os olhos da pequena pareciam vidrados no suposto ouro e aquele era o motivo do encanto da mineira que dava cheirinhos na sua filha sentindo como muito em breve teria outro bebezinho para ser tão seu como ela. Por sua cintura Rafaella sentiu duas mãos diminutas passando e sorriu no automático. Era o típico ciúmes de Júlia e de Ben quando começava a abraçar a caçula.
— Mamãe também ama vocês dois — Falou abaixando com Carla que ainda parecia querer alcançar a estrela valiosa. Olhando nos castanhos claros de Júlia beijou-lhe a face e depois nos mais escuros de Ben e repetiu o mesmo gesto.
— E eu a senhora não ama mais não? Eu sou uma piada para você Rafaella? — Gabriel perguntou de longe fazendo uma careta típica de um adolescente mau-humorado e a dona de casa só soube responder repetindo o cenho franzido que parecia um reflexo do garoto que quanto mais crescia mais lembrava o pai, mas que tinha tanto, e por bem, dela em sua personalidade.
Repudiava todos os traumas que Rodolfo deixou com ela quando se foi, mas nunca deixaria de amar nem por um segundo aquela parte da vida dela que tinha, quisesse ou não, uma parte dele. Escolheu acima de todas as coisas seguir assim.
— Eu também te amo meu marrentinho. Está igual a sua mãe só faltou ser carioca como ela — Falou chamando-o para um abraço de todos e o rapaz, inconsciente de seu porte atlético, se alçou aos braços da mãe a fazendo cair sobre o tapete da sala com os outros três. Inúmeras risadas tomaram o ambiente em seguida aquilo aconteceu.
— Com calma ou você mata a sua velha mãe, Biel — Rafa pediu enchendo ele de beijos para também receber vários dos quatro que agora a atacavam carinhosamente. Fora encurralada e sequer Carla estava de seu lado.
— Não está velha não, continua jovem é muito linda. A mamãe Rafa não é maravilhosa mamãe Bia? — Júlia perguntou olhando da mineira a carioca que estava parada a pelo menos cinco minutos observando aquela cena que era tão linda quanto hipnótica. Havia chamado os filhos para roubarem biscoitos do forno enquanto Genilda saira, mas perdeu até o rumo com o que viu ao entrar no recinto.
Amava tanto sua família que doía ainda mais que ela e Rafa estivessem ainda brigadas. A empresária abriu mão de passar o natal longe de todos, pois seria muito egoísmo da sua parte privar a outra mãe de ficar com o seu bebê numa data tão importante, mas o caminho e a chegada até ali tinha sido num silêncio que não deixava margens para qualquer mensagem: Não tocariam no assunto para não estragar a noite da família, mas tinham uma questão para resolver. Uma bem espinhosa.
— Sua mãe não é linda — Bianca disse fazendo seu típico charminho de sempre. Rafa a fitou estupefata e em seguida seus olhos claros reviraram como das primeiras vezes que conversaram. Só lhe faltou uma ácida resposta do tipo "Se eu não sou linda porque você não para de me olhar como se quisesse me comer" mas isso estava estampado na sua cara — A Rafa é deslumbrante — A morena declarou vendo as bochechas de Rafa corarem de timidez quando seus filhos começaram a caçoarem da sua cara em reação à Bianca.
Não importava a briga, não importava o que dissessem ou houvesse, não haveria um único momento em que Bianca a elogiasse que Rafaella não respondesse com um olhar de quem ficara encantada em encantar aquela mulher. Que fosse bobo, e era, mas esquecia de tudo quando Bianca era doce.
— Agora eu quero beijo. Beijo beijo — Júlia começou a pedir chamando os irmãos para uma bagunça generalizada enquanto Rafa se levantava.
— Não vai ter beijo não — Bianca negou tentando preservar a esposa do constrangimento, mas as crianças pareciam realmente ansiosas pelo momento.
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O Decreto Kalliman
FanfictionSe uma não quisesse as duas não teriam brigado, mais ou menos assim diz o ditado popular e os pais frequentantes da Escola Primária Santa Judith, localizada num bairro nobre do Rio de Janeiro. No entanto, essa não está nem perto de ser a opinião de...