Bianca tinha seu sangue zumbindo nos ouvidos.
— Aquela porra daquela Rafaella — Soltou entre dentes, ficando os dedos no volante até os dedos ficarem brancos.
— Mamãe o que é porra? — Perguntou Ben da cadeirinha e Bianca arregalou os olhos com desespero.
— É uma coisa ruim. É tão feia que não pode dizer — A mãe se adiantou em dizer ficando subitamente vermelha e sem ar dentro do carro.
— Então porque você disse da tia
Rafaella? — Seu filho era uma das crianças mais espertas que já tinha visto nessa idade. Usualmente adorava isso, mas nesse instante estava deveras desconcertada com suas percepções.— A mamãe está irritada com ela — Bianca explicou com uma voz baixa, enquanto tentava fixar sua atenção mais no trânsito que no rostinho confuso do seu pequeno.
— E por causa disso você pode? — Ben indagou novamente e sua mãe não soube o que responder por uns segundos. Até se deparar em sua mente com a óbvia resposta que sempre era dada as crianças quando não se sabia o que dizer.
— Você não entende. É conversa de adulto — A empresária foi o mais genérica impossível. E esperava com toda esperança que dessa vez seu filho aceitasse a resposta.
— Conversa com palavra feia não é conversa boa — Mas se enganou. Ben era questionador demais para isso. E tão encurralada quanto orgulhosa.
— Você está certo. Mas então o que seria uma conversa boa? — Tentou se aprofundar na percepção dele, afim de que de alguma forma o fizesse se esquecer dela.
— Falar com carinho... Você sabe
mamãe — Falar com carinho com Rafaella? Bianca quase deu uma gargalhada. Era tentar vir com uma rosa para quem defendia avidamente a supremacia dos espinhos.— Sei? — A influenciadora quis saber. Depois do palavrão poderia melhorar um pouco mais a ideia de si mesma se acaso descobrisse que ensinou algo de bom para o filho.
— Sabe sim. Você também me ensinou — A carioca sentiu alívio. Uma sensação tão doce que até diminuiu a pressão no volante.
— É. Eu sei mesmo — Bianca proferiu com convicção. É, era boa mãe.
Não uma irresponsável como Rafaella acusou.
— E não tem conversa boa com a tia? — E voltaram a mineira. A carioca suspirou.
— Porque ela é muito chata — Falou se uma forma que seu filho pudesse entender e sem palavrões dessa vez.
— A Júlia também parecia — O menino de cabelos negros disse do nada.
— Quem é Júlia? — Questionou Bianca. Não conhecia nenhuma Júlia.
— É da escola — Uma amiga? Uma inimiga? Bianca estava ávida em saber. Era o primeira relação estabelecida com uma criança além de Bernardo.
— Ela fez algo com você? — Tentou imprimir um tom paciente ao perguntar. Ficou feliz ao perceber que conseguiu.
— Tomou minha massinha rosa — Expressou o menino com um olhar cabisbaixo.
— E porque não me disse meu bebê? — Bianca teria comprado um caminhão de massa de modelar para seu filho do para não ter um único vislumbre de um olhar triste seu.
— Não sou bebê. Sou homem e papai disse que tinha que me defender — Defender? Como homem? Bianca colocou a mão sobre a testa. O que Diogo havia dito?
— E como Diogo disse para você se defender? — Outra vez em menos de cinco minutos Bianca estava apreenssiva.
— Disse para eu pedir divisão — A mãe entendeu. Era para Ben solicitar que eles divissem quando ela tentasse tomar a massa de modelar inteira.
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O Decreto Kalliman
FanficSe uma não quisesse as duas não teriam brigado, mais ou menos assim diz o ditado popular e os pais frequentantes da Escola Primária Santa Judith, localizada num bairro nobre do Rio de Janeiro. No entanto, essa não está nem perto de ser a opinião de...