Capítulo 11 - Notícias trazidas por um soldado distante

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Bianca tinha seu sangue zumbindo nos ouvidos.

— Aquela porra daquela Rafaella — Soltou entre dentes, ficando os dedos no volante até os dedos ficarem brancos.

— Mamãe o que é porra? — Perguntou Ben da cadeirinha e Bianca arregalou os olhos com desespero.

— É uma coisa ruim. É tão feia que não pode dizer — A mãe se adiantou em dizer ficando subitamente vermelha e sem ar dentro do carro.

— Então porque você disse da tia
Rafaella? — Seu filho era uma das crianças mais espertas que já tinha visto nessa idade. Usualmente adorava isso, mas nesse instante estava deveras desconcertada com suas percepções.

— A mamãe está irritada com ela — Bianca explicou com uma voz baixa, enquanto tentava fixar sua atenção mais no trânsito que no rostinho confuso do seu pequeno.

— E por causa disso você pode? — Ben indagou novamente e sua mãe não soube o que responder por uns segundos. Até se deparar em sua mente com a óbvia resposta que sempre era dada as crianças quando não se sabia o que dizer.

— Você não entende. É conversa de adulto — A empresária foi o mais genérica impossível. E esperava com toda esperança que dessa vez seu filho aceitasse a resposta.

— Conversa com palavra feia não é conversa boa — Mas se enganou. Ben era questionador demais para isso. E tão encurralada quanto orgulhosa.

— Você está certo. Mas então o que seria uma conversa boa? — Tentou se aprofundar na percepção dele, afim de que de alguma forma o fizesse se esquecer dela.

— Falar com carinho... Você sabe
mamãe — Falar com carinho com Rafaella? Bianca quase deu uma gargalhada. Era tentar vir com uma rosa para quem defendia avidamente a supremacia dos espinhos.

— Sei? — A influenciadora quis saber. Depois do palavrão poderia melhorar um pouco mais a ideia de si mesma se acaso descobrisse que ensinou algo de bom para o filho.

— Sabe sim. Você também me ensinou — A carioca sentiu alívio. Uma sensação tão doce que até diminuiu a pressão no volante.

— É. Eu sei mesmo — Bianca proferiu com convicção. É, era boa mãe.

Não uma irresponsável como Rafaella acusou.

— E não tem conversa boa com a tia? — E voltaram a mineira. A carioca suspirou.

— Porque ela é muito chata — Falou se uma forma que seu filho pudesse entender e sem palavrões dessa vez.

— A Júlia também parecia — O menino de cabelos negros disse do nada.

— Quem é Júlia? — Questionou Bianca. Não conhecia nenhuma Júlia.

— É da escola — Uma amiga? Uma inimiga? Bianca estava ávida em saber. Era o primeira relação estabelecida com uma criança além de Bernardo.

— Ela fez algo com você? — Tentou imprimir um tom paciente ao perguntar. Ficou feliz ao perceber que conseguiu.

— Tomou minha massinha rosa — Expressou o menino com um olhar cabisbaixo.

— E porque não me disse meu bebê? — Bianca teria comprado um caminhão de massa de modelar para seu filho do para não ter um único vislumbre de um olhar triste seu.

— Não sou bebê. Sou homem e papai disse que tinha que me defender — Defender? Como homem? Bianca colocou a mão sobre a testa. O que Diogo havia dito?

— E como Diogo disse para você se defender? — Outra vez em menos de cinco minutos Bianca estava apreenssiva.

— Disse para eu pedir divisão — A mãe entendeu. Era para Ben solicitar que eles divissem quando ela tentasse tomar a massa de modelar inteira.

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