Capítulo 39 - A flor e o canhão

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Ao longo da história os filósofos se ocuparam de buscar responder inúmeras perguntas. Para eles, na verdade, o mais próximo de entender o mundo estaria justamente em aceitar que nada que nos rodeia é absoluto. Nem nossas respostas, nem, muito menos, nossa verdade.

Rafaella amou Rodolfo um dia. Isso era um fato, uma palavra que não volta e, nesse momento, também uma angústia pesada como carregar uma tonelada nas costas.

Não se arrependia de nada que fez para salvar seu casamento, afinal, querer não ter amado aquele homem era como ansiar apagar da sua vida o que conseguiu através do amor: As duas crianças que se encontravam deitadas sobre a cama do quarto de hóspedes da casa de Bianca.

E por falar na influenciadora, Rafaella realmente esperava que a morena não se importasse com seu perambular pela casa depois de um horário apropriado.

A mulher de cabelos castanhos simplesmente não conseguia dormir e, por isso, decidiu por si tomar um ar fora das paredes perfeitamente decoradas.

A casa de Bianca por inteiro, na verdade, era perfeita. Tinha cores por todo lugar, era aconchegante, alegre e elegante além de deter uma grande personalidade. Havia uma pintura que mais parecia um sopro de arco-íris na entrada, uma cor de cimento queimado nos quartos, móveis em vermelho, marrom, branco e até amarelo. Era uma mistura de muitas coisas que, de alguma forma particular, resultavam em algo incrível, como a proprietária do lugar.

Aquela mulher era única. Um ser humano empático, doce e, mesmo assim, irônico e oportunista quando necessário.

— Bianca... — Deixou o nome ser levado pelo ar gélido da noite que abraçava suas bochechas. Era um nome bonito.

Para uma pessoa bonita, completou na sua mente.

— Sim? — Escutou atrás de si e quase se desequilibrou, sendo salva pela barra onde esteve apoiando seu corpo.

Na direção do seu olhar estava Bianca Andrade com um copo de água na mão e uma roupa de dormir branca dos ursinhos carinhosos que combinavam com uma pantufa rosa felpuda.

Um desconhecido não lhe daria mais que dezesseis anos e, ainda sim, para Rafaella a empresária estava graciosa.

— Não sabia que estava aí — A dona de casa se apressou em dizer depois de ter limpado a garganta tanto pelo susto quanto por medo em ter sido pega observando a carioca.

Era impossível não tirar os olhos de uma Bianca irradiando poder. Numa festa, numa entrevista para televisão, pronta para ir ao trabalho, arrumada propositalmente para a seduzir... Mas ver Bianca da sua forma mais natural e ainda assim sentir solavancos no peito era, para a mulher, motivo o suficiente para ter medo de ser pega.

Não era como se sentisse luxúria agora. Apreciar Bianca Andrade dessa maneira era parecido com outra coisa...

— Eu acabei sentindo sede — A carioca esclareceu acompanhando atentamente o caminho que fazia os olhos verdes.

Rafaella a estava observando e não sabia a razão daquilo. Não era como se tivesse nas suas melhores roupas. Na verdade, se fosse sincera, tinha que admitir que o short do conjunto tinha um furinho bem no meio das pernas, situação que se deu devido a sua fidelidade e predileção por aquele roupa a cerca de um ano.

Para Bianca certamente era por isso. Rafaella a olhava porque sua roupa, nem de perto, era sedutora e de marca.

Mas o que ela esperava? Que Bianca Andrade colocasse uma lingerie com cinta liga e batesse em sua porta no meio da noite? Sim, a carioca até pensou sobre isso, mas entendendo o momento sensível que Rafa estava passando desconsiderou a ideia assim que veio na mente.

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