Rafa estava incrédula com aquela situação.
Mas como Bianca garantiu que não havia como se comunicarem com o mundo exterior aceitou suas palavras.
— E agora o que vamos fazer? — Rafaella perguntou começando a caminhar pela biblioteca um tanto quanto agitada.
Bianca acompanhava seus passos devagar pelo lugar branco de imensas prateleiras.
Pararam na estante de literatura brasileira e por ali se sentaram.
Era perto do ar-condicionado e tinha a melhor visão para porta da frente.
— A gente espera — Bianca disse recostando a cabeça em alguns livros.
Passaram em silêncio cerca de cinco minutos.
Rafaella estava impaciente com a inércia.
— Não consigo ficar aqui parada sem fazer nada — Rafaella disse começando a mexer insistentemente nos livros.
Bianca sorriu do seu comportamento.
— Está rindo do que? — Rafa perguntou deixando um livro de poesias cair entre os seus dedos de volta no lugar.
— Você está nervosa comigo — A carioca pontuou com um sorriso presunçoso nos lábios.
— Não estou — Rafaella mentiu, agora se virando na direção da estante para não olhar para Bianca.
A morena deixou passar.
Mas a mentira não se sustentou por cinco minutos.
Com um vento correndo pela sala e a queda de um livro Rafaella toda assustada acabou por pular no colo de Bianca buscando na proximidade uma forma de se proteger.
Aquele dia já estava tão estranho que não se surpreenderia se algum fantasma tivesse perambulando por aí.
— Calma aí grandalhona — Bianca disse sorrindo ao abraçar a figura grande e trêmula.
Agora por dois motivos.
Definitivamente Rafa estava nervosa.
Mas como não ficaria com Bianca tão perto assim?
— Eu acho melhor... — Rafa começou dizendo fazendo menção de sair daqueles braços.
Mas a quem queria enganar?
Só de estar ali teve uma dose de paz que não experimentava em dias e queria pensar que não faria mal experimentar um pouco outra vez.
— É só um abraço — Bianca pontuou apoiando a cabeça acima da de Rafaella que finalmente relaxou e passou os braços por seu abdômen os juntando em suas costas que começou a acariciar.
O silêncio foi tomando conta do espaço de pouco em pouco. Até que tudo o que se ouvia fosse a respiração das duas mulheres que quase não oscilavam.
Os corações estavam tranquilos.
Pela primeira vez em dias, tranquilos.
— Senti nossa falta — Rafa confessou levantando o queixo para encontrar o maxilar suave de Bianca que encostou os lábios em sua testa em resposta.
— Eu também — Bianca disse depois do breve carinho dedicado apertando o corpo de Rafaella contra o seu.
Foi o suficiente para que a dona de casa começasse a chorar em seus braços.
— Tem sido tão difícil... — Pontuou a mineira recebendo alguns beijos sobre suas lágrimas conforme caiam.
Eram muitas, portanto, o calor dos lábios estavam constantemente aquecendo a pele lívida de Rafaella.
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O Decreto Kalliman
FanfictionSe uma não quisesse as duas não teriam brigado, mais ou menos assim diz o ditado popular e os pais frequentantes da Escola Primária Santa Judith, localizada num bairro nobre do Rio de Janeiro. No entanto, essa não está nem perto de ser a opinião de...