Quando a porta se fechou Rafaella se deixou cair no chão completamente perdida.
Não bastasse tudo o que sofreu sozinha na semana agora tinha mais essa para cuidar.
Se sentia exausta.
Só queria um pouco da paz que teve apenas alguns dias atrás.
Ou será que nunca teve? Que fora tudo uma ilusão?
Seria tudo o que viveu apenas fruto da imaginação de alguém que se deixou ser tão vulnerável que foi incapaz de perceber que o amor era um castelo de cartas sempre prestes a cair?
— Rafa... — Escutou e deveria parecer perto, mas a voz de Bianca soava longe demais, como em uma realidade onde não havia tanta dor.
A dor de escutar da boca daquele homem aquilo que até então só tinha deduzido.
— Meu amor... — Bianca chamou outra vez se ajoelhando no chão enquanto a puxava para os seus braços.
Rafa sequer reagiu por alguns instantes.
Se sentia extasiada, em crise, sozinha.
Bianca estava ali, mas se sentia assim, como se ninguém pudesse curar aquilo que sentia.
Como se nem ela pudesse resolver seus problemas.
Estava no seu limite.
— Faz parar Bia — Pediu a maior finalmente correspondendo aquele abraço tão cheio de amor e preocupação.
Bianca beijou o topo da cabeça de Rafaella controlando as lágrimas que atingiram sua face ao perceber o quão ferida a sua mulher estava.
Se recusou a chorar, tinha que ser forte.
— Eu faço — Mentia, sabia que mentia, mas como a empresária poderia dizer a verdade?
Como poderia confessar sua impotência diante de uma Rafaella que suplicava assim?
Decidiu que iria se esforçar, que tentaria com todas as forças e que conseguiria fazer a dor da sua mulher diminuir.
— Vem comigo — A empresária disse passando um braço pelo ombro e outro pela cintura de Rafaella enquanto se recriminava por não ser tão forte ao ponto de carregar a dona de casa até os seus aposentos.
Seria uma boa hora para dedicar aquele cuidado.
Bianca fez uma nota mental para aumentar a quantidade de exercícios de musculação.
Quem sabe até o casamento possuiria as condições...
Ou melhor, talvez um dia as tivesse.
Com cuidado a empresária colocou Rafaella acima da cama e retornou a cozinha pegando a água para dar direto em sua boca.
Terminada aquela ação a empresária se deitou junto da mineira e a puxou até que estivesse deitada em seu peito que rapidamente ficou úmido.
Rafaella não parava de chorar.
Bianca se sentia inútil.
— Bia? — Foi Rafaella que acabou rompendo o silêncio que se estabeleceu depois que chegaram no quarto.
— Sim? — A morena perguntou baixando a cabeça até que seus olhos encontrassem os verdes que brilhavam com o líquido aquoso saindo de si.
— Promete que não vai fazer nada assim comigo? Eu não vou suportar eu... — Rafaella disse sentindo a voz embargar outra vez. Para sua sorte Bianca a interrompeu.
— Prometo. Eu seria incapaz de trair você, nossos sentimentos e a nossa relação. Eu amo tudo o que temos Rafaella, da mesma maneira que
eu... — Também não terminou a fala. Seus lábios foram encontros pelo da mineira num selinho duradouro e salgado.
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O Decreto Kalliman
FanfictionSe uma não quisesse as duas não teriam brigado, mais ou menos assim diz o ditado popular e os pais frequentantes da Escola Primária Santa Judith, localizada num bairro nobre do Rio de Janeiro. No entanto, essa não está nem perto de ser a opinião de...