Bianca não sabia o que tinha no inferno, mas se pudesse pressupor que aquilo era uma experiência individual e não coletiva pensava que a sua eterna penitência particular consistia em Rafaella gozando a metros dela e com a porta trancada.
Não era como se não tivesse tentado abrir inclusive. E não era só isso. A mineira gemeu gostoso e demorou longos e propositais minutos até que gozasse chamando o seu nome a plenos pulmões, depois de tudo deitou ao seu lado da cama, olhou em seus olhos bem abertos no escuro e sorriu.
— Guardei um pouco para você — Ainda disse com a cara mais safada do mundo e deu-lhe os dedos, nada mais que isso. Quando Bianca pensou em lamber os colocou na boca e só depois a beijou brevemente, o suficiente para sentir o gosto, mas não se deliciar.
Rafaella não estava totalmente satisfeita. Por mais que o vibrador tenha proporcionado um ótimo orgasmo era diferente ter o objeto a sugando enquanto Bianca a penetrava com os dedos e a beijava. Sempre gozava várias vezes seguidas assim, pois a morena conhecia até mesmo o tempo que demorava para seu prazer subir e descer antes que chegasse ao ápice de novo. Eram anos de sexo diário, se entendiam como ninguém.
Bianca era que agora não estava entendendo. Não as razões, essa a esposa disse, mas porque se colocou nessa situação quando o outro caminho era mais fácil, mas agora era também uma questão de honra.
— Boa noite vida — Rafaella ainda disse sorrindo e se virando para a mulher que não respondeu nada, apenas gemeu frustrada quando ainda teve que lidar com aquela bunda encaixada em sua pélvis por toda noite a deixando molhada por horas antes que conseguisse dormir.
Teve certeza que depois daquela noite não conheceria o inferno. Se existia mesmo essa história de quem sofreu na terra receberá o céu ela padeceria para sempre ao lado dos anjos...
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— Bia eu vou... eu vou... eu... — Aquela frase permanecia ressoando nos ouvidos de Bianca conforme tentava se concentrar nos detalhes do casamento. As pessoas falavam com ela, a mesma tentava se concentrar e cinco minutos depois vinha na mente Rafa a torturando enquanto gozava.
— Bianca? Bianca? — E de repente ela voltava ao real com dois dedos estalados diante do seu rosto. Era Maria Manoela, a melhor amiga de Rafaella e Mariana, sua amiga da escola também.
Havia chamado as duas por motivos óbvios: A convivência com Rafaella também facilitaria entender o que seria ideal para surpresa e poderia contar com uma ajuda de fora da família, apenas para não correr riscos de nada vazar.
Manu era uma pequena gênia, muito criativa, tudo que fosse inovador e ficasse na mente das pessoas por vários dias precisava envolver obrigatoriamente a presença da professora de música. Mariana, no entanto, era um contraponto necessário. Com sua cabeça nas nuvens tendia a uma doce sensibilidade e um olho aos detalhes que ninguém mais via, resultado de seu jeito irreverente. Seriam as melhores organizadoras.
— Parece até que a lerda é você e não eu — Mariana disse rindo um pouco da amiga que percebeu atônita. Bianca era sempre muito atenta, não entendia o que estava acontecendo hoje.
— Eu concordo com a Mariana. O que está passando pela sua cabeça que te impede de se concentrar? — Manu perguntou e nem precisou esperar cinco minutos para resposta, apenas segurou um riso sem Mari conseguir acompanhar o raciocínio — Ainda? Depois de cinco anos? — A morena perguntou até um pouco impressionada. Mas dado o motivo pelo qual estava aqui isso fazia todo o sentido.
— Ainda o que? — Mariana tentou entender olhando de uma para outra.
— Ainda depois de cinco anos a Bia é completamente afetada pela esposa. Essa carinha dela com certeza é de quem não para de pensar na Rafaella a todos os momentos de todos os dias — Resumiu Manu e Bianca até levantou seu dedo para tomar a resposta e retrucar, mas parou no meio do caminho, ainda mais quando seu celular tocou e a foto de Rafaella apareceu no visor. O contato tinha o nome de vida é um coração, então não dava para ela se defender, apenas passar menos vergonha.
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O Decreto Kalliman
FanfictionSe uma não quisesse as duas não teriam brigado, mais ou menos assim diz o ditado popular e os pais frequentantes da Escola Primária Santa Judith, localizada num bairro nobre do Rio de Janeiro. No entanto, essa não está nem perto de ser a opinião de...