Fazia uma semana que Bianca Andrade fugia de Rafa Kalliman como o diabo fugia da cruz e isso tinha a presidenta em um completo estado de confusão.
Até porque na última conversa que tiveram Bianca parecia feroz de tantas formas que quase não podia citar.
Ou preferia não citar, já que isso poderia desenterrar pensamentos que jurou só acontecer em decorrência de uma área sobrenatural.
Com essa situação, Rafaella se encontrava quase que completamente enterrada em sua vida comum.
Ia a escola todos os dias, resolvia seus pormenores, voltava para casa a tarde, brincava com os filhos, ajudava com a lição, cuidava do ambiente e esperava qual seria a decepção do dia com seu marido, Rodolfo.
Parecia que o goiano só não decepcionava em decepcionar e Rafaella estava, de verdade, cada dia mais farta daquela situação.
Tanto que, mesmo há quatro meses sem transar, se negou a ter relações com seu marido. E assim seria até, ao menos até que Rafaella decidisse o que fazer sobre o desgaste da relação.
Talvez só precisasse de distração.
E, inevitavelmente, se pegou lembrando do último embate com Bianca Andrade, ali mesmo naquele escritório.
E se pegou sentindo algo que parecia com... Falta?
Riu sozinha. Não, definitivamente só se estivesse muito fora de si para pensar que poderia sentir falta daquela rivalidade.
Estava mais inclinada nesse momento a concordar com o que dissera sua amiga Manu em algum momento: Ela usava Bianca como forma de escapar dos seus próprios problemas, como se colocar um sobre o outro pudesse suprimi-los. É, esse pensamento estava dentro de uma compreensão normal.
— Rafa? Posso entrar? — Escutou Kalliman desde sua cadeira e indicou com a voz que sim, que Jaime passasse.
— A que devo a honra? — Questionou a mulher voltando suas atenções para aquela interação em específico.
— Bem... É um assunto um tanto sério o que venho tratar.... — O coreano fez suspense e, por um momento, a mulher pensou se tratar de uma coisa realmente horrível, no entanto, como era do perfil de Pyong a frase inicial não passou de uma forma de reter a atenção de Rafaella para o assunto que queria de fato abordar.
Depois da negação de Rafaella em autorizar a apresentação de Pyong na reunião de pais por não se tratar de um show de talentos o coreano se pôs a pensar: Então porque não criar um show de talentos na escola? Era uma forma de estimular a arte, promover o trabalho em equipe, a disciplina e ainda poderia ser uma forma de trazer os pais a escola e não pelos motivo de sempre, só para o entretenimento.
Segundo o que o secretário confidenciou o diretor Alexandre não se opôs totalmente, no entanto, ainda sim havia ficado receoso. E esse era o motivo da visita de Pyong, queria saber se Rafaella poderia apoiar a sua iniciativa.
— O chefe disse que se você aceitar presidir eu tenho a autorização — Pediu o homem dos olhos puxados de mãos bem juntas.
— E porque eu? — A mulher quis saber realmente.
— Porque ele disse que não confia em mim para produzir um evento e eu não posso contar com a Manoela porque ela disse que se eu ficar a três metros dela ela vai me transformar em churrasco de coreano porque estraguei sua última oportunidade de performar — Pyong pontuou pesadamente sentindo ainda o arrepio no pescoço causado pelas ameaças vingativas de Maria Manoela.
Rafaella considerou dizer que sim. Num momento como o que estava, querendo uma distração urgentemente pela falta de Bia, realmente pensou em se envolver.
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O Decreto Kalliman
FanfictionSe uma não quisesse as duas não teriam brigado, mais ou menos assim diz o ditado popular e os pais frequentantes da Escola Primária Santa Judith, localizada num bairro nobre do Rio de Janeiro. No entanto, essa não está nem perto de ser a opinião de...