Adhara tinha vários problemas. E todos eles envolviam Kirigan, o General do Segundo Exército de Ravka. Ela já ouviu falar dele, a sua reputação o perseguia.
Ela sempre ouviu que ela era tão belo quanto mortal e impiedoso. Tendo em conta que estava com as mãos amarradas por uma corda, assim como os pés, além da boca amordaçada, Adhara agradeceu por nunca ter questionado se a reputação era real ou inventada por pessoas que odiavam Grishas.
Na verdade, ela tentava pensar o menos possível sobre o exército Grisha. Ela tinha um poder extraordinário nas mãos, correndo em suas veias, quem não desejaria controlar tal poder? Esse mesmo poder que colocava sua irmã em perigo.
Ela não sabia onde estava Kastra. O peito apertava, o ar cada vez mais escasso em seus pulmões, a ideia de ter fracassado com a maior preciosidade que tinha, infiltrou-se na sua mente.
—Deixe-nos a sós. — o comando foi calmo, mas havia um tom sombrio por detrás daquela calma
A calmaria antes da tempestade. Adhara foi capaz de comparar, como uma pessoa que viveu no meio da natureza desde que se recordava. Ela não levantou o olhar em momento algum. Seus olhos focados em seus pulsos amarrados. Elas tentava desfazer as cordas com as unhas, escusado dizer que só ocasionava dor nos dedos, ao invés da liberdade que desejava.
—Olhe para mim. — ele pediu, a voz rouca
Ele não parecia preocupada com o que Adhara poderia dizer a seu respeito, já que tirou a mordaça da boca dela.
Adhara ignorou a ordem dele, no entanto, ainda focada nas cordas. Ela não tinha o que dizer. Ela não era uma espiã Shu a capturar Grishas para os seus experimentos. Ela era uma Grisha também.
Os dedos longos seguraram com cuidado o queixo dela, erguendo-o. Os dois se encararam. Ele era belo, ela jurava que ele era o famoso general Kirigan. Bom, ele também a achou bela. A beleza dela seduzia qualquer tolo desavisado, seria uma boa espiã.
—Diga-me, por que está aqui?
—Eu fui capturada pelos seus soldados. — Adhara inclinou a cabeça, desviando o assunto — Por que outro motivo estaria aqui?
Ela sabia exatamente ao que e se referia, mas quanto mais o atrasasse, melhor para ela.
—Sabe ao que me refiro. — ele continuava calmo, sem expressão no rosto
Adhara também compartilhava uma expressão neutra. De repente Kirigan sorriu, agarrando o braço dela. Adhara arregalou os olhos, uma mão invisível puxando aquela luz brilhante e intensa que ela adorava. Ela tentou puxar para si com toda a sua força, o corpo tremendo antecipadamente. Kirigan puxou ainda mais e foi inevitável a luz. No entanto, foi só um pequeno feixe de luz, já que Adhara colocou o peso para trás, caindo no chão, o movimento brusco afastou os dedos dele do seu braço.
Os dois se encararam. Kirigan com seus olhos tempestuosos mergulhados de fascínio. Havia realmente uma pessoa que invocava o sol, não era mais um dos estúpidos mitos de Ravka. Ravka, como qualquer país tinha a sua cultura. E cultura incluía as crenças e mitos.
—Não sabes o quanto esperei por ti. — acariciou o rosto dela, assim que Adhara conseguiu sentar-se
Ela respirou fundo, ela precisava encontrar Kastra, o mais rápido possível.
—Onde está a minha irmã? — ela perguntou, a voz firme e ameaçadora
—Uma resposta por outra. — Kirigan cortelou, mesmo que quisesse tomar o poder dela para si
E talvez… também quisesse ver mais daquela figura no seu quotidiano. Nenhum ser ousava falar com ele daquela forma, era a morte certa. Mas Adhara era Adhara. Ela tinha a rigidez de um fjerdano e a esperteza de um Shu. E o poder de uma Santa que ainda nem existia, mas já era adorada e clamada pelo povo. Tê-la ao seu lado seria vantajoso.
—Eu não tenho resposta para si. Não sou uma espiã, se é isso que quer saber. — ela informou, olhos semicerrados
Ela era tão impertinente, foi o que Kirigan achou. Mas não era algo que o irritava, não a impertinência. O que lhe irritava era a ameaça clara no olhar dela.
Os dois estavam dentro de uma bolha de ameaças silenciosas e provocações. E ele teve uma súbita vontade de ir mais afundo naquela maré, e encontrar a vulnerabilidade dela. Ela era dura, uma pessoa cuja ruína foi o mundo.
Mas ela não era arruinada, ela era a ruína. Kirigan soube disso assim que seus olhos começaram aquela conversa que só eles entendiam. E Kirigan iria comprovar mais tarde que ela realmente era a ruína.
Mas naquele momento, ele voltou a amordaça-la, quase hesitando quando ela o encarou ferozmente. Mas mesmo assim o fez.
—Voltarei mais tarde. Poderemos conversar se assim for da tua vontade. — havia um venenoso tom de escárnio por detrás daquela cortesia misteriosa
Ela estava amordaçada e amarrada, ela praticamente foi sequestrada pelos homens de Kirigan, ela não tinha direito a nada, muito menos alcance a fazer algo da sua vontade.
Pelo menos, pensou, o feixe de luz foi demasiado fraco para ser visualizado por alguém além de nós.
Mas se ele abrisse aquela boca com os dentes perfeitamente brancos, com a voz atraentemente rouca e revelasse a alguém sobre os poderes, Adhara estaria em lençóis piores do que já estava.
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Quem é vivo sempre
aparece! Mais um capítulo
com a nossa Adhara.Esta é oficialmente
a primeira interação do
Darkling e a Adhara.Deixando claro aqui que,
a relação de Adhara e Darkling será diferente
da Alina e o Darkling.Bjs!
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The Myth Of The Sun Summoner
FanfictionTodos conheciam o mito da Conjuradora do Sol. As duas versões eram bastante conhecidas. A primeira contava que a Conjuradora do Sol já existiu. Que ela era uma bela mulher, qualquer um rendia-se aos seus encantos, até o próprio Herético Negro. Mas...