Alina atirou-se na enorme cama do seu mais novo e enorme quarto. A frustração deixava os seus músculos muito mais tensos que o normal.
Ela sentia-se uma completa farsa. Todos esperavam que ela resolvesse todos os problemas de Ravka só por existir. Ela não havia pedido por aquele poder. Ela não sabia nada sobre aquele poder. Mas, de forma ridiculamente intensa, as expectativas alheias a sufocavam, e ela afundava-se cada vez mais naquela sensação.
O desespero de atender toda aquela expectativa era tão grande, mas ela não acreditava que era capaz.
—Eu já lhe disse para não pensar muito sobre isso. — Adhara repreendeu ao seu lado, as mãos no cabelo de Alina
—Para si é fácil, não és tu que tens essa expectativa de destruir o Sulco em seus ombros. — Alina não queria ser rude com a única pessoa que realmente sabia sobre o seu poder, e a sua dimensão, mas foi inevitável
—Só é um peso porque o permitiste. — Adhara bateu com a mão na testa da mais nova, como se ela houvesse confessado um absurdo — Responsabilidade não é uma obrigação, é uma escolha. Tu escolheste viver na base das expectativas dessas pessoas, Alina.
—Eu não tive opção. Num momento eu era só uma órfã e agora sou um mito, a salvadora de Ravka. — expressou Alina num suspiro
—A tua existência não gira em torno de Ravka. — repreendeu — Tentaram passar-me essa responsabilidade de destruir a Dobra, mas eu já tinha feito a minha escolha.
Aquilo prendeu a atenção de Alina. Adhara não parecia uma pessoa egoísta ao ponto de nunca assumir uma responsabilidade que ela tinha capacidade de fazer.
—O que escolheste? — a voz de Alina tremeu levemente, com receio da resposta
—A minha irmã. E não me arrependo. Escolhas têm o seu preço, Alina. E tu não podes escolher assumir essa responsabilidade, mas rejeitares constantemente esse poder. Simplesmente é conflituoso. Ele é uma parte de ti. — repreendeu Adhara, revirando os belos olhos
Alina mais uma vez, viu-se admirada e até assustada com a beleza da mulher. Ela era tão bela e majestosa. Parecia uma pessoa que sempre sabia o que fazer, em qualquer das decisões. Uma pessoa que faria o que tinha que fazer, não importava as consequências.
—Mas eu mal consigo invocar a luz. — expressou Alina
—É a forma que o estás a fazer. Tu depositas muito esforço. Tu não podes forçar algo teu, quanto mais forças, mais o prendes. Tens que soltá-lo, aceitá-lo. — explicou Adhara, fazendo uma esfera de luz, pequena e brilhante, aquecendo o quarto
Alina levou as mãos à esfera, seduzida pelo brilho, e teve a alegre constatação de que não se havia queimado. Era reconfortante sentir aquele calor na palma da sua mão. Era a sensação de quem usava as suas habilidades.
—Eu aprendi maioria das coisas sozinhas. Começando a invocar a luz. Foi fácil, porque eu aceitei que ele existia. O que te impede de aceitá-lo, Alina?
Alina manteve as mãos em volta da esfera de Adhara, sua mente viajando pelas suas memórias de infância. Ela ao ser testada quando mais nova. O motivo dela ter sabotado o próprio teste era Maly. Foi por ele. Por seu amigo, seu único amigo até então.
De repente, fazia sentido as palavras de Adhara. Elas não eram tão distintas assim. Adhara escolheu a irmã. Ela escolheu Maly. Agora era a vez de escolher aquele poder.
—Desculpa. — Alina fechou os olhos com força, enquanto murmurava a si mesma o pedido de desculpa
Por ter-se prendido e maltratado por tanto tempo. Adhara sorriso, desfazendo a esfera de luz vendo uma nova surgir, criada por Alina.
—Ótimo! Agora podemos começar o trabalho de verdade. — Adhara acariciou o rosto de Alina, com carinho
Alina não sabia dizer naquele momento, mas o facto de Adhara ter insistido com ela, durante horas, foi caloroso. Ela sentia o calor queimar de forma prazerosa as suas veias. Era difícil imaginar-se num futuro próximo sem aquela sensação quente.
Era muito mais simples criar uma esfera de luz. Ela já sabia como aumentar ou diminuir o tamanho delas. A parte mais complicada foi alterar a intensidade da luz, sem alterar o tamanho da esfera.
O seu humor havia melhorado drasticamente. Mesmo que naquele momento, estivesse sozinha no quarto, algumas esferas de luz rodopiavam no ambiente, alegrando seu solitário coração.
Apesar de estar disposta a seguir em frente, parecia cruel fechar aquele capítulo da sua vida, deixando Maly para trás. Mas o que podia fazer? O amigo não respondia as suas cartas, ele abandonou-a primeiro.
Mas ela era sentimental. Os grishas emanavam tanta frieza, pareciam inalcançáveis. Agora ela era uma deles, enquanto era esmagada e sufocada eles continham enormes sorrisos falsos, aplaudindo a sua derrota mesmo que o poder dela os beneficiasse.
—Vejo que conseguiu criar esferas de luz! — a voz de Genya cortou o silêncioso que Adhara deixara
—O treinamento com a Baghra fez-me refletir. Eu compliquei tudo. É tão simples. — Alina sorriu
Não queria tirar o mérito a Baghra que a ajudou, de uma forma muito rude, mas Alina sentia que Adhara era a chave. Desde o momento que descobriu ser grisha, Alina era a única que lhe deu opção de escolha. O Pequeno Palácio era belo e aconchegante, mas ninguém estava disposto a estender a mão, deixar a Starkov escolher.
—Parece feliz. — comentou Genya com um sorriso discreto — É só pelas esferas, ou aconteceu algo a mais?
A Safin queria arrancar informações sobre o General Kirigan, mas a mente de Alina não registou a intenção da pergunta. A Starkov franziu o cenho, negando tranquilamente com a cabeça.
—Sendo assim, o General Kirigan está à sua espera para montarem.
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Quem é vivo sempre aparece!Duas coisas:
Primeiro, para melhor
encaixe do roteiro, algumas cenas da série serão modificadas, como puderam ver. Eu achei muito mais profundo a Alina conseguir acessar às suas habilidades graças a uma conversa com a Adhara. E o paralelo da Adhara com a Kastra e a Alina com o Maly é importante.
Eu sei que o relacionamento da Adhara e Kastra é simplesmente outro nível, mas o Maly influenciou no que a Alina é hoje.Segundo, quero arranjar um dia fixo para as atualizações. Então vocês escolhem entre as opções embaixo. Comentem no dia que quiserem.
━Segunda
━Quarta
━Quinta
━Sexta.
Bjs, até próxima semana.
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The Myth Of The Sun Summoner
FanficTodos conheciam o mito da Conjuradora do Sol. As duas versões eram bastante conhecidas. A primeira contava que a Conjuradora do Sol já existiu. Que ela era uma bela mulher, qualquer um rendia-se aos seus encantos, até o próprio Herético Negro. Mas...