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Adhara torceu os lábios, montando o cavalo

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Adhara torceu os lábios, montando o cavalo. Seu cabelo preso numa trança, o arco e a bolsa com flechas em suas costas. Ela passou a palma da mão direita pela crina branca do cavalo, esperando Kirigan.

Eles estavam a aprender a conviver. Entre farpas afiadas e momentos carregados de atração subentendida, eles realmente pareciam um casal ao olhar de muitos. Mesmo ninguém para além de Ivan e Baghra saberem quem realmente era Adhara.

Aleksander devia tê-lo tornado público, mas a atração o tornou egoísta o suficiente para não expor a Shu. As críticas pingavam sorrateiramente, como veneno. Ela ser uma Shu era inadmissível, mas ninguém ousou se opor ao General.

Adhara reparava no desgosto cintilando no olhos de Ivan, então fazia questão de manter-se perto de Kirigan, só por provocação e satisfação. Ela não sabia de onde vinha aquela ousadia toda, mas ela não conseguia baixar a cabeça para ninguém. Qualidade de uma rainha, Aleksander sempre dizia.

Os dois cavalgaram em silêncio, o orgulho de Adhara não a permitindo falar com ele. Tinha medo que ele falasse e ela fosse arrastada pela voz dele até o fundo de seus desejos.

Kirigan puxou as rédeas do cavalo, e o animal abrandou, Adhara fez o mesmo, confusa. Seu rosto com uma máscara neutra que fez Kirigan rir.

Ela franziu o cenho, descendo do dorso do belo animal, amarrando as rédeas a um ramo. Kirigan fez o mesmo, passando a mão pela pelagem castanha e bem escovada.

—Sempre tão fria. — ele se aproximou de Adhara, acariciando o seu rosto

Ela não recuou, seu orgulho novamente não a permitiu. Talvez se ela tivesse recuado, nada teria acontecido naquele dia.

—Só não acho que mereces o meu lado caloroso. — ela deu de ombros, desviando o olhar

Kirigan aproximou-se ainda mais, Adhara piscou freneticamente os olhos, desconfiada e desconcentrada com a aproximação. A vontade súbita de o beijar mergulhando em sua mente. Ela franziu o cenho, achando o desejo um absurdo. Aleksander viu a dúvida no olhar dela, e sorriu. Era agora ou nunca. Ele encostou seus lábios nos dela, as mãos de Adhara foram de encontro ao seu peito. Ele esperou que ela empurasse, mas nada aconteceu.

As mãos de Adhara pareciam fantasmas, sem força sequer para o empurrar. Sua mente travou, a única coisa que circulava era ele. Ela afastou-se, sem reação, lábios entreabertos e ofegante. Kirigan olhou para ela, admirando os lábios inchados.

—Porquê? — saiu de forma rouca, por conta da falta de ar, a confusão nítida

Ela estava indefesa, foi desarmada por um único beijo. Aquele foi o primeiro beijo de Adhara, foi com ele. A pessoa que Adhara passou as últimas semanas a lançar palavras venenosas, a beijou como se ela fosse especial. Era tão confuso, ela já não sabia onde os sentimentos diplomáticos dele terminavam e os reais começavam. Ele tinha séculos de vida, teve tempo de sobra para aprender a sensiblizar pessoas, mexer com os sentimentos e a mente delas.

—Por que não? — ele rebateu com outra pergunta, aproximando-se ainda mais dela

Corpos colados, a boca dele no pescoço dela, as mãos dela abertaram o kefta dele, nervosa. Ele nunca a tinha visto expressar tantos sentimentos como agora. Confusão, nervosismo, desejo...era demais para ele suportar.

Ele queria ser o causador de desejos dela. Ele queria ser a única pessoa que viria Adhara sendo vulnerável.

—Eu desejo isso a muito tempo, tu também. Então, por que não? — ele repetiu, Adhara engoliu seco, arrepiada pelo sussuro vindo ao lado do seu pescoço

Ele beijou suavemente, e mordiscou o pescoço dela antes de voltar a olhá-la. Ele afastou a mecha solta da trança e voltou a beija-la. Ela não sabia o que fazer, então ele conduziu aquela batalha que suas línguas travavam. Os dedos delas apertaram ainda mais o kefta dele, e ela sabia que os dedos estariam vermelhos, mas estava demasiado perdida nele para se preocupar com aquele insignificante promenor.

Insignificante...tudo pareceu insignificante naquele momento. As dúvidas e desconfianças sobre o carácter de Aleksander foram atiradas para longe assim com as vestes deles.

Se lhe fosse questionada como ocorreu, Adhara jamais saberia explicar. Sua mente nunca registou os acontecimentos em si, só a sensação.

Ela amarrou o laço do vestido, em silêncio, logo sentou-se na terra húmida. Sua pele formigava e suas pernas pareciam gelatinas. O kefta preto de Aleksander estava estendido no solo, como uma manta. Ela corou, ao lembrar o motivo de estar ali estendido.

Aleksander tirou uma folha seca do cabelo dela, mas não se pronunciou. Nenhum deles queria falar, estragar aquele momento. Eles eventualmente voltariam para aquela farsa que era o noivado deles, ela a pensar numa forma de fugir, ele a pensar numa forma de controlar o poder dela.

Eles sabiam, o coração jamais deve ser um empecilho nos objetivos de ambos.

Adhara fechou os olhos, os dedos brincando com a terra. A culpa pesava em seus ombros, a fazendo curvar levemente para a frente. Ele era responsável por seu sequestro. Ele a fez de prisioneira com a desculpa de um casamento.

Ela sentia-se estúpida por ter cedido com um simples beijo. Ela sabia mais do que ninguém que sentimentos eram a ruína de muitos, eram a ruína dela, e mesmo assim mergulhou neles.

Ela suspirou, encostando-se ao tronco de uma árvore, olhando para o sol que coloria em tons de laranja o sol. A calmaria antes da tempestade.

—Adhara...— Aleksander sentou-se a frente dela

Era uma das poucas vezes que ele parecia humano, não era General Kirigan, nem Darkling ali sentado. Era Aleksander, o único lado genuinamente humano que ele tinha, era isso que Adhara acreditava.

—Eu sei que ainda desconfias de mim, das minhas intenções. Mas não te preocupes, eu irei ensinar-te a amar-me. Custe o tempo que custar. — havia uma promessa palpável nas suas palavras

A determinação fez o corpo de Adhara arrepiar, fechando os olhos, preocupação. Ela deu muita abertura para ele. Ela entregou seu corpo a ele por instantes de prazer. E ouvi-lo proferir essa promessa a fez perceber a enorme asneira que fizera.

Era tarde demais, o sol se punha, o coração dela chorava, ela sabia o que era questão de tempo até um deles morrer. Ela morrer! Por que pessoas como Aleksander amavam de forma intensamente destrutiva. Ela se viu desmoronar por um simples beijo, suas barreiras destruídas.

E naquela noite, ela teria o seu coração despedaçado. Num futuro distante, ela voltaria com cede de vingança por todas as lágrimas derramadas, mas naquele momento, ela não passava de uma jovem mulher perdida nos encantos de Aleksander.

Ela não passava de uma mulher que abriu seu coração pela primeira e última vez.

The Myth Of The Sun SummonerOnde histórias criam vida. Descubra agora