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Adhara passou os dedos pelos fios de cabelo

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Adhara passou os dedos pelos fios de cabelo. Ela precisava tirar Alina dali. Pelo menos, avisá-la.

Sua presença era sentida pelo quarto de Darkling, apesar de ignorada. Alina e Darkling acreditavam que aquele calor era de Alina, pelo beijo apaixonado que partilhavam.

A Shu mais velha esperou pacientemente, não sentindo nem ao menos ciúmes. Ela não conseguia sentir nada para além do gosto da vitória em seu paladar. Só alguns dias e teria a sua almejada vingança. Começando naquele dia.

A morte de Marie foi muito mais conveniente do que Adhara queria pensar. Pobre moça, morreu para que Alina tivesse a salvo.

Adhara logo esqueceu isso. Marie fez a sua própria escolha ao aceitar passar-se por Alina. Ela sabia que podia ser o seu fim, e mesmo assim aceitou.

Toda a escolha tem a sua consequência.

-Temos que sair daqui! - Adhara apareceu de repente, trajando um vestido branco, rasgado e sujo

Foi a primeira vez que Alina a viu tão destruída. Veias amarelas pintavam seu corpo, como um lembrete constante do que fez. Seu cabelo estava despenteado, e Alina via até uma mancha seca de sangue no vestido.

-Adhara o que...

-Rapariga tola! Não temos tempo a perder. - Alina recuou um passo com o tom duro

-O que pensas que estás a fazer?

-Estamos a salvar-te de passares o resto da vida como escrava do Kirigan. - Adhara revirou os olhos

Baghra segurava uma vela, iluminando o túnel escuro em que entraram.

-Escrava? Isso não faz sentido! - Alina arfou seguindo as duas - Seja o que for, é melhor voltar para o Alek...para o General Kirigan. Ele pode ajudar.

-Estamos a salvar-te do Aleksander. - Baghra disse - Ele pretende expandir o Sulco e usá-lo como arma. Foi por isso que o criou, para começar.

-O Herético Negro criou o Sulco. - Alina estava em negação - Há séculos, e foi um erro. O calor da cabana deixou-a confusa.

-A minha morte foi muito esclarecedora Alina. Eu sei todos os planos de Aleksander, nenhuma paixão será o suficiente para ele desistir de ser rei. É isso que homens como ele querem, poder. - Adhara declarou

-Ele quer que eu treine e fique mais forte!

-Quer? Ou quer distrair-te com sonhos de um futuro com ele? Que dependas dele, das luvas do Fabrikante dele? - Baghra questionou

A confiança de Alina esvaziando-se cada vez mais. Realmente Baghra e Adhara estariam certas?

-Criança, o Aleksander é o Herético Negro. - Baghra disse o facto real - Escondeu-se atrás de um nome nobre após criar o Sulco.

-Está a mentir. - Alina não queria acreditar

O homem que ela a minutos atrás beijou de alma e coração não podia ser tão sombrio.

-Eu morri por conta dele, Alina. Eu passei séculos sem sentir o sol em mim. Vagando nas sombras, sem ninguém para falar, só observando. Eu perdi a companhia da minha irmã, a minha vida, a minha humanidade, a minha sanidade. Por conta dele. - Adhara fez uma esfera de luz, anexando atacar Alina - Eu avisei-te para não caíres nos encantos dele. Se eu tiver que matar-te para impedi-lo, acredita, eu o farei. Eu perdi minha vida para que tu pudesses existir, não será problema algum matar-te para que Aleksander não triunfe novamente.

Baghra segurou o braço de Adhara, e a esfera desfez-se. Alina estava assustada, a mulher bela que ela invejou em vários momentos e até viu como uma figura materna seria capaz de mata-la, sem arrependimentos.

-Olha para mim. - Baghra anunciou fazendo um movimento de mãos, a escuridão tomando o túnel

-Consegue... só a linhagem do Kirigan... - houve um pesado silêncio antes de Alina finalmente entender o óbvio - É a mãe dele.

-Meu filho tentou criar o próprio exército com Merzost. Não pensou nas pessoas que lá viviam, o que tanto poder lhes faria. Transformou-as nos monstros que te atacaram.

-Os volcra são homens? - os olhos dela brilhavam pelas lágrimas

A dor da traição. Adhara conhecia bem esse sentimento. Ser enganada por alguém que amava.

-E mulheres. Crianças. Avisei-o de que haveria um preço.

-Isso foi há séculos! - as três mulheres prosseguiram o seu caminho

- Antes de eu nascer o Sulco já existia. - Adhara comentou - Ele contou-me a mesma história do Herético Negro. Ele ameaçou-me através da minha irmã. Ele tornou-me sua noiva, como forma de garantir que eu estaria presa a ele. Ele confessou que queria ser rei, expandir o Sulco a seu favor. E quando eu virei-me, ele não pensou duas vezes em lançar um Corte contra mim. Eu morri neste estado, Alina. Com esta roupa idiota manchada do sangue, da ferida que ele abriu em mim. - Adhara contou com rancor - Ele não mudou.

-Ele já teve muito nomes, serviu muitos reis, fingiu inúmeras mortes, à tua espera, já que com Adhara não funcionou. - explicou Baghra - Contigo às ordens dele, entrará no Sulco e torná-lo-á numa arma. Será imparável.

-Ele disse que queria unificar o país.

-Ele teve séculos para aprender a enganar raparigas ingénuas. Disse-te que se sentia só? Que era um rapazinho ferido? Pois de rapazinho ele não tem nada. Ele é eterno. Nunca tiveste hipótese. - Baghra olhou para Adhara e Alina também percebeu

Ele esperou por ela porque Adhara já não estava lá. Kirigan desejava Adhara, não ela. E isso também doeu. E mesmo que involuntariamente, sentiu-se também atraiçoada por Adhara.

-Achavas que se tratava só de ti? Ele obcecado por poder, com caçar todas ss criaturas de Morozova. Quase lhe entregaste o veado. Estou a dizer-te que tens de esconder-te.

-Não o ajudarei. Resistirei. - Alina estava com raiva, sentia as palmas das mãos quentes

-Não tens força para o enfrentar. Achei ter mais tempo para preparar-te, mas vai ter que esperar.

Baghra explicou o percurso a ser seguido, Alina e Adhara continuram sem a mais velha.

-Quando pensavas em contar-me que eram noivos? - Alina questionou

-O noivado era uma farsa, uma aliança. - Adhara criou uma esfera de luz - Ele mudou de estratégia contigo. És uma jovem ingénua e carente por atenção, foi só choramingar e passar-se por um jovem também solitário e ferido que o aceitaste, esquecendo do meu aviso. - Adhara debochou - Ninguém chega ao poder com o coração mole, Alina.

-Ele fez o mesmo contigo, conquistou-te. Eras apaixonado por ele. - havia certeza nas palavras dela - Por isso esse ódio todo.

-O passado não importa agora, Alina. - Adhara parou os passos - Eu vou mata-lo, com as minhas próprias mãos, e depois eu poderei finalmente partir. - olhou para as veias douradas - É muito mais que um simples coração partido.

Alina encarou Adhara, o mesmo olhar sombrio que Kirigan carregava. Num movimento ousado, Alina atirou uma esfera de luz na Adhara, que desapareceu.

Ela tinha minutos até Adhara aparecer novamente.

Segundos depois Adhara apareceu no mesmo lugar e deu uma risada baixa.

-Criança tola, acha mesmo que pode atacar uma pessoas morta.

Adhara não se importou muito com Alina e sua luta interna. Nada estava entre ela a Kirigan.

E ela esperou tanto por aquele momento.

The Myth Of The Sun SummonerOnde histórias criam vida. Descubra agora