* Capítulo 4

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Sentei em uma das várias mesas vazias da biblioteca e abri meus livros para aproveitar o tempo livre lendo um pouco, já que as provas se aproximam. Tenho tido muito pouco tempo dedicado aos estudos e isso pode me prejudicar, por isso mudei minha tática de estudo, aproveitando o tempo livre na universidade para fazê-lo.

_ Posso?_ Falou uma voz masculina e eu tirei meus olhos dos livros para ver quem é_ Claro, se não for um incómodo!_ Falou sorrindo leve.

Era o Tiago, somos colegas de turma, falamos algumas poucas vezes, na verdade somente quando calhassemos no mesmo grupo de trabalho e pesquisa. Alto, corpo bem avantajado mostrando os seus treinos, lindo, olhos castanhos, barba bem aparada e moreno.

_ Pode sim, á vontade!_ Falei por educação pois eu queria mesmo é estar sozinha.

Voltei a minha atenção para os livros e ele puxou a cadeira se sentando, abriu seus livros e logo começou a ler. A cada página que eu virasse, ele olhava para mim e isso estava me incomodando, tirou chocolate da sua mochila e o abriu.

_ Podemos partilhar se quiseres!_ Falou simpático e eu Suspirei.

_ Eu não gosto muito de doces!_ Falei sem tirar a atenção dos livros.

O silêncio voltou, mas ele ainda assim não tirava sua atenção de mim. Meu celular apitou e eu larguei a esferográfica o pegando, haviam várias notificações, mas somente uma chamou a minha atenção.

| Mensagem on:

Desconhecido: Quero encontrá-la hoje á noite, na boate xxx, às 10:00hrs.

Julianna: Estarei lá.

| Mensagem off...

Era mais um homem diferente, louco para ter uma noite com quem julgam ser somente mais uma em sua cama. Passei a mão em meu cabelo e joguei meu celular na bolsa, olhei o horário no meu relógio de pulso e decidi voltar para casa a fim de descansar para mais tarde.

_ Você é sempre muito...reservada?_ Falou Tiago me fazendo olha-lo.

_ Isso incomoda você?_ Perguntei voltando a arrumar meus livros e ele coçou a nuca sem jeito_ Pode falar, eu não mordo!_ Falei simples.

_ Não...na verdade eu aprecio esse seu jeitinho!_ Falou e eu o olhei sem expressar qualquer emoção_ Você aparenta ser bem forte, mas seus olhos falam o contrário, eu consigo ver que está um pouco perdida e..._ Falava e eu o cortei.

_ Olhe, eu realmente tenho que ir..._ Falei já me pondo em pé_ Nos vemos amanhã, bom estudo!_ Falei e ele assentiu ainda me olhando confuso.

Saí andando tão depressa como quem foge de um monstro. Mal pisei meus pés no lado de fora, inspirei o máximo de ar possível tentando manter a calma, como ele pôde ser tão invasivo? Abri meu carro e subi no mesmo, liguei e rapidamente dei partida.
Abri o porta luvas e com certa habilidade peguei um cigarro e o acendi tragando, abri as janelas do carro e prestei atenção no trânsito.

_ Merda!_ Falei limpando rapidamente a lágrima que caiu tão de repente.

Eu odeio me sentir assim, triste, tão sem rumo, imprestável, sem valor, meu peito dói, sorrir para mim se torna cada vez mais difícil, me sinto amarga e isso dói demais. Quando me dei conta estava chorando de novo e as imagens do meu tio me agarrando voltaram a ocupar espaço da minha memória recente.

O  passado não ficaOnde histórias criam vida. Descubra agora