* Capítulo 14

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Sabe quando você sabe que a sua vida vai de mal a pior, que nada vai melhorar para você, que o fundo do poço é o seu destino, que a sua vida não faz sentido, que tudo é uma merda e você quer sumir para sempre? Pois bem, eu sei de tudo isso e agora mais ainda, já não haviam lágrimas para chorar, eu só estava com dores no corpo, na alma, estava a beira de um precipício prestes a me jogar nele de tantas desilusões, esta é a Julianna de verdade, não é mesmo? Sou eu.

Por mais que eu tente, por mais que eu me esforço, meu passado não fica para trás, minha mente vem desfalecendo faz tempo, quase em estado de coma e ainda não me esqueço do que passei e estou passando.
Limpei meu rosto com as mãos e com um mero esforço me levantei da cama, andei até o grande espelho do meus quarto e deixei cair a toalha em meu corpo, vendo claramente os danos das milhares de cintadas que Tomei dele, eu sabia que não fiz nada para merece-las, mas fazer o quê? Quando meu tio decidiu destruir minha vida me estuprando eu também não tinha feito nada, nunca haverá um motivo para sofrer tanto, eu acho.

Meu celular começou a tocar e eu olhei para o criado mudo onde se encontrava, lentamente andei até lá e o peguei, era a minha mãe e não devia preocupa-la de novo.

| Ligação on:

_ Filha, que bom que atendeu, como você está?

_ Oi mãe...eu...eu estou bem... aconteceu alguma coisa?

_ Não querida, liguei apenas para lhe recordar que seu pai vai fazer aniversário na quarta e combinamos todos de ir ao restaurante favorito dele, aquele de sempre.

_ Que ótimo...ele merece!

_ Você vem né? Por favor, não falte, querida!

_ Claro que vou, pode deixar... mãe, agora tenho que desligar, depois ligo para você, está bem?

_ Filha, sua voz está estranha, Você está mesmo bem, querida?

_ Eu estou mãe, só devo estar pegando uma gripe, mas não se preocupa.

_ Tá bom, beijos, te amo!

| Ligação off...

Larguei o celular e andei até o closet onde peguei uma roupa leve e vesti. Rodrigo saiu irado depois do que me fez, talvez tenha ido espairecer para longe e eu nem ligo. Saí do quarto andando lentamente, e cheguei até a varanda passando a sala, fiquei olhando para baixo e realmente era muito alto.

O som da cidade estava me incomodando, carros passando, pessoas falando, a brisa fresca, árvore indo ao ritmo do vento, segurei o parapeito e fiquei olhando para baixo, pensando em como doeria menos se me jogasse, em como não sofreria tanto.

Lágrimas grossas começaram a cair no silêncio da minha alma, com meus pés descalços, eu me pendurei no parapeito sentando com as pernas para fora, algumas pessoas que passavam logo deram conta e começaram a gritar para não fazê-lo, outras desesperadas, vi o Pedro, o porteiro vir ver e o mesmo ficou apavorado ao perceber que era eu, voltou a entrar.

_ Desce daí moça, não faz isso, desce por favor!_ Gritou um senhor de Idade e minhas lágrimas só caiam.

_ Ela vai se matar, façam alguma coisa!_ Falou uma mulher temendo.

O  passado não ficaOnde histórias criam vida. Descubra agora