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Eu estava com medo de abrir os olhos e vê-lo aí, em pé, me esperando e desejando me tocar de novo, eu estava com medo de toda a minha luta para me livrar dele ter sido em vão e com isso mais uma derrota, mais uma vergonha e mais uma culpa para carregar nas costas, como um fardo muito pesado.
Senti mãos macias passar em meu rosto e logo depois cafuné em meus cabelos, podiam se passar anos e ainda assim reconheceria o toque solene da minha mãe, aos poucos fui ouvindo ruídos externos e o silêncio desapareceu, fui abrindo meus olhos com cuidado e uma imagem turva surgiu.
_ Minha filha, meu anjo, Você acordou, graças a Deus!_ Falou minha mãe e eu voltei a fechar os olhos.
Estavam pesados, mas ainda assim eu precisava olhar para o rosto angelical da minha mãe, ela me acalmava e me deva muita segurança, eu ainda estava com medo e por isso vê-la ali, era maravilhoso.
_ Mãe?_ Falei num fio de voz e ela sorriu beijando minha testa e uma gota molhou meu rosto_ Não chore, eu estou bem!_ Falei e tentei sorrir mesmo que fraca.
Aos poucos a visão foi se adaptando e eu já via tudo bem nítido, mas um desconforto, na região abdominal, um peso ligeiro, quando me mexi, quase me confirmei por isso, pois a dor era horrível, minha expressão logo mudou para dor.
_ Calma filha, você não pode fazer esforço, vou chamar a enfermeira!_ Falou me olhando com carinho.
Ela mencionou sair, mas eu segurei sua mão com urgência, minha boca estava seca, ainda sentia meu corpo pesado, minha mente vagava em pensamentos e uma dor de cabeça surgiu.
_ Espera, não vai, fica um pouco mais!_ Falei manhosa e ela sorriu acariciando meu rosto.
_ Mas e a sua dor?_ Perguntou.
_ Eu suporto..._ Falei e ela me olhou tristonha_ Me dê água, por favor, estou com sede!_ Falei e ela logo correu para pegar.
Ela andou até a mesinha e despejou a água da jarra no copo, veio até mim e levantou um pouco minha cabeça, inclinou o copo e me deu até que fizesse um sinal que chega. Voltou o copo sobre a mesa e veio até mim me olhando preocupada.
_ Eu quase morri quando recebi a notícia do seu tio, porquê fez isso? Você podia estar morta agora!_ falou e eu logo me lembrei do que aconteceu e uma vontade enorme de chorar surgiu.
_ Eu estava assustada, mãe, me desculpe!_ Falei embargada e ela limpou minhas lágrimas beijando minhas bochechas_ Eu não podia viver aquilo de novo, não mesmo!_ Falei e ela me olhou confusa.
Ela andou até a porta e verificou se tinha alguém, logo voltou e se sentou na maca com cuidado segurando minhas mãos. Seus olhos presos aos meus me deixaram tensa, pois sabia que daí viriam mais perguntas.
_ Filha, eu não falei nada até agora, mas algo está martelando minha cabeça..._ Falou e eu engoli a seco_ O...o seu tio...ele fez alguma coisa com você? Foi ele que te machucou? _ Falou e meu coração acelerou.
Suas palavras faziam eco em minha cabeça, do mesmo jeito que uma voz interior dizia que era a hora de me livrar desse peso que carrega há anos em minhas costas, mas eu tinha vergonha, medo, eu estava me sentindo culpada, muito culpada, e não queria que a minha mãe se decepcionasse comigo.
_ Eu vejo o medo em seus olhos, a tristeza, a raiva e ódio, toda vez que ele se aproxima ou está presente, eu vejo isso há anos e não consigo ter a certeza da minha intuição de mãe, porque você não me diz nada!_ Falou e eu a olhei vendo as lágrimas correrem de seus olhos_ Agora isso...o que ele estaria fazendo em seu apartamento? Por que razão você pegaria em uma faca e cravaria em si mesma? Porquê?_ Falou como se implorasse e eu chorava baixinho.
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O passado não fica
Teen FictionJulianna tinha quatorze (14) anos quando foi deixada na casa de seus tios pelos pais para passar o final de semana, não era inocente, mas não merecia ter um dia tão mal corrido. Seis anos se passaram e sim, ela é a prova de que o passado não fica, t...