* Capítulo 20

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POV. Rodrigo

Foram anos tentando se recuperar de uma perda, eu cresci em um ambiente familiar muito tradicional, tradicional até demais, onde havia uma criança, um pai e uma mãe, havia também a casa dos avós aonde eu ia passear quase sempre, porém, o que era ainda mais comum de uma família puramente tradicional, movida a mente retrógada, era que o pai podia colocar a ordem em casa sem ser questionado, ele manda e desmanda, a mãe tinha o dever de fazer os filhos entender isso, chamando-se assim educação, se ela falhasse em alguma coisa servia de exemplo para os filhos e meu pai a batia.

Sempre presenciei várias violência entre os dois, verbais, físicas, psicológicas, eu num canto escondido esperando minha mãe ficar sozinha para consola-la, ela dizia sempre que era para o seu bem e que precisava ser mais obediente daqui pra frente, eu vi minha mãe morrer aos poucos de tanta dor e sofrimento, e ouvia também minha avó paterna dizer-lhe que a vida de casados era assim e que você tinha que suportar ou seu filho viverá ao Deus dará sem uma família.

Foram tempos duros eu diria, pois quando cheguei na adolescência meu pai cismou que queria me transformar num homem tal como ele e foi me ensinando que mulheres devem ser domadas e não devemos deixá-las tomarem conta da nossa vida, que o dever delas era obedecer e viver a mercê do homem que as possui porque esse é o destino delas, e fui crescendo dessa maneira.

Na escola eu era o durão e elas adoravam isso, tive várias namoradas e todas elas desistiam de mim porque batia nelas, mas elas sempre estiveram erradas e eu só quis reeduca-las. Um tempo Depois minha mãe se foi e tudo ficou mais difícil, nessa época eu me senti perdido, pois apesar de eu ser duro com as outras mulheres, ela era minha princesinha linda, ela e a minha avó que hoje eu cuido.

Lembro do meu pai me bater por estar chorando em seu funeral e dizer que homem nenhum deve chorar. Um tempo depois, eu já com dezoito anos ele finalmente me mostrou seu império, nunca ninguém soube e eu pude partilhar desse momento. Ele fazia venda de drogas e tinha boates, daí se explicou a sua demora para voltar em casa e agonia da minha mãe o esperando pela madrugada á fora.

Quando ele se foi eu fiquei responsável por todos os seus negócios e até hoje aqui estou. Ao longo desse tempo eu conheci várias mulheres, continuo conhecendo, mas não sabia que um simples site, de uma simples mulher, ia mexer tanto com o meu emocional, Julianna me cativa como também desperta em mim o homem machista e frio que sou por sua independência, a maneira como as vezes me enfrenta, eu gosto e odeio ao mesmo tempo e saio do sério.

Não sou de me apegar, mas o facto de saber que ela tem na mão vários homens, sendo que eu a quero somente para mim, faz de mim possessivo, controlador, meramente agressivo, não que eu goste tanto dela, mas é ela que eu anseio, é tudo muito confuso para mim agora.

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Parei o carro de frente ao prédio e logo desci, andei até o saguão e como sempre ia passar reto pelo porteiro que também não suporto, em direção ao seu apartamento, mas ele fez questão de me impedir.

_ Ela não está!_ Falou firme e eu revirei os olhos.

_ Vou esperar, como sempre faço!_ Falei e voltei a apertar no botão para o elevador

_ Ela não vai voltar tão cedo!_ Falou e eu bufei me virando para ele nervoso.

_ Porquê não vai trabalhar e me deixa em paz? Virou guarda costas dela agora?_ Falei alterado.

O  passado não ficaOnde histórias criam vida. Descubra agora