13. As ameaças

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MAIO DE 1833,

"NÃO DAREI O QUE ELES QUEREM."

Três dias depois do baile à fantasia da princesa, Sarah ainda pegava-se revivendo aquele momento no quarto de Simon. Tudo aquilo estava muito errado, Sarah sabia que aquilo poderia arruinar todos os seus sonhos, mas não conseguia parar de pensar nas mãos dele no seu corpo e nos lábios dele contra os seus, era como um vício e ela não sabia o que fazer para apaziguar aquele desejo incessante que ela sentia quando estava perto dele, bastava o cheiro do perfume de Simon chegar a ela e seu corpo entrava em um modo de controle pelo desejo que a impedia de pensar racionalmente. Os dois não tinham falado sobre aquilo, mal tinham conversado a não ser que não fosse sobre suas aulas, e ela estava feliz com isso, mas decepcionada ao mesmo tempo.

Agora a Universidade Real estava se parecendo mais com o que Sarah imaginou que seria. Depois da divulgação das notas daquela avaliação do reitor e de Sarah ter ido muito melhor do que muitos da classe – inclusive dois alunos foram mandados embora depois de ter nota baixa –, os colegas de classe de Sarah tinham decidido finalmente tornar a vida dela um inferno e ela estava se estressando com isso. Na segunda-feira, logo após a divulgação das notas, alguns dos seus colegas de turma começaram a se colocar na frente dela e outros a colidirem com ela pelos corredores para derrubar seus materiais, coisas pequenas, mas que a deixavam irritada e que a fizera brigar com um deles.

As coisas também não estavam melhores do lado de fora da Universidade Real. Alguns grupos estavam começando revoltas e protestos depois do anúncio da princesa no baile e um pedido para destronar a princesa estava correndo na Câmara dos Lordes. Sarah supunha que esse era o motivo de Simon estar distante e calado.

Na manhã de terça-feira, Sarah tinha encontrado Mattew na esquina da Escola de Medicina e os dois seguiram juntos para o café onde costumavam se encontrar todas as manhãs, na outra esquina. Simon estava lá, esperando por eles enquanto lia um jornal, e Sarah sentiu aqueles malditos sintomas que vinham agravando-se dentro dela. Aumento de frequência cardíaca, calor, sudorese nas palmas das mãos e uma dificuldade enervante de desviar o olhar dele vestido naqueles trajes casuais que pareciam ficar tão bem nele. Ah, e ela não podia esquecer-se do perfume, aquele perfume que fazia ela ter vontade de encontrar um quarto escuro e voltar a fazer aquilo que começaram no quarto dele depois do baile.

Sarah mentia para ele e para si mesma ao dizer que aquilo não significava nada e que era fácil fingir que nunca tinha acontecido, mas ela estava se enganado. Aquilo tinha significado muito para ela, mas não havia outra opção a não ser negar, porque, se aquilo significasse tanto para ele quanto significava para ela, seus sonhos corriam perigo.

Os três seguiram juntos para a ERM e o professor já havia chegado quando eles entraram. Um silêncio caiu sobre o auditório conforme Sarah subia os degraus e ela notou alguns rapazes observando-a, mas aquilo era normal. O que não era normal naquela situação era a trouxa de roupas que estava sobre o seu assento, com um bilhete sobre ela.

Sarah deixou seus materiais sobre a mesa e pegou aquele bilhete, já com raiva. Ela leu as palavras e sua raiva dobrou de tamanho.

"Lugar de mulheres é em casa, cumprindo suas funções. Não poderá assistir às aulas até que suas funções domésticas estejam cumpridas. Comece lavando as roupas."

Ao lado se Sarah, Simon e Mattew tentavam ler o bilhete enquanto alguns outros rapazes riam. Sarah percorreu a sala com o olhar e viu que o Sr. August, o professor do primeiro dia de aula e o que a tinha recebido melhor entre todos os professores, subia os degraus com uma expressão severa, ele tomou o bilhete da mão de Sarah e leu, olhando com repreensão para a turma.

Os sintomas do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora