26. A decisão

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JULHO DE 1833,

"VOCÊ NUNCA ME QUIS."

Quando a carruagem parou em frente da casa deles, Simon tinha descido rapidamente e mal olhara para Sarah enquanto a ajudava a descer. Ela tinha muito a dizer, estava ansiosa demais e aliviada de vê-lo inteiro e de volta para ela, mas Sarah sabia que Simon provavelmente estava cansado depois de tudo que ele passou e que aquele não era um bom momento ainda.

Ele tinha entrado em casa sem dizer uma palavra e pediu que as criadas preparassem algo para ele comer e um banho. Sarah ficara apenas observando-o enquanto ele fazia isso, grata por ele estar de volta em casa e bem. Ele entrara no banheiro anexo ao quarto dos dois e Sarah ficou parada no quarto, depois começou a andar de um lado para o outro enquanto seus pensamentos rodavam, sua visão parecia turva e ela se sentia cada vez mais tensa.

Os sintomas estavam se repetindo, mas dessa vez Sarah já tinha um diagnóstico, já o tinha aceitado e só precisava dar a notícia ao seu marido. Era isso que esposas faziam quando tinham uma doença, não era? Davam a notícia aos seus maridos e eles as ajudavam a enfrentar aquilo, e Sarah precisava dele para enfrentar aquilo.

Simon saiu do banheiro, os cabelos molhados e a expressão cansada. Ela não podia mais esperar para dizer aquilo. Sarah parou de andar e olhou para ele, que a olhava de um jeito inexpressivo.

- Nós precisamos conversar. – Disse ela. A hesitação a consumindo.

- Sim, precisamos. – Simon concordou. – Mas pode ficar para depois, eu não tenho cabeça para isso nesse momento.

Um suspiro escapou de Sarah.

- Por favor. – Pediu ela. – Eu tenho algo muito importante a dizer.

Simon apenas a encarou por um momento, parecendo hesitar.

- Tudo bem. – Falou ele. – Eu também tenho algo a dizer.

O peito de Sarah estava apertado e ela percebeu que prendia a respiração, não conseguia encher os pulmões.

- Sério? – Indagou ela, surpresa. – O que tem a dizer?

Simon caminhou até a cama e sentou-se na beirada dela, então passou a mão pelo rosto e pelos cabelos molhados, como se tentasse clarear os pensamentos.

- Eu tomei uma decisão depois da nossa última conversa e de tudo que eu passei. – Falou ele, a voz saindo baixa, mas totalmente decidida. O peito de Sarah apertou mais ainda. – Você com certeza vai concordar com o que decidi.

- E o que seria isso? – Sarah sentou-se ao lado dele na beirada da cama. Tudo que Simon tinha de decisão e irrevogabilidade na voz, Sarah tinha de hesitação.

- Vou me mudar. – Falou ele e Sarah sentiu como se uma peça de louça caísse e se espatifasse em mil pedaços no chão, mas era o seu coração que se quebrava e não um prato ou um vaso. – Estou pensando... na verdade, estou decidido a pedir transferência para outra universidade, em outro país. Vou tentar uma das novas universidades nas colônias inglesas, mas, se não for aceito, vou tentar em Portugal ou algum outro país.

Sarah olhou para ele, encontrou o olhar de Simon, mas só havia resignação ali. Ela não tinha palavras.

- Mas... – Sarah tentou falar, mas não saía nada.

- Você continuará sendo casada comigo e tendo tudo que eu lhe prometi quando nos casamos, mas eu vou me afastar. – Prosseguiu Simon. – A casa ficará para você e vou assinar um documento para que possa tomar conta dos assuntos bancários e jurídicos que precise sem a minha presença. Como você está tomando um tônico contraceptivo desde o casamento, não precisamos nos preocupar com uma possível gravidez e eu não preciso ficar preso aqui por muito tempo para confirmar se suas regras estão normais.

Os sintomas do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora