17. Uma conveniência

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JUNHO DE 1833,

"ELA NÃO ESTAVA SE ENGANANDO. NÃO ESTAVA!"

Se havia algo que podia causar o caos em um lugar com criados saindo pelas tampas, isso era um casamento. O Palacete Real estava um caos com a presença de todos os Campbell e seus agregados ali, uma família com mais de quarenta pessoas não era brincadeira e os criados estavam em frenesi para dar conta do conforto de todos e dos preparativos para o casamento.

Apesar de todos os protestos e exigências de Sarah, Kate e Eloá, juntamente com Alice e Margot Hildegart, tinham decidido realizar a cerimônia nos jardins do Castelo Real. Muitas pessoas tinham sido convidadas para a festa e os pratos a serem servidos começaram a ser preparados dias antes, parecia que um príncipe ia se casar e não o filho adotivo de um parente distante da realeza.

As três semanas de noivado tinham sido cumpridas adequadamente e Simon vira Sarah quase morar no Palacete Real para os preparativos, eles passavam as manhãs juntos na Escola de Medicina e depois Sarah sempre aparecia com a mãe ou com a irmã no palacete para os preparativos do casamento. Às vezes Simon parava o que estava fazendo e ia até a sala de visitas, ficava apenas parado na porta enquanto admirava Sarah compenetrada e discutindo cores para o vestido ou flores para a cerimônia, ela parecia estar feliz por estar fazendo aquilo e Simon estava se enchendo de uma esperança tola de que seria fácil conquistar aquele coração que ela estava tão disposta a proteger.

Naquele momento, enquanto Simon acabava de se preparar para a cerimônia, com a presença do seu pai no quarto, ele se olhava no espelho e registrava o sorriso nos seus lábios. Depois que estivessem casados, Simon e Sarah passariam muito tempo juntos e ele teria mais chances para colocar em prática tudo que estava aprendendo com aqueles romances que devorara nas últimas semanas, ele sabia que, uma hora ou outra, Sarah acabaria amolecendo e deixando as suas barreiras caírem. Simon via carinho e outros sentimentos nos olhos dela quando olhava para Sarah, pegava-a olhando para ele quando estava distraído nas aulas ou nas dezenas de jantares e chás da tarde quando ela estava no palacete. Talvez não fosse tanto a esperança de um tolo e ele pudesse acabar tendo êxito na sua missão.

O fato era que ele estava feliz por estar casando-se com Sarah, fosse qual fosse o motivo do casamento.

- Você parece nervoso. – Joe comentou quando Simon falhou pela décima vez com o nó da gravata.

Simon bufou.

- Talvez seja porque eu estou nervoso. – Respondeu ele.

Joe riu e colocou-se ao lado do filho, puxando Simon pelos ombros e fazendo-o se virar para o pai.

- Não há necessidade disso, Sarah não vai fugir.

Seu pai não conhecia Sarah se pensava isso, Simon refletiu. Era bem provável que, apesar de ela ser a maior beneficiada naquela situação, ela ainda fugisse do casamento, provavelmente reconsiderando e vendo a loucura que era se casar com ele. Mas, Simon acreditava, seria mais a cara de Sarah ir até o altar e dizer não ao Arcebispo. O pensamento o fez estremecer.

- O senhor não ficou nervoso no seu casamento? – Ele indagou enquanto o pai fazia o nó da sua gravata.

Joe riu.

- Muito. – Confessou ele. – Mas era diferente.

- Como?

Joe deu de ombros.

- Deixe para lá. – Falou ele. – A questão é que não há motivos, se Sarah o ama, ela não tem porquê deixa-lo plantado no altar e não aparecer.

Os sintomas do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora