18. O casamento

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JUNHO DE 1833,

"ELE ESTAVA MUITO PERDIDO."

Deus, por que Simon tinha que ser tão apaixonado por uma dama que não era apaixonada por ele?

Simon se questionava sobre isso enquanto seu coração saltava no peito e Sarah caminhava com um sorriso pelo jardim, indo na direção dele. As mãos de Simon estavam transpirando e tremendo, ele não conseguia desviar o olhar de Sarah naquele vestido em um tom salmão, todo cravejado com pedras no corpete e saias volumosas. Como era possível que ela parecesse cada dia mais linda e continuasse fazendo-o sentir-se ainda mais louco por ela?

Ele desceu do altar quando ela e seu irmão mais velho pararam ao pé do mesmo e Simon a recebera, o braço de Sarah foi entrelaçado ao dele e Simon sentiu ondas de calor percorrendo seu corpo a partir do ponto onde ela tocava. O perfume dela inundou os sentidos dele com a mistura de sabonete e jasmim, cheiro de perspicácia e inteligência, cheiro de paixão e paraíso, todos os cheiros dela que podiam ser resumidos em um: perdição. Simon estava completamente perdido e sabia perfeitamente disso, depois daquele dia não haveria mais volta e, mesmo que ela nunca o amasse, Simon a amaria pelo resto de seus dias, seus pensamentos seriam consumidos por Sarah com ainda mais vigor do que já vinham sendo.

Ela deu um sorriso para ele quando pararam de frente para o Arcebispo, o estômago de Simon gelou e se retraiu. Por Deus, ele estava muito perdido.

Uma longa ladainha foi entoada pelo sacerdote por longos e longos minutos conforme Simon se sentia cada vez mais tenso e aliviado ao mesmo tempo, se é que isso fazia algum sentido. Os votos foram feitos de maneira rápida, porém verdadeiramente legítimos. Os papéis foram assinados e Simon deixou de ser um Campbell e passou a ser um Hildegart, renunciando ao seu sobrenome pelo dela, como tinha sido acordado pelos dois.

Simon não se importava com aquilo. Ele tinha tido uma conversa com a sua família e explicado o motivo da sua decisão de acrescentar o sobrenome de Sarah ao seu nome e não o contrário, e explicado sobre o sonho e a luta de Sarah, e toda a sua família entendeu seu desejo. Simon era um Campbell há menos de uma década e amava muito a família que aquele sobrenome lhe deu, ele os amava, mas um nome era só um nome e ele não se importava com o que assinaria no fim do seu nome ou como o chamariam. E, se era para falar sobre honra familiar, Simon deveria então insistir que Sarah assinasse Fisher, seu sobrenome de nascença, e todos sabiam que Fisher não possuía nenhuma honra ou fortuna em Fernsby, esse era o sobrenome mais comum, mais plebeu no reino e, somente na vila onde ele nasceu, existiam três dúzias ou mais de Fishers.

Então os dois estavam casados. Ele era Simon Fisher Campbell Hildegart e ela era apenas Sarah Jane Hildegart. Isso não importou, desde que, no fim da cerimônia, o sacerdote os declarou marido e mulher e aquilo foi selado com um beijo.

Não teve chuva, a não ser a de arroz, e não teve melosas juras de amor antes, a não ser os votos de casamento, mas aquele fora um beijo digno de um daqueles romances que Simon tinha devorado desde que começara a tentar conquistar Sarah. Nem mesmo Mr. Darcy ou o pobre cavalariço da duquesa tinham tido um beijo tão cheio de paixão e de desejo como aquele que Sarah e Simon trocaram, mais urgente que o do parque e mais quente que aquele do seu quarto, com todas as famílias assistindo e aplaudindo.

Ele estava muito perdido.

A música começou a tocar pelo jardim e a conversa dos convidados se elevou. Os dois desceram juntos do altar e foram recebidos pelos pais de Simon e pelo irmão e a cunhada de Sarah. Ele tinha conversado pouco com o irmão mais velho dela, o conde, mas Simon já notara que era um homem de poucos sorrisos, e até mesmo ele sorria naquela ocasião, talvez feliz por não precisar mais se preocupar com uma irmã solteira sob sua responsabilidade.

Os sintomas do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora