25. O resgate

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JULHO DE 1833,

SIMON E ELOÁ VOLTAM AO PALACETE E REENCONTRAM A FAMÍLIA.

Por uma janela minúscula no topo de uma das paredes do porão, Simon viu o sol começar a clarear o dia do lado de fora. Heitor não tinha voltado até eles e não tinham como saber se o menino iria mesmo ajuda-los ou se tinha desistido.

Eloá tinha dormido com a cabeça apoiada no ombro de Simon, e ele se perguntava como a tia poderia ficar tão calma em uma situação como aquela. Ele estava entrando em desespero e não via a hora de sumir logo daquele lugar horrível.

O grandalhão tinha voltado duas vezes para ver se os papéis tinham sido assinados, tinha feito ameaças e ido embora de novo, então mandara um dos comparsas levar água e pão seco para os dois há algumas horas atrás.

Simon ainda não acreditava que aquilo estava mesmo acontecendo. Até que um tiro foi disparado do lado de fora e Eloá deu um pulo ao seu lado, totalmente acordada agora.

- Você ouviu isso? – Indagou ela.

Simon assentiu, tenso.

- Sim. – Disse ele, apenas.

Gritos foram ouvidos e mais tiros foram disparados.

Por aquela janela onde Simon vira o dia começar a surgir, ele viu uma mão ser enfiada, com uma arma apontada para o chão, então aquela arma foi arremessada na direção deles.

- Vamos tirar vocês daí, mas fiquem com isso, por precaução. – Disse um homem, colocando o rosto no estreito vão da janela que era apenas um buraco na parede de pedra. Ele vestia o uniforme do Exército.

- Graças à Deus! – Eloá exclamou, levantando-se e pegando a arma.

O caos continuava do lado de fora, com tiros e gritos e explosões abafadas. O homem na janela já tinha desaparecido, mas Simon se permitiu ter um pouco de esperanças de que sairiam vivos daquela situação.

- Vamos, fique em pé e junte as mãos. – Eloá mandou, aproximando-se de Simon com a pistola em mãos.

Mesmo desconfiado, Simon fez como a tia mandou, então ela simplesmente deu um tiro no fecho do grilhão que o prendia e esse caiu no chão. Eloá enfiou a arma nas mãos livres dele e fez com que Simon fizesse o mesmo com ela e os seus grilhões.

Simon soltou um suspiro quando a sua tia pegou a arma da sua mão. Ambos livres, de certo modo.

O caos continuava reinando do lado de fora e nenhum dos dois ousou sair do porão, ficaram parados lá no escuro e aguardaram enquanto os disparos do lado de fora não paravam, até que a porta estourou e um homem com o rosto coberto por um lenço entrou.

Ele olhou pelo ambiente, à procura dos reféns, mas Simon e a tia tinham passado para o outro lado, atrás da porta, e não onde tinham sido acorrentados. A arma do homem estava apontada, procurando de um lado para o outro, então Simon assistiu à sua tia enquanto ela colocava a sua arma na nuca do homem e esse paralisava.

- Calminha aí. – Eloá disse a ele. – Se der um passo, eu vou estourar sua cabeça.

A voz da tia não falhava e suas mãos não tremiam, enquanto isso Simon parecia um pudim, de tão instável que estava.

O homem entregou sua arma para a princesa no momento em que um grupo de soldados apareceu do lado de fora da porta. Um dos soldados imobilizou e prendeu o homem enquanto os outros conferiam se a princesa e Simon estavam bem e outros verificavam o local.

Foi somente ao saírem dali, escoltados, que Simon deixou-se respirar mais tranquilamente. Ele viu os criminosos sendo presos e algumas manchas de sangue pelo caminho, mas não havia nenhum corpo sem vida. Sendo enfiado em uma carruagem do Exército, Simon viu o líder da Câmara dos Lordes, Lord Granville. Eloá o xingou e mandou que os soldados mantivessem guarda dobrada para ele, que seria levado ao quartel e interrogado por um general.

Os sintomas do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora