14. A proposta

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MAIO DE 1833,

SARAH FAZ UMA PROPOSTA OUSADA À SIMON.

Simon estava no café na esquina da Escola Real de Medicina na manhã de quarta-feira, como sempre ficava todos os dias enquanto esperava por Mattew e Sarah. Heitor comia seu pão e tomava seu chá do outro lado da mesa enquanto Simon lia o jornal, que continuava a noticiar a insatisfação do povo conservador com as mudanças feitas pela princesa, mas aquele era o Jornal Real e eles não falavam contra a Coroa, ao contrário dos tabloides não autorizados.

A mente dele voltava a cada instante para Sarah Hildegart, aquilo já estava se tornando uma obsessão. Ele a tinha visto de longe no parque na tarde anterior, acompanhada da sua irmã e dos sobrinhos, trajando um vestido de veraneio com mangas curtas e os braços de pele branca e delicada expostos. Qualquer coisa que Sarah usasse pareceria tentador para ele, Simon tinha a certeza, mas aquele vestido era algo que realmente tinha deixando-o sem dormir.

Heitor terminava seu segundo pão quando a sineta sobre a porta soou e Simon viu Sarah entrando ao erguer o olhar. Ela caminhou diretamente na direção dele e com uma expressão decidida, estava trajando um vestido formal e com mangas longas naquele dia, como de costume para as aulas, e mesmo assim continuava mexendo com a cabeça dele. E outras partes de sua anatomia.

- Preciso falar com você sobre algo muito sério. – Os lábios macios e muito sensuais de Sarah disseram e ela voltou o olhar para Heitor com curiosidade.

O menino de onze anos e esguio franziu a testa para Simon.

- Vá. – Disse ele ao menino. – E leve os pães para a sua mãe e sua irmã.

O menino assentiu em agradecimento e se levantou, pegando a sacola de pães. Sarah sentou-se na cadeira onde ele esteve, de frente para Simon.

- Como posso ajudá-la? – Simon indagou, levando sua xícara aos lábios.

- Tirando a minha virgindade. – Sarah falou.

O chá na boca de Simon voou para a mesa e ele arregalou os olhos, confuso e desconfiado, assustado. Ele olhou ao redor para ver se alguém podia ter ouvido aquilo.

- Receio não ter ouvido direito. – Ele falou para Sarah em voz baixa enquanto ela permanecia inabalável, como se falassem do clima.

Ela se empertigou e aproximou-se dele sobre a mesa, falando mais baixo dessa vez.

- Você ouviu perfeitamente bem. – Sarah confirmou. – Eu preciso que tire a minha virgindade.

Simon sentia que tinha virado um tomate, de tão vermelho que ele estava. Como Sarah podia falar sobre aquilo no meio de um café e manter-se totalmente normal como estava?

- Você não pode estar falando sério. – Racionalizou ele. – Bateu com a cabeça?

Sarah suspirou e pousou as mãos sobre a mesa enquanto Simon se distraia secando o chá derramado na mesa.

- Eu estou falando muito sério. Se você não me ajudar com isso, eu arranjarei outro cavalheiro disposto a me ajudar. – Ela prosseguiu. – E não tente negar que existe uma tensão entre nós, isso pode ser resolvido também.

Simon parou de limpar a mesa e ergueu o olhar para ela. Não, ele não podia negar que existia uma tensão entre eles, mas ele também não achava que transar uma vez e perderem a virgindade juntos fosse resolver aquilo. O que Simon sentia por Sarah era muito mais do que uma tensão ou desejo.

- Por que está tendo essas ideias malucas agora? – Indagou ele, com um leve tom de irritação na voz.

O olhar dela desviou do dele e Sarah uniu as mãos sobre a mesa.

Os sintomas do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora