16. A família

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JUNHO DE 1833,

EM GRUFFIN, O RESTANTE DA FAMÍLIA DESCOBRE O NOIVADO.

O navio da Marinha Real era mil vezes melhor do que aqueles que faziam o trajeto entre Gruffin e o continente com os passageiros, Sarah precisava admitir isso. A princesa Eloá tinha oferecido transporte para ela, Sam e a família de Tessa até Gruffin, sem espaço para recusa, então eles partiram todos juntos no enorme navio branco com as bandeiras reais tremulando ao vento.

Na próxima semana aconteceria o feriado de St. Lucas, o santo protetor do reino, e todo o povo parava para as celebrações que duravam uma semana. Sarah passaria a semana toda na casa de Nate em Rudá, onde toda a família já devia estar hospedada, e Sarah anunciaria o seu noivado naquele fim de semana, ficando livre assim das garras casamenteiras da sua mãe.

Naqueles dias desde que Sarah e Simon tinham concordado com o acordo de casamento, eles mal falaram mais sobre o assunto quando se encontravam para as aulas ou para estudarem juntos. Os dois tinham se encontrado há quatro dias para assinarem os papéis e oficializar tudo, então Sarah podia dizer que agora aquilo era real e que ela estava noiva, oficialmente. Eles ainda não tinham discutido a duração do noivado, se seguiriam os três meses ou adiantariam a data, mas Sarah pretendia fazer isso em breve, agora que ela tinha a possibilidade de ter todos os privilégios de um casamento e não ser mais tão vigiada ou criticada pela sociedade, Sarah não queria esperar muito para poder fazer isso.

Ela saiu da sua cabine no navio e subiu para o convés principal, onde o sol do início de manhã brilhava. O navio devia aportar em Gruffin antes do meio-dia e a família de Sarah devia estar esperando por ela no porto. De longe, ela viu que Simon estava parado contra a amurada e, instintivamente, ela se dirigiu na direção dele.

Sarah não falava com ele desde o dia anterior, quando se encontraram para o café da manhã no grande salão do navio. Ela tirou aquele momento de caminhada até ele para admira-lo; Simon não era do tipo de homem musculoso, era magro e esguio, mas isso não o tornava menos atraente, sua camisa de linho estava com as mangas enroladas até os cotovelos enquanto ele olhava o mar e os braços fortes estavam à mostra, aquelas mãos que percorreram o corpo dela de forma mais íntima do que qualquer outro homem já tinha percorrido estavam sem luvas, os cabelos castanho-escuro e de fios grossos estavam bagunçados com o vento e ela conhecia perfeitamente os olhos azuis que a encarariam quando ele se virasse. O estômago de Sarah se contraiu com os pensamentos que passavam pela sua mente e o desejo que se formava no seu corpo, o coração acelerou e ela começou a listar seus sintomas mentalmente.

Ela recostou-se ao lado dele na amurada e Simon desviou os olhos do mar para ela. Um leve sorriso curvou os lábios dele.

- Precisa de algo? – Ele indagou com a voz rouca.

De você, Sarah pensou, desejando encontrar uma cabine livre e terminar o que eles começaram algumas vezes e nunca terminaram. Sarah não era do tipo pudica como Charlote, se consolava dizendo que seu interesse no assunto era meramente profissional, por ela ser uma futura médica, mas a verdade era que, desde muito cedo, Sarah gostava de participar das conversas que aconteciam entre suas primas quando haviam reuniões Hildegart. Charlote sempre corria da sala onde as primas estavam reunidas, querendo preservar sua inocência, mas Sarah ouvia cada uma das palavras das primas casadas sobre as atividades sexuais e a consumação de um matrimônio, ela não era tola e conhecia os sinais do seu corpo.

Ela engoliu em seco, livrando-se dos pensamentos que lhe enchiam a mente.

- Quero falar sobre o casamento. – Falou Sarah.

Simon se retesou.

- Há algum problema? – Ele indagou, parecendo preocupado.

Sarah meneou a cabeça em negativa.

Os sintomas do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora