15. O noivado

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MAIO DE 1833,

SIMON SURPREENDE ZERO PESSOAS AO ANUNCIAR O NOIVADO.

Na vida de Simon, houveram exatamente três momentos que ele julgava serem os mais decisivos, aqueles que mudaram sua vida, e o quarto momento estava prestes a se tornar mais real. O primeiro momento foi quando ele segurou sua irmã mais nova nos braços, logo depois do nascimento dela, e sentiu que daria a sua vida por aquela bebê de enormes olhos azuis; o segundo momento foi quando, novamente com Beatrice nos braços, Simon teve que correr com ela e salvar aos dois enquanto seus pais eram mortos; o terceiro momento foi quando ele ficou frente a frente com Alice e Joe Campbell no Orfanato da Srta. Dusk e o jovem casal apaixonado disse que adotariam os dois.

Simon tinha conseguido unir sua família toda na sala de estar do Palacete Real, tinha até mesmo arrastado seu tio Anthony para o chá, dizendo que sua tia Sophie tinha pedido a presença dele. Todos encaravam Simon enquanto ele olhava as horas no relógio da parede.

Aquilo ainda parecia um sonho, talvez Simon acordasse a qualquer momento e percebesse que, mais uma vez, ele tinha sonhado com Sarah Hildegart. Mas Simon tinha a sensação de que aquele sonho estava muito real, emocionante e confuso ao mesmo tempo. Ele estava há alguns minutos de revelar para a sua família que estava noivo de Sarah e que se casariam em breve, a excitação e o receio o consumiam. Será que ela apareceria mesmo? Será que não tinha se arrependido daquela história?

Diziam que qualquer loucura era válida por amor, mas será que até mesmo aceitar uma proposta de casamento por conveniência quando amava sua noiva era uma loucura aceitável?

- Simon, o que está aprontando? – Eloá indagou, expressando a desconfiança de todos na sala. – Não tenho o dia todo para ficar aqui assistindo você andar de um lado para o outro.

Ele parou e se virou para a família.

- Esperem apenas mais um minuto. – Pediu Simon.

- Você, por acaso, roubou um banco ou matou uma pessoa? – Anthony indagou.

- Desonrou uma dama? – Sugeriu Kate, preocupada.

- Não. – Eloá respondeu, categórica. – Ele fugiu em minutos quando o levei ao Moça de Família, não deve nem saber como desonrar uma dama.

- Você fez o que? – Kate indagou, incrédula.

- Simon já tem dezenove anos, já passava da hora de ir a um bordel. Anthony e Joe foram aos dezoito. – Eloá defendeu-se, encolhendo os ombros.

Kate pareceu muito surpresa e um pouco irritada com a sua cunhada.

- Não acredito que você foi a responsável por corromper meus filhos! – Kate exclamou.

- Mamãe, não seja tão pudica. – Anthony disse e revirou os olhos. – Não existe um cavalheiro sequer que nunca foi à um bordel aos dezenove anos.

- Casa de prazeres! – Eloá corrigiu, alto demais.

No mesmo instante, o mordomo que entrava na sala arregalou os olhos. Um silêncio caiu sobre a sala e o mordomo pigarreou.

- Alteza, Vossas Graças, anuncio a marquesa de Dempster e sua irmã, a Srta. Hildegart. – Disse o mordomo, indicando as damas que o acompanhavam.

- Isso está muito estranho. – Eloá disse com a testa franzida e levantou-se do sofá. – O que você está aprontando, Simon Campbell?

Simon sentiu-se corar um pouco e percorreu sua família com o olhar, estavam todos de testas franzidas, com exceção de Sophie, que sorria. Ele ignorou a confusão de Campbell's na sala e cumprimentou Sarah e sua irmã com beijos nos nós dos dedos, convidando as duas para sentarem-se.

Os sintomas do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora