Quando eu cheguei em casa, eu fiquei olhando para todos os cantos, para tentar achar alguma alteração, mas estava do mesmo jeito que eu deixei no dia que fui raptada pelo Barkov.
Fui até meu quarto, vi meu uniforme que Bucky me deu... Bucky, eu o machuquei, e eu prometi que não iria. Que ódio de mim.
Coloquei a mão no bolso pra pegar meu celular e ligar pra ele, mas não estava comigo, eu deixei no quarto.
Eu fui para o banheiro, joguei uma água na cara e me olhei no espelho, fiquei revoltada de ter deixado meu celular lá naquele lugar, de ter empurrado o Bucky, do que o Fury falou... Eu fiz algo por impulso, e soquei o espelho, espatifando o mesmo. Minha pia era caco de vidro e sangue.
Eu abri a torneira e fui lavar aquele machucado. Parecia que a dor estava mais intensa, e então, peguei uma faixa e alguns esparadrapos e fiz um curativo.
Fui pra cozinha, e peguei uma cerveja e fiquei pensando. Arrumei algo para comer, e depois fui limpar os cacos no banheiro.
Eu não queria fazer nada daquilo, mas eu estava muito nervosa, não suportei ouvir do Fury sobre minha tia. Se minha mãe melhorou, porque ela não pode ter conseguido sair?
Dias se passaram e eu estava sozinha, ninguém veio até mim, nem mesmo para entregar meu celular. Fiquei preocupada com James, Sam, eles estavam assustados com a minha reação aquele dia, mas eu acho que eles entenderam. Bucky... Eu queria pedir desculpas pra ele, mas eu não queria sair de casa pra nada além de ir no mercadinho da esquina, e voltar pra casa.
Eu estava vivendo dias horríveis. Eu tenho certeza que eu perdi mais do que eu imaginava, e perdi o que eu amava. Eu estava bebendo e dormindo, e me lembrando da época que eu era feliz.
• Flashback•
- Vamos fazer algo esse final de semana? - Nat disse toda empolgada.
- Eu não sei.
- Poxa Ale, é seu aniversário de 11 anos, vamos acampar então?
Nat veio até mim com uma carinha, que eu não consegui dizer não.
Ela arrumou as coisas para viajarmos, dois dias depois, ela pegou o carro e fomos para um camping.
Quando chegamos, arrumamos nossas coisas e pegamos refrescos. Ficamos sentadas olhando o céu e conversando.
- Ale, você está gostando da escola? De Nova York?
- É melhor que Munique. - dei um sorriso e ela retribuiu - Sobre a escola, é normal...
- Como assim, normal? - Nat estava bastante curiosa com isso.
- Bom, eu faço minhas lições, e passo de ano.
- Alejandra, eu não estou falando disso, mas já que tocou no assunto, eu tenho que admitir que eu fico maravilhada com suas notas altíssimas e elogios dos professores. Mas eu quero saber, e seus amigos?
Eu parei de olhar para ela e olhei para o céu, ele estava alaranjado. Já era quase noite, eu amava o por do sol.
- Eu não tenho amigos.
- Não tem? Porque?
- Porque eles não gostam de mim, me chamaram de estranha por falar alemão.
Nat ficou com um semblante triste, se levantou e foi até mim
- Anda, arreda que eu vou sentar aqui com você. - ela sorriu e fez gestos com a mão para que eu desse lugar a ela - Sabe meu bebê, você não é estranha, você é inteligente e especial. Eles tem inveja de você.
- Não sei porque.
- Meu bebê, você tem onze anos, ninguém da sua idade fala três idiomas e tem notas altas, como você. Eles queriam ser você.
Ela sorriu e eu a abracei. O que ela falou, tinha um fundo de verdade, nunca vi ninguém naquela escola falar nada além de inglês.
Paramos de falar e fomos ver as estrelas, e então passou um vagalume por nós e Nat falou
- Uma estrela da floresta.
Eu olhei para ela, e sorri. Comecei a me sentir com sono e adormeci, acordei no dia seguinte na minha cama.
Levantei para ir tomar café, e Nat estava lá fora no telefone, eu me sentei e peguei meu cereal. Quando ela entrou, perguntou se eu estava bem, eu assenti.
Eu perguntei se ela poderia brincar de cabra cega, ela concordou. Fomos para a área externa e eu cobri os olhos dela.
- Vou me esconder, e vou bater palmas três vezes.
Eu falei as regras pra ela e ela questionou
- Porque não deixamos essa brincadeira só nossa? Eu assobio e você responde com um assobio em resposta. Que tal?
- Eu adorei.
Ela me ensinou como seria o nosso assobio e eu fui me esconder.
Nat assobiou e eu respondi. E foi legal até. Na hora do almoço, ela disse que eu poderia escolher o que eu quisesse, então escolhi pizza, ela não gostou muito, mas cedeu, afinal era o que eu quisesse. Passamos o melhor de final de semana da minha vida.
Voltamos pra casa, e ela me falou que aquele assobio, era especial pra ela, mas não disse o motivo. Ela então, sugeriu que usássemos entre nós, uma coisa nossa. Eu concordei e a abracei.
- Mãe, você é a melhor pessoa desse mundo. Eu te amo mais que tudo!
- Eu te amo mais que a mim mesma, você é o meu motivo para ser melhor.
• Flashback off •
Sam disse que tinha jogado minhas garrafas de vodca fora aquela vez, mas eu as encontrei escondidas.
Eu bebi e fiquei assistindo tv, eu já estava cansada de tudo que estava passando e decidi tomar banho e ir dormi.Abri o chuveiro e entrei. Eu comecei a me sentir um pouco tonta e então eu desmaiei, batendo a cabeça no registro do chuveiro. Quando eu acordei, senti minha cabeça doer, e vi o sangue no chão, quando eu passei a mão na testa, veio mais sangue na mão, mas senti que eu tinha cortado feio.
Peguei minha toalha, me enrolei e fui até o armário, porém, os primeiros socorros tinham acabado, graças ao meu impulso de socar o espelho.
Fui até o quarto, coloquei meu conjunto de moletom preto, e peguei uma toalhinha pequena para apertar meu machucado, eu vi no espelho do quarto que abriu minha testa, mas acho que não precisava de pontos, mas estava sangrando bastante. Abri minha carteira e peguei meu cartão pra ir na farmácia.
Quando eu desci, coloquei meu capuz pra ninguém ver aquele improviso.
Eu respirei fundo e fui em direção a farmácia, o farmacêutico disse que precisava de dar pontos sim, e eu concordei que iria no médico, mas só peguei os produtos para o machucado, pomada, esparadrapo e alguns remédios para dor.Quando eu estava indo para casa, senti um calafrio, olhei para trás, pra ver se alguém estava me seguindo, não vi ninguém. Quando estava 10 passos, praticamente, de chegar na portaria do meu prédio eu ouvi o assobio, que só eu e a Nat tínhamos.
Eu comecei a tremer, mas respondi, como fazia com a Nat.Alguém chegou perto de mim, e eu estava imóvel, tremendo e chorando
- Alejandra?
Eu respirei fundo, e me virei. Eu não estava acreditando no que eu estava vendo, comecei a chorar e me aproximei, era ela
- Yelena...
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O Legado
FanfictionAlejandra Romanoff, filha adotiva de Natasha Romanoff, a viúva negra. Nat encontrou Alejandra em um beco escuro, em meio a uma chuva, na Alemanha. Ale tinha apenas 9 anos, e estava com medo, com fome e traumatizada. Então ela a levou para casa, mesm...