Pesadelo - Parte 1

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P.O.V MOB

A brisa fria da mata atinge meu rosto com toda sua força, galhos finos acertam minha canela e com os braços afasto galhos maiores e mais espessos do meu rosto. Um calafrio percorre minha espinha, não há barulho nenhum, seis da manhã, o sol começa a nascer não muito longe. Seus raios tentam ultrapassar a cobertura verde acima de minha cabeça. Dou alguns passos em falso e me seguro em uma das árvores, seus cipós a abraçam, olho para trás, tenho a sensação de ser seguido desde a casa, talvez seja coisa de minha cabeça.

Volto a correr e a um quilômetro dali paro para descansar, me sento em um tronco velho e seco sobre o chão, alguns metros a minha frente há um pequeno lago, as águas claras revelam pequenos peixes, o sol e alguns pinheiros são refletidos pela água cristalina. Alguns bem-te-vis pousam na árvore ao meu lado, seu canto ecoando pela mata. De longe esse é meu local preferido na propriedade, fica a uns trinta minutos da casa. Ar fresco, paz, natureza. Queria que Coringa tivesse aqui, mas passou a noite inteira fazendo live e foi dormir bem tarde.

Me levanto assustado quando um arbusto se move à minha esquerda, o suor frio percorre minha testa, meu coração bate tão acelerado quanto tambores de escola de samba. Pego um galho no chão pra minha defesa, como se fosse adiantar.

- Tem alguém aí?

Claro, Mob! Seja quem estiver aí vai responder "Claro, tô aqui e quero te pegar".

Que reconfortante.

Me aproximo com passos lentos e silenciosos, pareço flutuar. É como uma ação impensada e estúpida vista em filmes de terror. Porque não correr para longe do barulho? Gritar por ajuda.

Mas quem iria me ajudar? Os bem-te-vis que pareciam se deliciar com meu desespero ou os peixes que nadavam tranquilamente como se nada tivesse acontecendo, como se fosse um tremendo zero à esquerda. De repente uma forma negra sai do meio do mato e pula em minha direção, grito tão alto que tudo ao meu redor responde, cada sinal de vida por ali. Tropeço no galho que antes segurava em minhas mãos e caio de bunda em uma poça de lama.

Merda!

- Maldito coelho! – Praguejo irritado, vou até o lago e tento limpar meu short, mas não adianta de muito. Logo hoje que decidi caminhar com meu short branco novo da Puma, isso não pode estar acontecendo.

O coelho me observa. Não consigo conter o riso.

- Isso é tudo sua culpa, bichinho. Tudo sua culpa! – Falo me ajoelhando, ele se move com cuidado, com receio.

- Vejo que está fazendo novas amizades! – Uma voz feminina diz, divertidamente. Me viro e vejo a garota morena, os cabelos presos em um rabo de cavalo alto, regata preta com as mangas rosas, uma legging também preta, um tênis da Nike cinza. É a única coisa que destoa. Suas lentes verdes brilham com os raios do sol que atingem seu rosto.

- Engraçadinha!

- E se borrou todo!

- Milena, isso não é engraçado – Ela tapa a boca, na tentativa de não rir, mas nem eu mesmo me aguento – Que ódio. Afinal, o que tá fazendo aqui?

- PH está te procurando pela Mansão, e como não te achou pediu pra que viesse a seu resgate, já que coelhos assassinos se encontram pelas redondezas – Ri alto, o coelhinho branco de olhos vermelhos está mastigando algumas folhas, tão inocente.

- Se contar isso a alguém, te mato!

- Seu segredo está seguro comigo. Pode confiar!

- Vou tentar – Respiro fundo – O que PH quer comigo?

Amor Sem Fronteiras - MOBICTOR - FinalizadaOnde histórias criam vida. Descubra agora