Capítulo 33: Sozinha

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Assim que entrei no carro, as comportas se abriram e não pude mais conter as lágrimas. Mesmo assim, lutei para não chorar. Não importa o quanto eu quisesse deixar as emoções saírem, eu precisava ficar longe da casa de Alice e Jasper, e mais importante, de um certo homem lá dentro.

Depois de uma tentativa inútil de enxugar as lágrimas que continuavam escorrendo pelo meu rosto, girei a chave na ignição, liguei o motor e saí o mais rápido que pude. Não fui realmente capaz de ver através do borrão em meus olhos e fiquei aliviada quando cheguei ao meu prédio sem bater em ninguém.

Eu me senti um pouco mais à vontade, mas ao mesmo tempo, mais solitária do que nunca quando finalmente fechei a porta do meu apartamento atrás de mim. Sem acender a luz, eu tropecei no sofá e afundei lá, puxando meus joelhos para cima e os abraçando contra meu peito.

Agora que eu estava sozinha e em minha casa, a realidade do que tinha acontecido tomou conta de mim como um maremoto. Eu planejei falar com Edward naquela noite, para dizer a ele que o amava e que queria estar com ele, me colocando pra fora, do avesso para ele - vulnerável e insegura. Mas ao invés de me dar a chance de fazer isso, ele começou a me atacar, me acusando de traí-lo e me xingando. Ele foi a única pessoa no mundo para quem eu já falei sobre minha sensação de culpa por me sentir fácil e vadia. Eu tinha confiado nele com tudo o que tinha - meu corpo, meu coração e minha alma. E ele traiu essa confiança da maneira mais cruel. Ninguém além dele tinha o conhecimento e o poder de me atingir onde realmente doía.

Com ele, pela primeira vez na minha vida adulta, tive uma sensação de segurança e proteção. Eu me abri para ele, o deixei entrar na minha vida como ninguém antes dele - nem mesmo Jacob. 

E esta noite ele me destruiu.

Eu não sei quanto tempo eu estive sentada lá como uma imagem de sofrimento, balançando-me para frente e para trás no tempo com meus soluços violentos, mas eventualmente uma batida forte na porta me assustou.

_Bella, por favor, abra a porta. Eu preciso falar com você. -As palavras saíram entre ofegos pesados.

O que ele queria agora? Ele já não tinha me machucado o suficiente? Eu não aguentava vê-lo olhar para mim do jeito que ele tinha feito na casa de Alice por mais um segundo. Eu queria gritar com ele, dizer-lhe para me deixar em paz. Mas não consegui. Fiquei paralisada, incapaz de me mover ou dizer qualquer coisa.

_Bella, amor, por favor. Eu estava tão errado, me desculpe. Por favor, me escute. -As batidas que acompanharam suas palavras foram mais altas desta vez, enquanto sua voz soou mais suplicante.

Ouvi-lo me chamar de "amor" era como moer sal na minha ferida aberta. O termo carinhoso era algo que ele só me chamava quando estávamos sozinhos e principalmente quando éramos íntimos. Ouvi-lo dizer isso agora só me lembrou do fato de que nunca ficaríamos juntos assim novamente.

Ele disse que estava errado. Claro que ele estava. Eu não era culpada de nada de que ele me acusou. Jacob me beijou, mas eu não fiz nada para encorajá-lo. Eu até o afastei, porque eu amava Edward e não conseguia nem imaginar beijar ou tocar outra pessoa. Mas ele tirou conclusões precipitadas sem falar comigo primeiro. Isso realmente revelou sua opinião sobre mim.

Por que eu deveria ouvi-lo? Ele havia falado claramente o que pensava e não havia mais nada a acrescentar. Ele achou que eu era uma vadia e terminou comigo. Eu não precisava de mais explicações.

Saber que ele estava tão perto e completamente fora de alcance trouxe uma nova rodada de lágrimas.

_Bella, por favor, deixe-me entrar. Eu preciso explicar. Eu cometi um erro. Eu estraguei tudo. Por favor,  me da uma chance de consertar isso. -Ele ainda estava batendo, mas faltava a mesma determinação de antes. Ele estava frustrado ou ficando cansado.

Quebra-cabeça do meu coraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora