Capítulo 21 - Comentários inocentes

10.7K 763 68
                                    

AVISO MEGA IMPORTANTE!

Troquei Teobaldo por Teodoro!

Substituí Teobaldo por Teodoro!

Capítulo 21 - Comentários inocentes

          O príncipe Teodoro caminhou com receio, saindo do Reino dos Conversadores e seguindo em direção ao castelo onde Cindia morava. Não sabia o que dizer, nem como agir, e ainda sentia um medo razoável pela proximidade com a famosa bruxa Malévola, alguém que ele preferia não ter conhecido. Ainda assim seus passos permaneceram no mesmo ritmo, suprimindo a respiração falha que seu nervosismo ocasionou.

          De algum modo, quando conversava com Cinderela, sentia uma energia vibrante percorrendo-lhe por inteiro, e uma sucessão de arrepios estranhos e bons ao mesmo tempo. Sorrir a seu lado era fácil, principalmente com o seu amor por frutas, em especial laranjas e a mania de morder o dedo mínimo quando estava aflita ou curiosa. Detalhes que ele guardava numa caixinha de lembranças, mas que teimavam em fugir e voltar à tona, obrigando-o a sonhar acordado com cada um deles.

          Enquanto o rapaz se aproximava do rio, Aurora detalhava seu encontro surpresa com Felipe para as irmãs, e as meninas suspiravam, rindo, enquanto submergiam roupas ensaboadas na água, num enxague mais demorado que o de costume, e pegavam a próxima peça para lavar. Era pura agitação, e, às vezes, jogavam água uma na outra. Estavam com as pernas e braços muito doloridos,  molhadas, descabeladas, com os vestidos sujos na parte onde se sentaram, porém muito cheirosas.

- Eu adorei o queijo, é uma delícia. - Aurora disse mais alto do que pretendia.

- Não acredito que ele separou um pedaço para cada uma de nós. - Cindia comentou, alegre, lambendo os lábios ao se lembrar do sabor.

- Foi muita gentileza da parte dele, admirável. - Estela completou, com a inocência e bondade de sempre.

- Só que levou a minha fita. - Aurora disse, mexendo no cabelo recentemente preso.

- Esse Felipe é danado, hein! - Cindia implicou. - Querendo te ver com os cabelos ao vento.

- Ai, isso é tão romântico! - Com as mãos no queixo, Estela suspirou com a história.

- Levem essas roupas para secar imediatamente! E esse vestido que sobrou, deixe a Cinderela lavando. Preciso de vocês na casa agora. - Marisol as interrompeu, ao avistar na janela o príncipe dos alternadores por entre as árvores, como Malévola havia previamente lhe avisado. Estava sem fôlego de tanto que correu. Chegou perto da menina e mandou um recado direcionado a ela. - Esse vestido manchou de suco e você foi lavá-lo porque gosta muito dele. Não queria dar mais trabalho a ninguém. É isso o que está fazendo. Entendeu?

- O que? - Cindia não compreendeu.

- Você irá entender daqui a pouco.

          Cinderela continuou a lavar o vestido sozinha do rio, ao menos era o que ela achava, até ouvir um barulho de galho se quebrar por trás. Irritada, reclamou:

- Ai, Marisol, eu já estou indo!

          A moça tão logo verbalizou sua impaciência, levantou-se rapidamente, mas ao se deparar com Téo, assustou-se e deu um passo em falso para trás, provocando uma queda constrangedora que a deixou encharcada. A condessa virou-se de costas e assim permaneceu para evitar olhar no rosto do príncipe e lidar com sua vergonha absoluta. Queria desaparecer dali num piscar de olhos, voltar no tempo, ou no mínimo, estar deslumbrante.  Mas os desejos dessas meninas não costumavam se realizar, logo, se limitavam a desfrutar das pequenas coisas da vida, o que inicialmente parecia frustrante,  mas na verdade tornava cada vitória mais saborosa. Mais do que o queijo misto dos conversadores e a laranja dos alternadores.  

O Conto dos Contos - A origem dos contos de fadasOnde histórias criam vida. Descubra agora