Amorecos, o capítulo não está como eu queria, mas foi escrito com muito carinho e amor.
Dedico a Gustavolima1234 que contribuiu me alertando sobre um furo. Eu anotei e vou consertar na famosa revisão. Sou muito grata! Eu sei que falho, mas estou disposta a aprender, e tem sido uma experiência maravilhosa escrever para vocês. Obrigada pelo apoio, pelos elogios e pelas críticas construtivas. Um abraço a todos!
Capítulo 36 - Questão de honra
Quando se tem muitas preocupações atordoando a mente, não há a oportunidade da mesma, de tão sobrecarregada, lembrar-se de que o estômago precisa de alimentos. Foi por isso que Aurora quase não comeu. Nem o cheiro delicioso proveniente do vapor da carne e dos legumes, nem a aparência suculenta dos alimentos, nem mesmo os sabores magníficos e exóticos das perfeitas misturas de cominho, orégano e pimenta conseguiram estimular seu apetite. O paladar estava tão anestesiado quanto sua visão e olfato. A audição fora propositalmente desligada, para evitar ouvir qualquer tipo de cortejo ou comentário enfadonho de Henrique. O tato se fazia útil ainda, acompanhava o gesto mecânico de comer uma pera e beber água.
- Rosa, a senhorita está bem? - Branca perguntou.
Os olhos dos nobres à mesa se direcionaram à guardiã, que parecia estar presente apenas em corpo, com a alma distante.
- Senhorita Rosa?
Aurora encarava o prato, pensando na morte da mãe, num Felipe confuso e todo sorridente perto de Branca, no ódio que as pessoas sentiam dela, dentre outros problemas que surgiam numa frequência desanimadora. Era difícil ser amada, mas ser odiada ela conseguia facilmente. Como o tato ainda era um sentido ativo, ela pôde reconhecer o toque de Henrique em sua mão, o que a levou a puxá-la rapidamente para o colo, a fim de evitar qualquer contado. Aquele gesto simples reativou seus sentidos e trouxe sua alma de volta, e foi ao encarar o príncipe com desprezo que viu os olhares dele indo em direção à irmã, indicando que Branca tentava conversar com ela. Imediatamente tratou de se recompor e perguntou:
- Perdão, Vossa Alteza, disse algo?
- Ah, Rosa, eu estou te vendo tão distante, você está bem?
- Estou sim. Desconheço uma família mais hospitaleira. Na verdade me envergonho de abusar da boa vontade de todos. Isso tudo é demais para alguém como eu.
- Não se preocupe com isso - Lúcio pediu. - Se desejar conversar a respeito do que te sucedeu, estaremos dispostos a ouvir. Quanto a sua segurança, tomarei as providências necessárias logo pela manhã. Creio que em breve poderá retornar para casa.
- Você deveria nos acompanhar numa caminhada. Creio que te fará bem - Felipe sugeriu.
- Ah, eu... Eu adoraria.
- É tão perigoso uma moça de sua idade morar sozinha - o conversador acrescentou. - Você sempre estará correndo riscos.
- É sim, mas não sou tão indefesa, sei lutar com espada, atirar flechas.
- Ah, é mesmo? Como aprendeu? - Felipe segurou o queixo com a mão, interessado na conversa.
- Ah... Foi... Meu avô - ela mentiu.
- Ele te ensinou bem? Não sei se teria coragem de lutar contigo de verdade, sem medo de te ferir.
- Garanto que seria uma oponente capacitada.
- Talvez eu tire a prova e tente lutar contigo.
- Me ofenderia se não tentasse.
O príncipe Mogliani sorriu satisfeito e muito surpreso. Não conseguia imaginar uma moça tão delicada manuseando uma espada afiada e pesada. A curiosidade o invadiu, levando sua imaginação a reproduzir uma cena da donzela armada. Já o mais belo de todos foi invadido por outra coisa: despeito.
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O Conto dos Contos - A origem dos contos de fadas
FantasíaAurora é temida pelas fadas, odiada pelos conversadores, vigiada pelas bruxas e um mito entre os humanos. Seu mundo é dividido entre ambição e inocência. A guardiã do Reino Encantado precisa escolher entre ser uma bruxa como sua avó Malévola, ou seg...