Capítulo 9 - Pedido de desculpas
Marisol sorria, impressionada com o que acabara de ver, e ainda mais com as pessoas responsáveis por tal surpresa. Ciente de que o foco para o reboliço que estava acontecendo era sua filha, decidiu implicar com a menina, que pela primeira vez pareceu interessante aos olhos de algum garoto. Assim ela pensava ao se deparar com a cena diante do portão, pois desconhecia as boas intenções do rei Lúcio.
- Aurora, por que não me disse que iria se casar?
- O que? - todos perguntaram a Marisol, assustados.
- Essa é a única explicação que encontro para haver aquele exagero na frente do meu castelo. Temos visita.
- De quem? - Eli perguntou.
- Pessoas importantes. Membros da realeza. Como nós. - Marisol indicou com o dedo que todos, menos Eli, eram nobres.
- Eli é um homem nobre. - Estela revidou, defendendo seu pai de consideração.
- Não, não é. Respondendo à pergunta anterior, o rei Lúcio e o filho.
- O que o cabeça de bagre está fazendo aqui? O que mais ele pode querer comigo? - Aurora entrou em pânico.
- Ah, eu vou ensiná-lo a...
- Não, Felipe. Saia daqui agora. Henrique pode... - Eli não terminou a frase, queria evitar mais desentendimentos entre eles.
- Falar para o meu pai? Mas eu estava conseguindo acertar o alvo!
- Ele não vai machucar a Aurora. Vamos cuidar bem dela. - Estela quis acalmá-lo.
- Esse garoto é insuportável. Insuportável! Ele é quem deveria ir.
Enquanto Felipe ia embora, parou por detrás das árvores e fez um pedido a uma borboleta, que instantaneamente seguiu o mesmo caminho que o de sua melhor amiga. As meninas correram na direção dos portões e Eli as seguiu. Era inacreditável. Havia um tapete vermelho até a entrada, pétalas de rosas e flores no chão, um baú aberto com tecidos lindos e outro com livros. Mas o que realmente chamava a atenção era a figura de Henrique, ajoelhado com um buquê em uma mão e uma caixa de madeira na outra, destilando ódio no olhar. Marisol provocou:
- Aurora, você deve apanhar mais vezes. Olha só quantos presentes!
- Sinto muito pelo ocorrido entre nossos filhos, princesa Marisol. - O rei disse, constrangido com o comentário que insultava a menina.
- Isso é um pedido de desculpas?
- Certamente.
- E por acaso fui eu a agredida? Não deve perder seu tempo comigo, Vossa Majestade. O que quer com tudo isso? O que realmente quer de Aurora?
O rei não só queria ensinar valores ao filho mas também pretendia aproximá-lo da prima a fim de criarem laços de amizade. Realmente acreditava que Henrique precisava lidar com alguém obstinado, que compartilhasse dos mesmos interesses, fosse igualmente capacitado, e não se intimidasse facilmente. E não havia ninguém melhor do que a prima mestiça para exercer essa função.
- Apenas anseio que sejam amigos. Essa relação seria de muita estima para mim.
Marisol não quis descartar essa possibilidade. Talvez fosse conveniente. Enquanto isso, a neta de Malévola encarava seu primo, surpresa e audaciosa.
- Estela, trouxe algumas partituras, vestidos e uma flauta. Espero que goste.
- Eu fico muitíssimo grata, Vossa Alteza.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Conto dos Contos - A origem dos contos de fadas
FantasiAurora é temida pelas fadas, odiada pelos conversadores, vigiada pelas bruxas e um mito entre os humanos. Seu mundo é dividido entre ambição e inocência. A guardiã do Reino Encantado precisa escolher entre ser uma bruxa como sua avó Malévola, ou seg...