CAPÍTULO XXIII

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O saguão estava escuro e vazio, o ar-condicionado zunindo. As cadeiras de plástico moldado estavam empilhadas junto às paredes e o carpete tinha cheiro de xampu. O salão de dança a oeste estava escuro, pude ver pela janela de observação aberta. O salão de dança a leste, o maior, estava iluminado. Mas as persianas estavam fechadas nas janelas.

O terror se apoderou de mim com tanta força que eu literalmente tropeçava nele. Não consegui fazer com que meus pés avançassem.

E então a voz da minha mãe gritou.

– Kris? Kris?

O mesmo tom de pânico histérico. Corri para a porta, para o som de sua voz.

Eu acordei com a respiração irregular, isso não parecia ser um sonho qualquer.

Fiquei deitada na cama repassando cada detalhe que me lembrava do sonho, o estúdio de balé, a voz de minha mãe; Instintivamente minha mão pousou de baixo do meu travesseiro, tocando o punho de minha adaga. Eu ainda não tinha contado a ninguém sobre ela, mas agora eu precisava.

Eu ouvi a voz baixa de Alice e Jasper no outro cômodo. O fato de que estavam altas o bastante para que eu ouvisse era muito estranho. Rolei na cama até que meus pés tocaram o chão e andei para a sala.

O relógio da TV dizia que passava um pouco das duas da manhã. Alice e Jasper estavam sentados juntos no sofá, Alice desenhando de novo e Jasper olhando por sobre seu ombro. Eles não se viraram quando entrei, envolvidos demais no trabalho de Alice.

– Ela viu mais alguma coisa? - perguntei a ele em voz baixa.

– Sim. Alguma coisa a levou de volta à sala com o vídeo, mas agora há luz.

Observei Alice desenhar uma sala quadrada com vigas escuras no teto baixo. As paredes eram revestidas de madeira, um pouco escura demais, fora de moda. O piso tinha um carpete escuro com uns desenhos. Havia uma janela grande na parede sul e uma abertura na parede oeste levava à sala de estar. Um lado dessa entrada era de pedra — uma grande lareira de pedra caramelo que se abria para os dois cômodos. Dessa perspectiva, o foco da sala, a TV e o videocassete, equilibrados em um rack de madeira pequeno demais, estavam no canto sul da sala. Um sofá modulado envelhecido se curvava em torno da frente da TV, uma mesa de centro diante dele.

– O telefone fica aqui - sussurrei, apontando.

Dois pares de olhos me fitaram.

– Esta é a casa da minha mãe.

Alice já estava fora do sofá, com o telefone na mão, teclando. Olhei o retrato exato da sala de estar de minha mãe. Jasper, o que não era característico dele, deslizou para mais perto de mim. Tocou de leve em minha mão e o contato físico parecia intensificar sua influência tranquilizadora.

Os lábios de Alice tremiam com a velocidade de suas palavras, o zumbido baixo impossível de decifrar. Eu não conseguia me concentrar.

– Kris - disse Alice.

Olhei para ela, entorpecida.

– Kris, Edward vem pegar você. Ele, Emmett e Carlisle a levarão para algum lugar, para escondê-la por algum tempo.

– Edward está vindo?

– Sim, ele vai pegar o primeiro voo para Seattle. Vamos nos encontrar com ele no aeroporto e você partirá com ele.

– Mas, minha mãe... Ele vai atrás da minha mãe, Alice! - apesar de Jasper, a histeria borbulhava em minha voz.

– Jasper e eu ficaremos até que ela esteja segura.

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