CAPÍTULO XXV

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ENQUANTO ESTAVA À DERIVA, 

eu sonhei.

Eu estava submersa em uma água escura,  Os minutos seguintes — ou anos, não sei ao certo — foram uma confusão de água gelada,  escuridão e pouco ar nos pulmões. 

Tentei estender o corpo e flutuar da melhor maneira possível. Talvez assim conseguisse um pouco mais de ar, mas era inútil. Eu simplesmente não conseguia sair dali.

Senti o meu corpo cansado; cansado demais de tentar.

 Então eu ouvi uma voz, uma voz não, parecia mais um rosnado e isso me chamou a atenção.

Um outro grunhido irrompeu o silêncio; um rugido mais profundo, mais selvagem, soava com fúria.

Fui trazida de volta, quase à tona, por uma dor aguda que me golpeava a mão erguida, mas não consegui encontrar o caminho de volta o bastante para abrir os olhos.

Porque, através da água pesada, ouvi o som de alguém chamando meu nome.

– Ah, não, Kris, não! - gritou a voz apavorada.

– Kris, por favor! Kris, escute-me, por favor, por favor,Kris, por favor! - implorava ele.

Sim, eu queria dizer. Qualquer coisa. Mas não consegui encontrar meus lábios.

– Carlisle! - gritou ele, a agonia em sua voz. – Kris, Kris, não, ah, por favor, não, não! — e ele chorava mas não havia lágrimas, em soluços interrompidos.

Tentei encontrá-lo, dizer-lhe que estava tudo bem, mas a água era tão funda, me pressionava e eu não conseguia respirar.

Houve um ponto de pressão em minha cabeça. Doeu. Depois, enquanto essa dor irrompia pela escuridão até chegar a mim, outras dores vieram, dores mais fortes. Eu gritei, ofegando, respirando pela represa escura.

– Kris! - gritou ele.

– Ela perdeu algum sangue, mas o ferimento na cabeça não é profundo - informou-me uma voz calma. – Veja a perna dela, está quebrada.

Um uivo de raiva saiu estrangulado dos lábios de Edward.

Senti uma pontada aguda do lado do corpo. Isto não podia ser o paraíso, podia? Havia dor demais.

– Acho que algumas costelas também — continuou a voz metódica.

Mas as dores agudas diminuíram. Houve uma nova dor, uma dor fervente em minha mão que sobrepujava todas as outras.

Alguém estava me queimando.

– Edward - tentei dizer a ele, mas minha voz era muito pesada e lenta. Eu não conseguia me entender.

– Kris, você vai ficar bem. Pode me ouvir, Kris? Eu te amo.

– Edward - tentei novamente. Minha voz era um pouco mais clara.

– Sim, estou aqui.

– Isso dói - choraminguei.

– Eu sei, Kris, eu sei — e depois, longe de mim, angustiado —, não pode fazer nada?

– Minha maleta, por favor... Prenda a respiração, Alice, isso vai ajudar - prometeu Carlisle.

– Alice? - grunhi.

– Ela está aqui, ela sabia onde encontrá-la.

– Minha mão está doendo - tentei dizer a ele.

– Eu sei, Kris. Carlisle lhe dará alguma coisa, vai parar.

– Minha mão está queimando! — eu gritei, finalmente rompendo o que restava da escuridão, meus olhos se abrindo. Eu não podia ver seu rosto, algo escuro e quente toldava meus olhos. Por que eles não viam o fogo e o apagavam?

night sun - Crepúsculo Onde histórias criam vida. Descubra agora