CAPÍTULO XXIV

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Levou muito menos tempo do que eu pensava - todo o pavor, o desespero, meu coração estilhaçando-se. Os minutos passavam mais lentamente do que de costume. Jasper ainda não tinha retornado quando voltei para Alice. Eu tinha medo de ficar no mesmo ambiente que ela, medo de que ela adivinhasse... E medo de me esconder dela, pelo mesmo motivo.

Eu havia pensado que estava muito além de minha capacidade ficar surpresa, meus pensamentos torturados e instáveis, mas eu fiquei surpresa quando vi Alice curvada sobre a mesa, segurando-se na beirada com as duas mãos.

- Alice?

Ela não reagiu quando chamei seu nome, mas sua cabeça lentamente virou para o meu lado e eu vi seu rosto. Seus olhos eram inexpressivos e apagados... Meus pensamentos voaram para minha mãe. Já era tarde demais para mim?

Corri para o lado dela, estendendo o braço automaticamente para pegar sua mão.

- Alice! - a voz de Jasper foi uma chicotada e logo ele estava bem atrás de Alice, as mãos envolvendo as dela, soltando-as do aperto na mesa. Do outro lado da sala, a porta se fechou com um estalo baixo.

- O que é? - perguntou ele.

Ela desviou os olhos de mim, olhando o peito

dele.

- Kris - disse ela.

- Eu estou aqui - respondi.

Sua cabeça girou, os olhos fitando os meus, sua expressão ainda estranhamente vazia. Percebi logo que ela não estava falando comigo, estava respondendo à pergunta de Jasper.

- O que você viu? - eu perguntei, e não havia indagação em minha voz uniforme e despreocupada.

Jasper me olhou atentamente. Mantive a expressão vazia e esperei. Os olhos dele estavam confusos enquanto passavam rapidamente do rosto de Alice para o meu, sentindo o caos... Pelo que eu adivinhava que Alice virá agora.

Senti uma atmosfera tranquila em volta de mim. Eu a abriguei, usando-a para manter minhas emoções disciplinadas, sob controle.

Alice também se recuperou.

- Na verdade, nada - respondeu ela por fim, a voz extraordinariamente calma e convincente. - Só a mesma sala de sempre.

Ela por fim olhou para mim, a expressão tranquila e reservada.

- Quer seu café da manhã?

- Não, vou comer no aeroporto. - eu também estava muito calma.

Fui tomar um banho. Quase como se eu tivesse pegado emprestado o estranho sexto sentido de Jasper, pude sentir o desespero desenfreado de Alice, embora bem escondido, por eu sair da sala, por ficar sozinha com Jasper. Assim ela podia contar a ele que iam fazer algo errado, que iam falhar...

Eu me arrumei metodicamente, concentrando-me em cada pequena tarefa. Deixei o cabelo solto, balançando em volta de mim, cobrindo meu rosto. O estado de espírito tranquilo criado por Jasper funcionou comigo e me ajudou a pensar com clareza. Ajudou-me a planejar.

Vasculhei minha bolsa até achar a meia cheia de dinheiro. Eu a esvaziei no meu bolso. Peguei minha adaga e coloquei na cintura, a cobri com minha blusa.

Eu estava ansiosa para chegar ao aeroporto e fiquei feliz quando saímos às sete. Desta vez sentei-me sozinha no banco traseiro do carro escuro. Alice encostou-se à porta, o rosto voltado para Jasper mas, por trás dos óculos de sol, lançava olhares na minha direção a cada poucos segundos.

- Alice? - perguntei, indiferente.

Ela era cautelosa.

- Sim?

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