Meu amor me guia até você

Isso muda tudo

O som dos carros que passavam ao redor, dos pássaros que voavam pelo céu, de qualquer coisa que se mexesse naquele mundo agitado se abafou de repente, tornando-se apenas sons baixos e distantes, como se por um momento Kaiser estivesse longe de todos eles apesar de não ter se movido. Sua visão se limitou igualmente, focada em apenas uma coisa: no rosto do homem logo acima dele. Joui era a coisa que tinha completamente sua atenção.

Inspirou profundamente, como se somente agora lembrava-se de respirar, e o cheiro suave das flores da praça lhe trouxe uma sensação de acolhimento ainda maior do que antes. Em sua mente, era quase como se sua mãe estivesse abraçando-o, satisfeita com sua realização. O momento parecia ter sido tirado das histórias que ela contava quando era pequeno, sobre mundos onde às vezes coisas ruins aconteciam, mas tudo ficava bem depois. Histórias sobre felicidade e amor, com finais felizes porque os protagonistas delas mereciam isso, eles encontravam tudo o que precisavam uns nos outros. Kaiser nunca tinha entendido, sequer prestado atenção nisso, focado demais nos momentos ruins das histórias e então de sua vida, certo de que um final feliz não era seu destino.

"— O que você viu em mim?

— Tudo o que faltava em mim."

A resposta do outro Joui fazia sentido agora. Todas aquelas metáforas para explicar o amor, os desfechos das histórias e seus sentimentos, tudo isso estava interligado de uma forma que Kaiser apenas seria capaz de perceber e entender quando enxergasse o que sempre esteve bem na frente dele, e agora que enfim estava vendo, entendia todo o resto.

Ninguém podia criar uma definição definitiva para o amor porque cada um é diferente, desde sua origem. Alguns amores surgem em dias bonitos de sol, com uma troca de olhares rápida, um sorriso e talvez até um "bom dia". Alguns amores nascem de dias tempestuosos, em meio à lágrimas e discussões, quando tudo parece ter sido arrancado de si e nada além do amor resta no peito, porque ele é mais forte, mais insistente, algo tão particular que mesmo as mãos mais habilidosas na arte do roubo não são capazes de encostar. Em lugares, tempos e situações diferentes, mas ele sempre está lá, crescendo silenciosamente e aumentando sua intensidade até se tornar perceptível.

O amor nunca para de crescer, mas há tipos diferentes para pessoas diferentes, porque se o amor por cada pessoa conhecida fosse exatamente o mesmo, ele já não simbolizaria tanto quanto realmente é. O amor pela família, seja ela de sangue ou não, se destacava nos momentos de aperto, onde mesmo em situações de crise a união prevalecia e cada membro era acolhedor com o outro. Kaiser sentiu esse tipo de amor com Cristopher e Cláudia, seus pais de sangue e exemplos de sua vida; com Ivete, sua mãe de coração que cuidou de si após a perda deles; Arthur, sua luz e seu irmão e Thiago, seu outro irmão e herói.

Existia, também, um tipo de amor que era mais sobre risadas e memórias agradáveis, conversas longas sobre a vida e abraços apertados, como o que tinha com Bruno, seu melhor amigo de infância e Elizabeth, que apesar de nunca tão próximos, sempre seria sua amiga.

Sentia amor pela Equipe E e pela Força D, por lhe ensinarem a ter esperança e força, um amor sobre proteção e cuidado com aqueles que estão lutando ao seu lado.

E tinha Joui Jouki, o homem que fazia Kaiser sentir um amor que nunca sentiu por qualquer outra pessoa, que não começou por um dia ensolarado, um sorriso ou um olhar, nem por uma tempestade ou uma discussão. Esse amor começou simplesmente com um doce "Cesar-kun".

Joui era um homem educado e de bom caráter, ingênuo ao primeiro olhar mas determinado e corajoso, um oposto seu em qualquer característica que fosse comparada com as que Kaiser tinha, mas isso estava longe de ser uma coisa ruim. Eles aprendiam um com o outro dessa forma, e isso sim Kaiser podia afirmar com toda a certeza do mundo que sabia explicar, pois cada coisa que Joui lhe ensinou ficaria marcada dentro de si para sempre.