Sem concerto

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Movo os quadris em um ritmo envolvente, o coração disparado e minha voz mal saía por conta da cantoria. Pequenas gotículas de suor escorrem pelo meu rosto e meu braço está erguido e balançando de um lado ao outro acompanhando a música animada. Trago o copo até minha boca, o aroma encorpado da vodca misturada com qualquer outra bebida não incomoda pelo contrário, a ardência faz cócegas na garganta provocando uma sensação prazerosa.

Abro os olhos até então fechados e encaro o copo quase vazio, o entorno fazendo uma careta. A boate estava lotada e as pessoas dançavam como se não houvesse amanhã e o engraçado era que o amanhã na verdade é hoje ou seria ontem? Começo a rir desse meu pensamento confuso e me afasto da multidão de jovens que assim como eu querem apenas curtir uma quinta a noite ou sexta, já não sabia nem que horas eram.

O bar esta próximo da pista de dança e as luzes coloridas piscando freneticamente me deixam zonza, quando chego no balcão seguro o apoio com força evitando que eu caísse feio.

ㅡ O moço? – grito por cima da música. ㅡ Acabou! – aponto o copo vazio e o bartender ri da minha fala.

ㅡ O que vai querer? – ele pegou o copo de cima do balcão e jogou fora.

ㅡ Eu gostava desse copo sabe? – minha voz sai arrastada e mole. ㅡ Eu e o copo somos amigos. – observo o homem a minha frente. ㅡ Você é bem bonito em.

O bartender parecia novo e tinha uma tatuagem que cobria metade do braço direito, ele vestia uma camiseta preta e até que tinha um sorriso bonito.

ㅡ Uísque com energético por favor. – pisco pra ele que vai fazer minha bebida, aguardo e quando o bartender gato coloca o copo no balcão sorriu. ㅡ Se quiser ir dançar vou estar bem ali.

Ele apenas sorriu e voltou a atender outra pessoa, dou de ombro e volto para a pista, a música que começou a tocar era uma das minhas favoritas então me jogo acompanhando a batida. Em algum momento um cara começou a dançar junto comigo e em meio a música o beijo, eu sabia que tínhamos nos apresentado antes ou durante o beijo. Na verdade não sabia e isso nem era tão importante.

Curto um pouco mais com ele e depois vou ao banheiro, a fila estava enorme e acabo fazendo amizade com uma garota. Ela estava nervosa com o namorado ou amigo que era namorado, sua fala era um pouco confusa. Um ano depois saiu do banheiro mas o gato que eu beijei tinha desaparecido.

ㅡ Ai está você! – sinto uma mão me puxar pelo braço. ㅡ Te procurei por todo o lugar.

 ㅡ Me achou. – digo feliz  ㅡ Eu estava com saudades.

Faço um bico encarando a minha amiga, Pixie nega com a cabeça e ri um pouco, a abraço pelo pescoço e juntas vamos para onde está os nossos amigos. Procuro meu copo e não acho, será que o bartender jogou fora de novo?

 ㅡ Eu vou brigar com aquele bartender. – Pixie me olha sem entender. ㅡ Ele jogou fora o meu copo e eu perdi o outro.

A garota de cabelos curtos desatou a rir e eu a acompanhei sem entender qual era a graça, eu só queria o meu copo de volta.

 ㅡ Você está muito louca. – Pixie disse quando estávamos perto das escadas. ㅡ Cuidado com a escada em.

ㅡ O que seria de mim sem você? – subo os degraus indo para o segundo andar.

Pixie oferece seu copo e tomo um bom gole do gin gelado, era maravilhoso, seguro sua mão enquanto nos espremíamos por entre as pessoas que dançavam. Quando chegamos no final do camarote vejo o Luan conversando com o Victor e com outra garota que não conheço.

ㅡ Onde estava a maluquinha? – Luan perguntou assim que chegamos perto dele. ㅡ Sua boca está toda borrada Ana.

Limpo a boca e reviro os olhos me perguntando o porque de ainda ser amiga desse mané, tínhamos nos conhecido no primeiro ano do ensino médio. Luan tinha acabado de se mudar do Rio para São Paulo e nos demos bem logo de cara. Já a Pixie foi transferida de escola no meio do primeiro ano também e somos um trio desde então, ou melhor eles são o casal e eu a vela humana.

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