Simples momento

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O novo caso é intrigante e a linha de defesa que estamos montando é complexa, me reúno com a junta jurídica para discutirmos os aspectos e desdobramentos e embora esteja me dedicando ao máximo, não consigo deixar de pensar mulher que dorme em minha cama toda espalhada. O perfume inconfundível que vem do seu cabelo, na noite em claro. Uma noite tão repleta de amor e desejo, corpo a corpo.

Sonhamos juntos, sempre a quis nesse futuro misterioso do qual começa a se desenhar. Ana sempre foi clara e transparente pelo menos pra mim, garota forte sabia no íntimo do coração que a Bia não estava bem, sua preocupação e amor foi mostrado em cada murmúrio e oração. Sua fisionomia transparência certeza mesmo que seu coração estivesse despedaçado.

Há dias essa ideia martela na minha cabeça, quando volto pra casa e ela permanece na sua, sinto falta. Quando minha cama se torna espaçosa e não preciso dormir encolhido porque Ana não monopolizou a cama, meu peito aperta. Seu cheiro impregnando no lençol, o quarto arrumado, as coisas no lugar e todas as noites em que meu peito não é seu travesseiro me vem à certeza que de que algo importante está errado.

Sendo cedo ou não Ana quer dar esse passo comigo, conversamos por horas. O quarto iluminado por um abajur e nós dois mirando o teto, Ana mencionou o sonho de criança que à acompanha por anos. Uma casa e um piano perto da janela, um bonito sonho que talvez se  realize num futuro próximo.

Recebo uma mensagem sua ao longo do dia, seu horário de trabalho é mais flexível a possibilitando que deixasse tudo pronto pra alta da Bia. Checo as horas o expediente está quase no fim, desligo o computador e guardo as planilhas na gaveta da mesa e aceno para meus colegas ao sair. Quando chego em casa deixo a mochila no sofá e vou para cozinha, papai usava a tábua de cortar.

ㅡ Como sua mãe descasca e pica as cebolas sem chorar? – ele coçava os olhos vermelhos pela irritação.

ㅡ Não sei, deve ser um segredo. – abro a geladeira e pego a jarra de água. ㅡ Cadê ela?

ㅡ Foi com a Paula e a Carmin visitar a Júlia. – papai deixou as cebolas para conferir o fogão e desligou umas das bocas acessas. ㅡ O Pietro vem jantar aqui, já falei pra ele trazer a sobremesa.

 ㅡ Esperto você em. – puxo uma cadeira pra sentar e bebo a água.

ㅡ Ana não vem? – nego.

Papai continuou a preparar a comida e me sondando vez ou outra, sempre pacífico só esperando. Prendo o riso quando noto sua dificuldade para cozinhar, é bem provável que tenha herdado essa característica dele.

ㅡ Ana e eu conversamos sobre o futuro. – começo.

ㅡ O que você quer constituir com ela? – afirmo.

ㅡ Queremos morar juntos. – papai parou tudo que estava fazendo. ㅡ Vai queimar a comida.

ㅡ Não vai queimar. – dirigiu um olhar carinhoso. ㅡ Tem certeza disso? 

ㅡ Absoluta. – mostro firmeza. ㅡ É ela pai, queremos essa experiência e privacidade. 

ㅡ Só posso apoiar. – sorriu, sempre soube que receberia o seu apoio. ㅡ Sua mãe que vai ficar feliz, ela quer transformar seu quarto em alguma coisa.

ㅡ Ou seja, ela quer me expulsar. – papai deu de ombros.

ㅡ Expulsar você dá onde filho?

Mamãe entrou na cozinha com olhos ávidos e pronta para me defender de qualquer perigo. Começo a rir e sou acompanhando pelo meu pai, o que a deixa com uma ruga de desconfiança.

ㅡ Thiago vai morar com a Ana. – papai abriu o jogo e depois foi desligar o fogão.

ㅡ Verdade? Que notícia boa, estava mesmo querendo fazer alguma coisa com o seu quarto. – arqueio a sobrancelha, mas era audaciosa.

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