Naturalmente

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Puxo a manga do moletom a noite estava fria como sempre e o vento batia revolto no meu rosto, aperto o passo para chegar em casa, mamãe já tinha enviado algumas mensagens estranhando minha demora. Aviso que já estou no bairro para tranquiliza-la e sorriu pensando na razão da demora.

Quando fiquei sozinho no ônibus cheguei a bater um papo com o motorista que deixou escapar que a maioria dos passageiros acompanharam nossa interação, confesso que notei uma ou duas pessoas fora a senhorinha de cabelo branco e olhar amável. Contudo toda a minha concentração estava voltada para a garota de cabelos cacheados, seu intuito era descobrir um pouco sobre mim o que possibilitou que eu a desvendasse um pouco mais.

Ana é engraçada, espaçosa que adora gesticular enquanto fala e bem espevitada. Ela não tentou mascarar sua tristeza como faz sempre e como fez antes de entrarmos no ônibus, esse sentimento nem deu as caras e ali sentada naquele banco de ônibus se encontrava a verdadeira Ana. Sem filtro, maluquinha que nem se deu conta do passo que dava.
 
Nunca fui de dar voltas eu estava interessado, muito pra ser honesto e sabia o quanto mexia com suas emoções. Não duvidava da sua capacidade de esconder suas reações e sensações das pessoas que a cercam, mas por alguma razão quando estávamos perto um do outro, todos os seus esforços caiam por terra e a garota por trás da barreira conquistava aos poucos um espaço no meu coração.

Balanço o celular na mão, não tinha reparado que na hora em que salvou o seu número terminou por mandar uma mensagem para o seu próprio contato. Um emoji de um homem andando.
 
Guardo o aparelho no bolso da calça e atravesso a rua do Victor, um carro preto que nunca cheguei a ver por aqui estava parado na frente da sua casa e o Victor dialogava com um homem. Não dava para ver com clareza o que faziam até que ele entrou no carro indo embora, continuo o trajeto até estar perto do Victor que assim que percebe minha presença para perto do portão.

ㅡ Agora que você chegou? – afirmo com a cabeça e Victor solta uma gargalhada. ㅡ Tia Maria vai te esfolar vivo Thiago.

ㅡ Acha que eu já não avisei? – deixo uma risada escapar.

ㅡ É bem filhinho da mamãe. – a entonação ácida não incomodou, não tinha nenhum um problema com essa afirmação.

ㅡ Amigo novo? – indico a rua vazia por onde o carro acabou de passar.

ㅡ Sim, um amigo que conheci numa festa semanas atrás. – seus olhos seguiram para o asfalto, alguma coisa estava errada.

ㅡ Certeza que é um amigo? – Victor se mexeu desconfortável.

ㅡ Claro que é certeza. – analiso sua postura.

ㅡ Se é só um amigo porque está tão nervoso?

Alguma coisa tinha acontecido a pouco, Victor estava mais branco que um papel e não tirava suas mãos do bolso claramente escondendo alguma coisa, e se eu esforçasse um pouco a visão veria até o suor escorrer pelo seu pescoço.

ㅡ Corta essa Thiago. – Victor exclamou impaciente. ㅡ Tem uma coisa que queria te perguntar.

ㅡ Só falar. – sua tentativa de mudar o rumo da conversa só confirmou minhas suspeitas.

ㅡ Falei com a Soledad esses dias. – espero a continuação. ㅡ A garota é toda gamada na sua, não entendo porque não sai com ela.

ㅡ Isso não soou como uma pergunta, mas respondendo não estou interessado nela assim. – sua feição ganhou um ar mais suave. ㅡ Porquê tenho a sensação de que você está querendo me enrolar?

ㅡ Você está enganado ok? – Victor deu alguns passos para o outro lado da calçada. ㅡ Os anos passam e você não deixa de ser o paranoico de sempre. – desconversou como de costume.

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