05| controle

4.9K 403 151
                                    


Eu perdi o controle.

Quando dei conta do que fiz já era tarde, não tinha como voltar atrás. Eu havia machucado Lyra e isso era tudo o que eu não queria. Sua bochecha direita estava roxa, um humano precisaria de muita força, ou uma sequência de tapas para chegar ao estado que eu a deixei. Com um único tapa.

Me senti pela primeira vez verdadeiro monstro. Machucando quem era importante pra mim. Eu não tinha sentimentos pela garota, mas eu não tinha coragem de a encarar depois daquilo. Apesar de não sentir nada, ela foi feita para mim.

Assim como eu fui feito pra ela.

— Você enlouqueceu Alec? Poderia tê-la matado! — Félix diz quando chegamos ao seu quarto depois dele me tirar de perto de Lyra.

—  Cazzo! Diavolo, ho perso completamente il controllo. — resmungo passando as mãos no cabelo. — Eu preciso falar com Lyra, preciso me desculpar. — digo indo na direção da porta, mas sou barrado por Dimitri, que se põe na minha frente.

— Está louco? Depois do que você fez ver você é o que ela não quer e muito menos precisa. Ela teve sorte de estar viva, um tapa seu poderia ter arrancado a cabeça dela Alec.

— Saia! — eu rosno. Mas Dimitri apenas cruza seus braços e me olha cansadamente. — Eu mandei você sair Dimitri. — eu digo baixo.

— Quer passar? Vai ter que brigar comigo, e nós sabemos que você não é melhor do que eu no corpo a corpo. — ele diz deixando um rosnado sair pela boca.

Uma sequência de rosnados se inicia, parecia até um canil.

— Já chega! Podem parar os dois. — olho para minha irmã que retira seu gorro assim que surge na porta. — Alec, você foi imprudente, sei que é difícil, mas Félix e Dimitri estão certos em repreende-lo. Mas eu gostaria de saber o que ela falou para você agir de tal maneira. — ela cruza as pernas, sentada na cama de Félix.

— Ela me irritou, isso basta! — digo hostil. E sinto meu corpo se arcar com uma dor transferida a mim.

J-jane.

— Sou sua irmã, fale de maneira decente para que eu não precise domestica-lo. — ela diz e sinto a dor parar. — Anda, diga logo. — ela pede.

Explico o básico, sem mencionar as palavras dela — as que me atingiram — Félix parece decepcionado comigo, o que me irrita profundamente.

Porque ele é tão preocupado com Lyra?

No dia seguinte, atendo aos mestres que parecem reparar no clima estranho entre eu, Dimitri e principalmente Félix.

Aro nos observa com cautela, como se soubesse que iríamos nos atacar a qualquer momento.

O que provavelmente acontecia.

Por dois motivos.
Primeiro: pela noite passada. Segundo: pela preocupação excessiva de Félix por Lyra, que faz isso mexer com minha cabeça.

Jane se mantém mais neutra, Não demonstrando tanto. Porém seu olhar atento a mim.

As horas se passam e quando vejo Heidi chega com nosso almoço. Era uma boa remessa, daria três humanos pra cada vampiro no salão. Após me alimentar do meu último vejo Félix sussurar para Dimitri que iria ver como Lyra estava e ele sai da sala dos tronos.

— O que ele pensa que está fazendo? — pergunto me aproximando de Dimitri.

— Ele foi levar levar o almoço de Lyra e ver como a mesma está. Tenha calma Alec.

— Ele parece se preocupar muito com ela. — resmungo.

Dimitri solta um sorriso irônico.

— Se preocupe quando eu começar  ronda-la, Félix a tem como uma amiga Alec, apenas uma amiga.

Um rosnado sai involuntariamente tirando mais risos de Dimitri.

— Pra quem não sente nada... é ciúmes isso que vejo?

— Com certeza não!

Ajudo a recolher os corpos quando mestre Aro me chama. Pedindo que eu vá buscar Félix para uma missão na cidade vizinha.

Ando pelos corredores até chegar na ala do meu quarto, eu consigo ouvir Lyra rindo de algo, e a voz de Félix junto.

Eles pareciam achar algo engraçado. Porque ela sempre ri com ele? O que ela tem com ele? Eles tem algo?

Porque estou me preocupando com isso?

Abro a porta tendo a visão de Félix e Lyra deitado um ao lado do outro na cama.

— O que tá acontecendo aqui? — pergunto alterando o olhar entre ambos. — porque estão deitados juntos? — pergunto com raiva.

— Estávamos assistindo Alec, nada demais. — Félix responde.

Lyra tinha seu olhar em mim, mas havia se movimentando na cama, se afastando um pouco mais para perto de Félix que agora estava sentado com as costas apoiada na cabeceira da cama.

— Os mestres estão lhe chamando. — digo vendo Félix olhar preocupado para Lyra, isso faz com que eu quase solte um rosnado.

— Vá, não pode deixá-los esperando. — porque ela sorri tanto pra ele?

Após Félix sair, eu olho diretamente para o grande hematoma em seu rosto.

Eu havia feito aquilo. Céus! Eu não pude deixar de me xingar de monstro incontáveis vezes.
Eu queria pedir desculpa, até iria me ajoelhar, mas eu sabia que ela precisava de espaço.

Precisava de tempo.

Abaixo a cabeça e saio do quarto fechando a porta. Mas se eu pudesse chorar pelas palavras que escutei antes de me afastar, eu choraria.

Eu te odeio Alec Volturi.

Corro até Félix o empurrando contra a parede pelo pescoço. Félix solta um rosnado para mim e empurra para longe.

— Qual o seu problema Alec? — ele pergunta furioso se aproximando enquanto eu adoto uma postura de ataque. Ele repete o movimento.

— Qual é o seu problema Félix. Porque está tão próximo de Lyra?

Félix me olha com ar zombeiro e solta uma risada nasal. Me deixando ainda mais puto.

— Então é isso... está com ciúmes? Jura Alec? Não se garante não? — pergunta com deboche.

— Você tá gostando de Lyra, é isso? Sinto muito em dizer mais vocês não vão rolar, ela é destinada a mim, então procure outra humana.

— Por Deus Alec! Eu não sinto nada por ela além de amizade. De todas as mulheres do mundo, Lyra não está na lista de quem eu quero comer. Apenas a vejo como uma amiga, até mesmo uma irmã. Pelo menos estou começado a gostar da sua humana de estimação.

— Não fale dela desse jeito, ela não é nenhuma coisa para se comer.

Félix da uma risada ajeitando sua postura, deixando o clima um pouco mais leve.

— Relaxa Alec, eu não tenho nenhum interesse na sua garota. Sou seu amigo cara, jamais faria isso. — ele responde a última parte parecendo ofendido.

— Ela não é minha garota.

— Ainda. — ele me olha sorrindo malicioso. — Qual é Alec, nós dois sabemos que você está louco para tê-la, das duas formas. Seu moleque safadinho. — rolo os olhos arrumando a minha postura.

— Você é um idiota. Eu não quero comer Lyra. — dessa parte eu me pergunto mentalmente se realmente não quero.

Eu queria fazê-la minha?
Queria finalmente reivindica-la somente minha, para sempre?

Talvez eu quisesse, mas seria pelo laço de companheiros?

Ah, droga. Eu teria que descobrir o que eu quero.

— Vamos, pare de sonhar acordado e vamos até os mestres. — ele diz chamando minha atenção. — Tu fez uma grande merda Alec, trate de consertar! — ele diz dando as costas pra mim.

É. Eu tinha que arrumar essa bola de fogo que criei.

Eu tinha que ter o perdão de Lyra.

𝐂𝐎𝐌𝐏𝐀𝐍𝐇𝐄𝐈𝐑𝐀「𝐚𝐥𝐞𝐜 𝐯𝐨𝐥𝐭𝐮𝐫𝐢」PAUSADAOnde histórias criam vida. Descubra agora