13| poder

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Fazia dias que Lyra não saia do quarto, ela não deixava ninguém além de Félix, Dimitri ou até mesmo minha irmã Jane entrar. Toda vez que eu precisava entrar, alguém que fazia companhia para ela aparecia na porta e pegava o que eu precisava. Depois dela ver seus pais mortos, Lyra desabou no chão inconsciente sendo amparada logo em seguida por Félix que após levá-la até o quarto, me deu uma tremenda surra. Eu não conseguia reagir, muita menos usar o meu dom para o fazer parar. Dimitri foi outro que socou a minha cara, trinta socos, sequenciados. Já Jane, me deixou agonizando de dor por longos minutos, até veias pretas aparecerem sinalizando que eu perderia minha cabeça pela dor insuportável que ela causou, dirigida principalmente a minha cabeça.

Não é agradável. Já vi Jane matar vampiros assim, focando seu dom na cabeça da sua vítima até a dor conseguir por conta própria remover a cabeça do corpo.

Aro estava ciente do que ia acontecer naquele dia, mas a princípio, não seria eu a matar os pais de Lyra. Marcus não deu uma única palavra, e Caius, bem, ele é sádico. Adorou a cena e o que ela causou na humana.

Sete dias depois passo pela porta do quarto e não escuto nada, muito menos o som do coração dela. Abro a porta e vejo o lugar vazio, mas logo escuto sua risada vindo do corredor.

— Obrigada Félix, você apesar de parecer um ogro, é a minha pessoa preferida aqui dentro.

— Estou aqui sempre que precisar. É bom ver seu sorriso pela primeira vez depois daquele dia.

Apareço na frente deles fazendo Lyra se esconder atrás de um Félix que toma uma postura protetora.

— Você entre no quarto e você saia. Chega dessa besteira de fugir de mim garota!

— Besteira? Você matou os pais dela Alec! Não seja absurdo.

— Eu mandei você ir Félix! Da minha companheira cuido eu, sei o que é melhor pra ela.

Ela ri, zombando da minha cara.

— Sabe mesmo? Você é tão estúpido! Você não imagina a semana turbulenta que essa menina passou, você a destruiu, quase a matou Alec.

Eu nem cheguei perto dela, nem tive como.

— Claro que não sabe do que eu estou falando... Eu tenho pena de Lyra por ter um companheiro como você, sinceramente Alec, você não merece alguém tão brilhante como ela. — ele se volta pra ela. — Qualquer coisa grite, mas enfrente isso Lyra. — ela acena com a cabeça e Félix se vai.

Lyra me olha assustada e anda até o quarto passando por mim sem me olhar.

— Lyra...

— Não! Por favor vá embora. Eu já terei que aturar e odiar você pela eternidade, então não faça meus últimos dias como humana pior do que já está sendo.

— Não terá que se preocupar com seus pais mais, agora pelo menos eles pararam de sofrer por perderem a filha e...

— CHEGA! — ela grita horrorizada. Seus olhos alarmados em minha direção. — Eu preferia eles vivos e me procurando do que mortos na minha frente, mortos por aquele que o destino se refere como minha alma gêmea. Facilite as coisas e suma da minha frente, eu sabia que você era uma criatura execrável, mas nunca me passou que você era de fato a monstruosidade que ouvi falar. — lágrimas correm pelo seu rosto. — EU DESPREZO VOCÊ, PODE TER CERTEZA QUE NINGUÉM NUNCA VAI ODIAR VOCÊ COMO EU ALEC! — seus gritos são altos e sem dúvidas que todos ouviram sua raiva.

Mas o inesperado aconteceu.

Eu não sabia como, mas eu fui lançado para fora do quarto, atravessando a parede e criando um grande buraco pelo impacto. Se eu fosse um humano, teria morrido, mas apenas fiquei ali, caído no corredor do castelo olhando a figura assustada de Lyra enquanto passos se aproximavam.

Aro, Caius, Marcus, assim como minha irmã, Dimitri, Félix e muitos outros se aproximaram ao escutar o estrondo do meu corpo se chocando na parede.

Aro pega a minha mão ao se aproximar e olha surpreso, abismado, curioso e fascinado na direção de Lyra e logo pega sua mão para ver.

— Minha nossa!

Os olhos de Lyra se reviram e antes dela cair no chão inconsciente, é amparada pelo mestre.

— Parece que a jovem Lyra acaba de descobrir que tem um dom. Um dom muito poderoso por sinal. — ele coloca ela na cama e olha para Santiago. — Mande chamar Eleazar Denali. — ele diz e Santiago rapidamente se retira.

— O que aconteceu? — Jane pergunta ao se aproximar de mim.

— Eu não faço ideia. Estavamos... enfim, vocês ouviram e então eu fui lançado com tudo por uma força invisível. Lyra não se mexeu, não fez nada apenas me olhava com fúria e mágoa até isso acontecer.

— Quando Eleazar chegar, vamos descobrir qual o dom da sua companheira Alec. Enquanto isso se mantenha afastado, saia para caçar e quando o Denali chegar, eu peço que volte.

Quando Eleazar chegou em Volterra acompanhado de sua companheira Carmen Denali, Aro explicou o ocorrido e pediu para chamar Lyra que já estava acordada após seu desmaio.

Quando ela entrou na sala dos tronos seu olhar se encontrou rapidamente com o meu. Eu estava perto do mestre Caius, e me aproximei quando Aro apenas olhou para mim.

Eleazar apenas com um olhar pode saber qual o dom de Lyra.

— Telecinésia. — ele diz. — Seu dom é a capacidade de movimentar, manipular, abalar ou exercer força sobre um sistema físico sem interação física, apenas usando a mente.

— Dom? Aquilo então...

— Sim, mas me pergunto porque só agora ele se mostrou. — Aro comenta.

— Disse que ela estava furiosa, acredito que seu poder desabrochou por conta do turbilhão de emoções.

— Então a raiva excessiva dela fez isso, mostrou seu dom.

— Sim. Como um tipo de alto defesa. — ele me olha. — Você tem sorte de ser um vampiro Alec, de fosse humano já estaria mais vivo.

É, eu sei bem.

— Como isso... Hum, funciona? — ela pergunta para Eleazar.

— Tem que ser treinada. Um dom como esse precisa de controle ou pode fazer grandes estragos. — ele olha para Aro. — Se permite, eu poderia ficar em Volterra e ensina-la.

— Magnífico! Começamos amanhã, quero acompanhar o treinamento e ver a capacidade da jovem Lyra. Jane querida, mostre aos nossos convidados seus aposentos.

— Sim mestre.

Apenas uma coisa se passava pela minha cabeça.

Eu estava ferrado e Lyra sabia disso.

Eu não precisava prever o futuro para saber que seria arremessado incontáveis vezes.

Lyra me olha e sorri de forma sarcástica, e eu não fui o único que reparou isso.

A vingança é um carma.

𝐂𝐎𝐌𝐏𝐀𝐍𝐇𝐄𝐈𝐑𝐀「𝐚𝐥𝐞𝐜 𝐯𝐨𝐥𝐭𝐮𝐫𝐢」PAUSADAOnde histórias criam vida. Descubra agora