Capítulo 24

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| Naomi narrando |

É hoje. Eu simplesmente não sei explicar como essas duas semanas com o meu sobrinho foram maravilhosas, mesmo com certos momentos. Aconteceram muitas coisas, desde um pequeno relacionamento romântico do Natan até descobrir super poderes e um mal maior. Uau! Queria ficar aqui por mais um tempo, mas isso não vai ser possível... Então, o que posso fazer é aproveitar até o último segundo do dia de hoje com o meu sobrinho.
Ainda tenho algumas horas antes de ir embora, já que só vou de noite:

- Natan, querido, já acordou? - bati na porta do seu quarto.
- ... - não obtive resposta.
- Natan? - abro a porta - Cadê ele?! - falo quando vejo sua cama vazia.

Como não o achei no quarto, comecei a procurar:

- Natan? - olhei no banheiro - Nataniel? - olhei no escritório - Nataniel? - comecei a ficar preocupada.
- Tia Naomi, eu to aqui na sala. - ele gritou.
- Nataniel, você me assustou! - falo enquanto vou indo até o mini projeto de homem adulto responsável com uma cara de alívio.
- Bom dia... - ele diz se levantando do sofá.
- Bom dia! Você dormiu aqui na sala hoje? - pergunto ao ver um cobertor amontoado e uma pilha de almofadas acumuladas.
- Não era essa a intenção. Eu vim assistir um filme e acabei pegando no sono...
- Entendi, mas agora venha me ajudar a preparar o café da manhã!
- Já estou indo. - ele falou bocejando.
- Vou fazer ovos mexidos! Você pode cuidar do suco de laranja?
- Cuido. Sabe, tia, você parece estar tão cheia de energia! Está feliz que vai se livrar de mim logo? - meu sobrinho fala brincando.
- Claro que não. Eu estou feliz porque vou aproveitar até o último minuto do dia com você, bom... na verdade, até eu ter que ir embora.
- Então iremos aproveitar o dia ao máximo!

Fizemos cada um a nossa parte e terminamos rapidamente. Nós nos servimos e sentamos à mesa. Nataniel foi o primeiro a atacar a comida, porém depois de uma garfada, empurrou um pouco o prato com o dedo indicando que não queria mais:

- Você mal comeu. Está tudo bem? A comida está ruim?
- A comida está muito boa, apenas não desceu muito bem... acho que ainda não estou cem por cento... - ele comentou um pouco sem jeito.
- Natan, me desculpe! Eu achei que você já estava melhor, por isso fiz ovos mexidos! - disse me sentindo culpada.
- Não se preocupe, tia. Vou tomar meu suco e comer uma fatia de pão com geleia. - ele tenta me animar com um sorriso.

Ainda me sentia culpada por não ter levado em consideração ele ainda não estar totalmente bem,  no entanto, como o Nataniel falou para não me preocupar, tentei esquecer.
Após o café, eu lavei a louça e fui para a sala, onde Natan estava assistindo um filme. Me sentei ao seu lado e o abracei:

- É sobre o que?
- Conta a história de um garoto que discutiu com o namorado, e pouco tempo depois dessa briga o namorado começou a beber e se matou. Então o garoto começou a se culpar e guardar todos os sentimentos dentro de si, até conhecer um novo amigo que o ajudou a superar seus traumas. Esse filme também fala sobre a música e como ela pode ser libertadora.
- Filme LGBT? Adorei!
- Você é realmente bem diferente da minha mãe, tia, mesmo sendo irmãs. Se ela estivesse aqui, ela não iria me abraçar e se soubesse o filme que estou vendo, ela provavelmente iria brigar comigo e querer queimar a televisão!
- Ela sempre exagerou muito! Para falar a verdade, eu sou diferente de todos na minha família, eles sempre foram tão 'tradicionais'.
- Odeio essa parte de tradições da minha mãe. - ele fala cruzando os braços.
- Eu também odeio essas tradições todas! Eu quero ser livre! Não quero ficar vivendo no passado! - decretei!
- Liberdade! - meu sobrinho gritou erguendo o braço.
- Liberdade! - faço o mesmo me sentindo toda empoderada.

Quando o filme acabou, jogamos alguns jogos de tabuleiros, assim tendo passado horas muito divertidas com o Nataniel.
Na hora de ir embora:

- Você tem mesmo que ir? - ele perguntou todo manhoso.
- Tenho, querido... - não queria ir, mas eu precisava.
- Quando você vem de novo?
- Talvez nas suas férias, mas não poderei ficar muito tempo.
- Eu queria ficar mais um pouco com você! - ele me abraçou.
- Eu sei, eu também queria. - algumas lágrimas desceram pelo meu rosto.
- Eu vou cumprir a minha promessa. Vou ir te visitar de vez em quando...
- Será sempre bem vindo! - digo com um sorriso.
- Toma cuidado na estrada!
- Vou tomar, não se preocupe.
- Vou sentir saudades! - ele me abraçou forte.
- Vou sentir saudades sua também, seu mini projeto de homem adulto!
- Ei! Kkkk! - o garoto ri. Eu adoro vê-lo gargalhar!
- Quê foi? Não é todo adolescente que consegue se sustentar e ter a própria casa!
- Eu te amo, tia!
- Eu te amo, Nataniel! Agora eu tenho que ir... - novamente as lágrimas caíram por meu rosto.
- Me liga quando chegar.
- Vou ligar. Até a próxima, docinho! - passei minha mão no seu cabelo.
- Até! - ele me dá mais um abraço e me deixa entrar no carro.

Amaya Mells, a guerreira do tempoOnde histórias criam vida. Descubra agora