Capítulo 18

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| Amaya narrando |

Um dia se passou desde que tive febre e eu estou pronta para a batalha de hoje. Eu vou sair bem cedo para não ter problemas com meus pais. Eu me troquei, fiz minhas higienes, arrumei minha bolsa e tento descer às escadas sem fazer barulho, mas minha mãe já estava acordada:

- Mocinha? Aonde vai tão cedo? - franziu uma sobrancelha.
- Eu?... Eu vou me encontrar com uns amigos... - falei tentando inventar uma desculpa.
- Que amigos? - ela estava desconfiada.
- V-você não os conhece... - nessa eu menti bonito, hein.
- Jura? Então não vai! - ela decretou.
- Mas mãe... - falo birrenta.
- Eu já disse que você não vai! - colocou firmeza em sua voz.
- Por quê? - começo a me estressar. - O Arthur sempre sai para qualquer lugar sem ninguém impedir ele!
- É diferente, ele tem 19 anos! - ela começou a se irritar também.
- Sempre essa desculpa, né? Enquanto ele pode ser livre, eu sou 'obrigada' a ficar presa nessa casa! - dou ênfase em "obrigada".
- Amaya, vai para o seu quarto e não saia de lá até eu mandar! - ela grita.
- NÃO PRECISA SE PREOCUPAR, EU VOU FICAR LÁ ATÉ MOFAR! - depois de berrar, subi as escadas correndo, bati e tranquei a porta.

Eu me joguei em minha cama e fiquei pensando em como só queria proteger todos.

| Quebra de tempo |

Após horas, escuto alguém batendo na minha porta:

- Minha pequena luz? Eu posso entrar? - minha mãe mexe na maçaneta.
- Saí daqui! - falei chateada.
- Amaya, por favor... - ela diz, mas eu não respondo nada.

Ao escutar minha mãe se afastar da porta e descer as escadas, passa por minha mente realizar uma fuga.

| Quebra de tempo |

Depois de muito tempo pensando, eu decidi sair pela janela, andar pela beira do telhado, pular para uma árvore e descer para o chão. Nunca tentei algo do tipo, mas era agora ou nunca. Eu me preparei para a escapada e ao finalizar meu plano, corri para o parque.

| Amada narrando |

Já eram quase 20:00 hrs. Amaya não comeu nada o dia inteiro.
Eu comecei a ficar preocupada com minha filha, subi novamente para o quarto dela e tentei abrir a porta, porém, não obtive sucesso. Decidi ligar para ela, no entanto, falava que o celular estava desligado ou fora de área. Assustada e temendo o pior, vou para o lado de fora da casa e sigo andando até poder ver sua janela. Para a minha infelicidade, ela estava aberta e com as cortinas para fora, o que não era um costume da minha pequena luz. O que eu pressentia aconteceu. Minha filha, minha querida Amaya, havia fugido de casa.
Não conseguia tirar nossa briga de minha cabeça. Eu era a culpada de sua escapada. Desesperada e sem conseguir pensar, entro para dentro e vou falar com meu marido:

- Oliver, a Amaya não está no quarto dela! - chego nele chorando.
- Você tem certeza? - ele nem estava prestando muita atenção.
- Tenho... - comecei a chorar desesperadamente.
- Se acalme. Eu vou ligar para ela! - ele suspirou.
- Eu já tentei isso.
- Hum... - ele fez uma cara de pensativo - Tentou falar com os amigos dela?
- Ainda não... - eu sequei algumas lágrimas.
- Vamos fazer isso então. Eu vou telefonar e mandar o Arthur vir para casa. - disse o Oliver pegando o celular.
- Eu vou passar nas casas da Amanda e da Elisa. - digo pegando minha bolsa e a chave do carro.
- Tome cuidado! - ele alerta e deposita um suave e rápido beijo em meus lábios.
- Vou tomar! - eu retribuo o ato de amor e carinho dele com um sorriso.

Eu saí correndo para o carro e ao entrar, vou o mais rápido possível para as casas das duas.

| Quebra de tempo |

Ao chegar, chamo primeiro na casa de Elisa, e por sorte ambas estavam lá:

- Tia Amada? O que faz aqui? - indagou a Amanda.
- A Amaya está aqui? - pergunto com voz e cara de choro.
- Não, por quê? - ambas respondem e questionam em coro.
- Ela fugiu de casa! - assim que me relembro de tudo, as lágrimas voltaram a escorrer pelo meu rosto.
- O que?! - as duas falam surpresas e me abraçam.
- Não se preocupe, ela vai aparecer! - Elisa tentou me animar.
- Você já falou com o Nataniel? - Amanda disse.
- Não, ainda não. Vou ligar para ele... - ao falar, fiquei com um peso ainda maior na consciência, afinal de contas, é ele que sempre me ajuda quando o assunto é a Amaya.

Amaya Mells, a guerreira do tempoOnde histórias criam vida. Descubra agora