Capítulo 2 - O misterioso loiro dos olhos verdes.

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          O sol começava a nascer. Seus raios batiam em meu rosto, atrapalhando o meu sono. Eu estava no meu quarto, deitada com as mesmas roupas de ontem. E ao ver meu celular, bisbilhotei as horas. Era cedo.

          — O que aconteceu ontem? — perguntei para mim mesma, a única presente no recinto. — Minha cabeça está doendo e, para ajudar, não me lembro de nada.

          Continuei falando sozinha. Não era estranho para mim, na verdade, já até havia me acostumado a ter somente a minha própria companhia.
          Não conseguia voltar a pegar no sono, então, desliguei meu alarme e fui tomar um banho.

*****

          Ao sair do chuveiro, me sequei e voltei para o meu quarto, precisava caçar meu uniforme, afinal, era segunda.
          Coloquei a calça de moletom e a camiseta do colégio. Procurei meu agasalho, o vesti também e me joguei na cama, fazendo um pouco de barulho.

          — Amaya, você acordou, filha? — minha mãe perguntou com uma voz surpresa após ouvir o som.
          — Acordei.
          — E-eu... eu posso entrar? — me parecia um tom... aflito? O que aconteceu?
          — Entra aí.

          Ao vislumbrar a face de minha mãe, eu sabia. Algo aconteceu. Tal coisa, não estava certa. Seus olhos lacrimejavam. Suas mãos não paravam quietas por um único segundo. Sua voz então, nem ia à fora. O que diabos aconteceu na fatídica comemoração do meu nascimento?

         — Mãe...? — um abraço me é dado de repente.
         — Filha, não faça mais isso! — ela começou a chorar e... soluçar? Alguém me fala o que está acontecendo, por favor!
         — Mãe, o que aconteceu?
         — Vo-vo-você des... — meu pai surge do nada e a tira de cima de mim, a confortando com um abraço. Ele também parecia estar aliviado.
         — Você desmaiou, Amaya.
         — Se foi só um desmaio, por que tanto choro?
         — Porque você dormiu por um dia inteiro. Chegamos a chamar um médico que atende em domicílio, contudo, nada estava errado. Ficamos preocupados. Arthur também. Tinha que ver quando um menino misterioso veio nos ajudar com você, ele quase o mordeu.
         — Mas hoje é segunda... meu aniversário foi ontem — "menino misterioso"? Quem será que era? Não me lembro...
         — Seu aniversário era sábado, querida, não domingo.
         — Jura? Realmente não me lembro de muita coisa. Principalmente, desse tal "menino misterioso" que falam.
         — Ele estava na festa, deveria ter vindo com algum convidado. Nós não o conhecíamos e, suas amigas, do mesmo modo, não demonstravam saber quem era.
         — Entendo...
         — Q-querida, v-você está m-melhor? — minha mãe se restabelecia aos poucos.
         — Estou ótima!
         — N-não acho que seja o ideal ir à e-escola hoje... — ela comentou enquanto me encarava ainda abatida.
         — Estou bem, juro. Eu quero ir — na verdade, não. Eu não quero ir. Mas é melhor do que ficar em casa sendo vigiada o tempo todo.
         — Mesmo, filha? — meu pai parecia estar com a minha mãe.
         — Mesmo — dei um falso riso para ambos. Espero que não tenham percebido.
         — Vou fazer o seu café da manhã então — ela retribuiu meu sorriso com a sua risada maravilhosa. Mesmo que ainda esteja preocupada, é bom vê-la feliz.

         Assim que meus pais saíram do quarto, levantei novamente. Queria apreciar a vista da minha janela, para mim, é terapêutico. Todavia, não fui longe. Assim que fiquei de pé e dei dois passos, caí ao chão por culpa de uma enorme dor de cabeça, e também, uma crise de tonturas.

| Flashback |

          — Surpresa! Feliz aniversário, Amaya!
          — Ah, obrigada...

Amaya Mells, a guerreira do tempoOnde histórias criam vida. Descubra agora