Amaya Mells, a guerreira do tempo

Capítulo 32

| A segunda geração dos guardiões |

| Amaya narrando |

Após os primeiros guardiões do equilíbrio, terem falhado em sua missão, seus poderes foram passados para a seguinte geração:

- Vamos lá, pessoal! - gritou Jade.
- Vai com calma! - Castiel respondeu com dificuldade em acompanhar a garota.
- Pare de enrolação! - a garota parou e agarrou a mãe do menino - Assim você talvez consiga me acompanhar! Hahaha!
- Jade, Castiel está certo! Precisamos descansar por 5 minutos! - Demétria falou.
- Concordo com a Demétria. Você é demasiadamente rápida! - Éolo exclamou ofegante.
- Mas assim vamos perder o pôr do sol... - Jade disse triste.
- Não se preocupe, ainda temos tempo. - Dylan comentou.
- Tudo bem então... vamos descansar por 5 minutos e depois continuamos. - a menina ainda estava cabisbaixa.

| Jade narrando |

Passou-se um tempo e voltamos a caminhar. Estávamos indo para um penhasco, onde se tem uma bela visão do horizonte. Não era sempre que fazíamos isso, mas adorávamos ir quando tínhamos oportunidade.
Andamos bastante, e chegamos com algum tempo de sobra. Decidimos nos acomodar perto da beira do penhasco antes que o sol começasse a se pôr e esperamos.

| Quebra de tempo |

O céu estava lindo! A cada segundo que passava ganhava cada vez mais tons alaranjados. Foi quando decidimos ir embora e estávamos nos levantando que um vento muito forte começou a soprar.
Não sabíamos o que estava acontecendo e naquele exato momento, Castiel perdeu o equilíbrio e acabou caindo. Ele se segurava na beirada do penhasco. Tentamos ajudar, mas não foi o suficiente. No momento em que sua mão se soltou e eu o vi cair, quase me joguei atrás dele. Para eu não cair também, me seguraram, mas estava desamparada. Me ajoelhei e gritava seu nome com todas as minhas forças:

- CASTIEL, NÃO! - foi então que entre um dos meus gritos, o meu ao redor parou. Apenas eu conseguia me mexer, todos estavam paralisados. Não acreditava no que estava acontecendo - E-eu fiz isso? - fiquei apavorada.

Fechei os olhos e vi o que acabara de acontecer:

- Não acredito... eu parei o tempo... - suspirei fundo e fechei os olhos mais uma vez, porém tudo tinha voltado ao normal, exceto pelo fato de Castiel ainda estar sentado ao meu lado - O que está acontecendo? Foi um sonho?
- Jade, você está bem? - ele me olhou preocupado.
- Eu que devia perguntar isso para você! - respondi enquanto olhava em seus olhos.
- O quê? Por quê? Na verdade, esquece... estamos te chamando e você não responde! Nós já vamos ir embora. Anda, temos que ir antes de escurecer. - ele dizia enquanto se levantava e os outros, já de pé, nos observavam um pouco afastados.
- T-tá bom... - quando estava me levantando, novamente aquele vento bateu, fazendo com que o Castiel se desequilibrasse outra vez - CASTIEL!

Eu o agarrei e me joguei no chão. Ele caiu por cima de mim, totalmente corado, mas grato:

- Castiel! - abracei o seu pescoço e comecei a chorar.
- Jade! Castiel! Vocês se machucaram? - os outros vieram em nossa direção.
- Jade? Por que está chorando? - ele me olhou aflito.
- Eu achei que você fosse cair de novo! - o apertei ainda mais.
- Cair de novo? - seu olhar estava confuso.
- Você estava sonhando acordada? - Éolo brincou com a minha cara.
- Jade, o que você quis dizer com cair de novo?
- Eu vi você caindo do penhasco, Castiel! Eu tentei te segurar, mas não deu tempo! Você estava caindo! - eu o soltei e me sentei - Eu estava gritando e os outros me seguraram para não cair também! Até que de repente tudo parou de se mexer e eu vi que tinha parado o tempo! Depois eu fechei os olhos e você estava do meu lado como antes!
- Eu acho que você estava imaginando coisas... - Demétria opinou perplexa.
- Não foi a minha imaginação! Foi real! Foi assim que eu consegui ter esse reflexo e o puxar para mim! É porque eu sabia o que iria acontecer!
- Você está louca... - Dylan comentou confuso.
- Na verdade... eu acho que acredito nela... - Castiel olhava pensativo para o chão - Ela nunca teve bons reflexos...
- Olhando por esse lado... - Éolo e Demétria falaram em tom uníssono.
- Acreditam em mim? - falei com um sorriso fraco e meu rosto pálido.
- Acreditamos. Mas você está bem, Jade? - Castiel me encarava constantemente de uma forma inquieta. Ele percebeu que eu não estava bem.
- Que bom... - disse enquanto ficava inconsciente.

| Quebra de tempo |

Acordei somente depois de muito tempo, deitada em minha cama. Quando me mexi e ergui o rosto, vi que Castiel estava sentado numa cadeira com a cabeça na minha barriga enquanto segurava a minha mão. Ele estava dormindo, mas sua feição era de aflição e medo. Não era novidade essa nossa proximidade, desde crianças sempre cuidamos um do outro.
Tentei levantar sem acordá-lo, mas não funcionou:

- Jade? - ele levantou a cabeça rapidamente e me encarou.
- Bom dia. Desculpe te preocupar...
- Ainda bem! - ele me abraçou - Fiquei com medo de você não acordar!
- Você está exagerando um pouco! Haha!
- Você dormiu por mais de um dia! Logo, logo, o céu estará completamente escuro!
- Dormi por tanto tempo assim?! - levantei rapidamente e fui até a janela - Uau! No entanto, ainda estou tão cansada!
- Não devia se levantar tão rápido! Venha, deite-se. Vou pegar alguma coisa para você comer.
- Certo... - não compreendia o que estava acontecendo, mas sei que não era normal.

Com o tempo que passava, descobrimos que eu não era a única com dons. Todos os meus amigos controlavam um elemento. Castiel, o fogo; Dylan, a água; Éolo, o vento; Demétria, a terra; e eu, o tempo e a energia espiritual.
Para aprendermos a controlar os nossos poderes, todos treinamos juntos diversas vezes.
Depois de um ano, quando ganhei mais experiência no uso dos meus talentos, eu tive um vislumbre do passado e vi a história de Dália, a primeira guerreira do tempo.
Contei para os meus amigos e decidimos criar um plano e botá-lo em prática quando estivéssemos prontos. Tal peripécia demorou mais tempo do que imaginamos. Despertei meus poderes com 16 anos e quando estávamos prestes a colocar o esquema em prática, todos já tinham 18.

| Quebra de tempo |

No dia em que colocamos nosso plano em prática, voltamos para o penhasco. O clima de lá estava diferente, dava para sentir.
Eu abri o portal e ao passarmos pelo portal, só víamos destruição e trevas. Ficamos com medo. Sabíamos que não éramos fortes o suficiente para enfrentar o príncipe no momento em que vimos o reino espiritual.
Decidimos recuar, mas não deu tempo. Uma tropa de cavaleiros sendo liderada por Mayron apareceu. E mais uma vez, os guardiões do equilíbrio foram massacrados.
No início estávamos lidando com tudo muito bem, porém quando chegou a vez de enfrentar o Mayron, deu tudo errado. Eu tentei ganhar tempo para os meus companheiros fugirem, no entanto não funcionou. Fui assassinada, assim como Dália. E meus companheiros deram suas vidas para selarem o portal e os próprios poderes para evitarem um novo confronto.
No final perdemos por causa de nossos erros e infantilidade em achar que poderíamos derrotar um inimigo tão forte tão facilmente. Também me arrependo de nunca ter conseguido criar coragem para declarar meus sentimentos a Castiel.
Nós falhamos. Falhamos com o mundo espiritual, nós mesmos e a natureza. Mesmo selando os poderes, sabíamos que este não seria o último combate, e para os próximos embates, torço para os novos escolhidos conseguirem.