Onze

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Quando chegaram à casa de Ruby os amigos já tinham ido sem eles, o que deixou Kali magoada mas não surpresa, já que não era a primeira vez que algo desse tipo acontecia. 

 Mas por um lado isso foi bom, porque se tivessem saído teriam perdido a diversão que é assistir novela com Marisol, a avó de Ruby. 

— Como a polícia está atirando nele?! Ele é branco! — Exclama Kali para a tela da televisão. 

— Porque ele é pobre. — Aponta Abuelita comendo uns biscoitos. 

 Kali e Jamal acenam a cabeça em compreensão. 

— Calma, eu vou pegar mais suco. — Kali diz e se levanta indo para a cozinha e quando pega na geladeira seu celular toca e ela atende sem olhar quem é. 

— Alô? — Fala apoiando o telefone no ombro com a cabeça e abrindo a geladeira. 

Ei, cadê vocês? Está rolando uma festa incrível aqui em casa. — A pessoa do outro lado fala e Kali reconhece a voz de Monse. 

— Na casa do Ruby. — Responde revirando os olhos e fechando a geladeira com o suco em mãos. — Sabe? Aquele lugar onde todos iriam se encontrar para irem ao baile juntos? — Alfineta colocando suco no copo. 

Nós pensamos que vocês iriam direto para o baile que aliás foi cancelado por causa de uma briga, então vocês não perderam muita coisa. — Responde Monse e o barulho da música fica mais alto ao fundo. 

— Eu já estou ficando de saco cheio dessa merda. — Kali responde com raiva. 

Ei calma, não precisa ficar brava desse jeito. — Fala surpresa pela reação da amiga. 

— Vocês sempre se esquecem da gente e depois vem com essa conversinha fiada. — Rebate Kali sem importar com as desculpas dela. — Como daquela vez que nós fomos à praia chovendo porque o Ruby queria comemorar o seu aniversário de qualquer jeito e vocês nos largaram lá e mandaram o seu pai nos buscar 3 horas depois, você se lembra desse dia amiga? — Fala furiosa dando ênfase no "amiga" — Nós ficamos resfriados a semana inteira depois disso e nenhum de vocês apareceu para nos visitar. — Espera uma resposta de Monse, mas ela só escuta a música ao fundo. — Ou daquela vez que os três foram sozinhos assistir um show em que nós passamos o mês inteiro falando sobre e não tiveram a capacidade de perguntar se queríamos ir junto. — Ela suspira tentando se acalmar. — E agora temos a noite de hoje, deixa eu adivinhar: todos estão aí mas vocês só notaram a nossa ausência quatro horas depois quando precisaram de algo? — Finaliza Kali desvendando a situação. 

Todas essas situações tem uma explicação e isso não quer dizer que nós somos amigos ruins. — Fala Monse na defensiva. 

— Eu nunca disse que isso, o que eu quero dizer é: vocês não se importam conosco como se importam uns aos outros. — Explica e coloca o suco de volta na geladeira. — Vocês mal escutam o que falamos, só se lembram que existimos quando tem um problema e eu estou ficando cansada disso. — Muda o celular de mão. — Então se você me der licença eu vou voltar a assistir as novelas da Abuelita. — Bate o telefone sem esperar uma resposta. 

 Ela coloca o celular no silencioso e avisa aos pais onde está e que voltará um pouco tarde. 

— … Ou RollerWord. — Kali escuta Jamal falar quando chega na sala. 

— O que você sabe sobre o RollerWord? — Pergunta Abuelita desligando a televisão e se virando para ele. 

— Nada! — Responde Jamal rapidamente. 

— Normalmente as pessoas nos acham doidos quando falamos algo sobre isso. — Fala se sentando ao lado de Jamal e colocando suas pernas sobre o colo do garoto, a fazendo ficar de frente para Abuelita. — Sabe? Sobre ter dinheiro enterrado no bairro. — Explica Kali desamarrando o cabelo. 

 𝐑𝐢𝐝𝐞 𝐎𝐫 𝐃𝐢𝐞 - 𝐉. 𝐓𝐮𝐫𝐧𝐞𝐫 [1]Onde histórias criam vida. Descubra agora