Any Gabrielly é uma das maiores surfistas de sua geração, levando consigo incontáveis títulos no ramo. Quando convencida a ter paz e sossego em mais um verão de sua vida, Any não esperava, mas a chegada de seu novo treinador causa intensas emoções...
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Eu sentia a adrenalina percorrer todos os meus vasos sanguíneos com uma rapidez excessiva, os primórdios do delírio e prazer para mim, controlando toda a minha mente confusa e me deixando sedenta a cada segundo que se passava.
Lambi os lábios sentindo o gosto salgado da água marinha na língua, dei mais uma braçada crucial rumo a onda olhando-a concentrada. Segundos após quando sentir ela se aproximando, trazendo consigo toda a turbulência típica, num gesto contínuo e arrebatador, eu impulsiono o corpo deixando as pernas numa posição para melhor equilíbrio na prancha. O impulso tornou a outra vez me envolver, mas agora um pouco mais forte, já que a onda iniciava o trajeto de me carregar por toda a superfície e eu deslizava por toda a extensão revolta com precisão. Meu coração bate com força naquele momento, meus pulmões necessitados pelo oxigênio agiam de forma rápida e desregulada, o que me deixava ainda mais contente com uma pontada de realização no peito.
Os pensamentos de mais cedo agora não eram meu maior problema, e sim fazer manobras a qual a oscilação abaixo da prancha me permitia agir.
Meu costume sempre foi sair da zona de conforto, em relação ao surf. Eu adorava saber que eu conseguia fazer das mais fáceis as mais difíceis manobras em apenas uma onda. A sensação era imensurável e indescritível... Como se eu pudesse ter a perfeição em minhas mãos e moldá-la conforme a cada segundos ininterruptos de equilíbrio por cima da água, delimitando meu caminho de forma ágil. Sempre ouvi que quando algo é destinado a você é dessa forma, totalmente descontrolada e especial, que toma conta de você e te deixa confortável. E a cada dia isso se tornava mais nítido gradativamente, o fato de tornar o meu mais perfeito talento em amor e dar tudo de mim no que eu fazia.
A solidão que eu sentia agora era quase palpável, mas não de uma forma ruim, e sim da forma mais incrível possível.
A nova temporada de surf inicia-se hoje, hoje ocorreria o meu primeiro treino para as regionais. Isso soava de uma forma tão fenomenal na minha mente, tornando meus pensamentos voltados a isso e lançando sobre si toda a minha ansiedade. Porém, além de tudo, eu sentia medo de que exatamente nessa nova fase, tudo iria mudar. Eu estava otimista em relação ao que ocorreria ao decorrer do dia, mas o nervosismo me tirou o sono e a ansiedade se tornou uma imensa dor de cabeça e passagem para o estresse, não só ontem, mas como todos os dias anteriores no decorrer da semana. Não era pelo fato de ser o primeiro dia de treinos, porém, pelo motivo de que a minha antiga treinadora teve que instruir uma nova equipe, do outro lado do mundo. O que ocasionalmente custou aos supervisores, uma substituição brusca e em tempo recorde.
Quando soube da notícia eu me alterei completamente. Em minha mente eu podia ver como uma imagem ilusória a taça do torneio mundial se afastar de minhas mãos, antes mesmo de eu senti-las encostarem o material lentamente, e da forma mais dolorosa possível. Um novo alguém. Um novo tipo de raciocínio e estratégia, alguém totalmente desacostumado com a equipe; essa última parte faz-me sentir um incomodo no peito quase congelando toda a minha corrente sanguínea, assim como também me fez perder a cabeça e talvez alguns fios de cabelo durante toda a semana.
