Ele foi embora.
Deixando-me aos pés dos balúrdios mentais, com nervos agitados, uma inquietação gigantesca tal qual me deixava ao estopim da erupção contida por dias. Analisar bem os fatos e ter noção de que meu copo parecia vibrar ao seu toque foi um choque de realidade e tanto, só fez-me sentir uma culpa infinda pesar sobre as costas. Consumida pelo pavor, eu me neguei a acreditar após um tempo longo de negação que eu caí na minha própria armadilha por falta de cuidados e proteções. No entanto, eu não contava que ele reagiria daquela forma e me desconcertada ao surrupiar até as forças da minha alma.
Foi tudo culpa daquele maldito tom de voz rouco!
Mas, essa não era a única razão que me puseram aos pés da calamidade após a compreensão dos fatos me dar marteladas no crânio, pois, o dia de hoje em si foi uma completa confusão. Eu poderia iniciar apontando os momentos afetuosos ou a maneira em que me senti em paz nas primeiras horas em que os raios de sol encostaram-me a epiderme, todavia, nada sobressaia-me a voz da consciência tanto quanto o instante em que eu o senti aquecer meu ventre sem ao menos ter noção disso. E, só de lembrar, minha face latejava por tanta raiva.
E, porra, se eu fechasse os olhos conseguia facilmente sentir seu cheiro perto demais. seu toque quente. o roçar de suas carícias em meu pescoço e, principalmente, a chateação tingir suas íris com nuances escuras tão quanto a noite. Merda! O looping fluía muitas vezes e sem o meu querer, transgredindo do meu interior tudo aquilo que eu mais detestava. Eu não queria, mas impedir a minha mente de vasculhar motivos para a vergonha se encaminhar até minhas bochechas junto a corrente sanguínea era quase impossível.
Mesmo lutando arduamente, buscando forças onde não há uma fonte, eu seguia nadando contra todos os impulsos que me faziam correr atrás do prejuízo. Tendo em vista que agora, possivelmente, o rompimento da nossa convivência formara um imenso buraco nuclear entre mim e as nacionais. Em disparado, meu peito apreensivo se acelerava mais, não por eu estar o exercitando como mais cedo, e sim pelo medo constante que surgia a cada vez em que eu encarava o mar à minha frente.
Naquela noite não havia luar, o que se mostra como maldição para um morador da ilha onde o astro mais importante para o esclarecimento nasceu. Para mim era diferente, não parecia uma maldição e sim a concretização de que eu fui péssima como alguém ingrato. Eu não merecia nem ao menos ter minha alma guiada pelo brilho e me entregar as ondas calmas da confusão.
- Não falou com ele após isso?
Meus cachos balançavam conforme a maresia e o vento acariciava-me o rosto num sopro calmo, as narinas que inalaram cada componente presente no ar eram estreitas demais para ser algo ainda mais apreciável, tanto quanto eu gosto. Ponderar por vários minutos me fez ficar novamente incluída no vendaval de muitas coisas sufocantes ao mesmo tempo, como se a submersão pesasse sobre a minha cabeça e traduzisse o idioma que Josh Beauchamp me ensinou há pouco tempo. Impresso na consciência, palavras grifadas diziam com clareza de que eu estava muito fodida por ter agido com ele de maneira inconsequente.
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Waves Of Love | Beauany
FanfictionAny Gabrielly é uma das maiores surfistas de sua geração, levando consigo incontáveis títulos no ramo. Quando convencida a ter paz e sossego em mais um verão de sua vida, Any não esperava, mas a chegada de seu novo treinador causa intensas emoções...