14 | Icógnita imprevisível

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Como expressar bem as coisas que mais te afligem no âmago? Como ser convincente o bastante para si mesmo, ao ponto de desfazer a bola de neve imensa que em cada segundo diferente te atinge como carro desgovernado em meio a uma rodovia de mão única...

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Como expressar bem as coisas que mais te afligem no âmago? Como ser convincente o bastante para si mesmo, ao ponto de desfazer a bola de neve imensa que em cada segundo diferente te atinge como carro desgovernado em meio a uma rodovia de mão única? Como? Como eu vou explicar ao meu coração que, mesmo ele não tendo condições, o mesmo deveria sim me dar boas explicações sobre o tudo o que se passa dentro dele, e, que o momento para isso, era agora?

Não preciso citar os fatos inebriantes que rondavam minha mente, pois, literalmente, eles eram a causa de toda essa aflição de circuito contínuo. Meu sistema nervoso trabalhava incansavelmente desde o momento em que eu pisei os pés dentro do boliche outra vez e, tentar ingerir a maior quantidade possível de álcool foi uma das piores coisas da minha vida, no entanto, uma escapatória momentânea. O baque de tudo veio junto a ressaca que, na manhã seguinte, foi a única companhia além de um homem estranho - e nú! - ao meu lado, em um quarto de uma pensão qualquer do porto.

Porém, isso não importa. Não mais.

Eu não me asseguravam a isso como um motivo para estar nervosa agora, nem o fato de eu ter praticamente perdido a despedida das minhas amigas, porque no mesmo momento em que elas entravam numa balsa até a capital, eu batia o corpo violentamente no do rapaz de pele negra como a noite e bíceps definidos - por Deus, eu sentia tanta vergonha ao lembrar disso! Na verdade, o que me deixava murcha como uma flor, era lembrar que eu poderia ter ido com elas, eu poderia estar treinando agora na Califórnia junto a minhas amigas.

Vários anos de carreira, títulos, competições e nenhuma preparação física ou mental para choques de realidade como esse, faziam-me não sentir confiança alguma em mim, sem esperança ou forças para querer voltar ao mundo do esporte o qual eu amo de todo o coração. Eu tinha medo de não conseguir enfrentar bem meus problemas e vacilar ao errar pela milésima vez.

Parar para pensar que meu maior medo de meses atrás era ser escanteada tornava-se cômico, pois, teoricamente, eu consegui isso sim e estou vivendo nessa realidade indesejada por mim. Mas, um detalhe é que eu realmente fiz isso comigo e não, não tinha nada haver com o diabo com olhos azuis e cabelos loiros reluzentes sob a luz do sol.

Talvez essa seja a consequência de tudo o que eu fiz; talvez isso seja o karma me agregando ao seu completo da maneira mais arrebatadora possível, ou talvez, isso pode ser apenas inseguranças minhas transbordando pela imensidão criada em meu interior. Decepção intragável, dano irreparável, medo insuperável... É, essa é a minha realidade triste de agora.

Droga, eu queria tanto que, naqueles dias em que eu tentava me reencontrar às cegas no meu próprio pretérito criado pela ausência de minhas amigas fosse apenas isso, as nacionais e a questão de eu não estar lá. Mas, não, não era bem assim. Além de tudo isso que eu me agonizava sempre, existia um caminho traiçoeiro o qual sempre me levava para o oceano profundo dos olhos esbugalhados, os cabelos loiros e bem aparados ou, até mesmo para o cheiro do perfume que me dava a menor sensação estranha no estômago ao ouvir um sussurro de sua voz rouca ao pé do ouvido. Josh Beauchamp, a perfeita personificação de petulância rara que já pisou em toda a ilha Mahina, ele quem me roubava gemidos frustrados por horas.

Waves Of Love | BeauanyOnde histórias criam vida. Descubra agora