"Estou disposto a pagar qualquer preço"

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— Ayla, você já terminou de se arrumar? - pergunta Larissa, abrindo a porta. 

— Já estou terminando de passar o rímel. - respondo, guardando o rímel dentro do nécessaire.

— Daqui a pouco é a sua vez de se apresentar.

— Eu sei. - puxo uma cadeira para sentar e me olho no espelho. Sinto uma pontada de tristeza. A única coisa que eu queria era estar cuidando da minha filha. 

— O que houve, amiga? - ela se aproxima e toca nos meus ombros. 

— Eu não estou dando um bom exemplo para a minha filha. Ela não merece ter uma mãe que dança em uma boate, usando essas roupas inadequadas e recebendo o dinheiro de homens desconhecidos.

— Ei, olha pra mim. - diz ela em um tom firme, e eu viro a cadeira para ela. — Você é a mulher mais espetacular que conheci em toda a minha vida. Sempre priorizou a vida da Camila acima da sua, trabalha duro para comprar as coisinhas dela e nunca lhe deixou faltar nada, então não fique se julgando. Você foi vítima das armadilhas da vida e agora depende do Raúl para continuar morando naquele lugar. - ela pega na minha mão e sorri. 

— Obrigada, Lari. Você é uma grande amiga. - sorri.





Graças a uma maldita dívida de aluguel, fui obrigada a trabalhar para Raúl, dono de uma famosa boate que fica no centro da cidade e também é proprietário de um sobrado, onde há diversos quartos para alugar. O emprego que eu trabalhava não era o suficiente para cobrir os meus gastos e acabei deixando de pagar o aluguel, e estive prestes a ser despejada por causa dessa dívida. Infelizmente não tive outra saída e aceitei trabalhar como dançarina de boate. Como estou devendo vários meses de aluguel, o meu salário é descontado e não sobra quase nada para sobreviver. 

Larissa é minha vizinha e melhor amiga. Ela trabalha na boate há mais tempo do que eu, sabe como as coisas funcionam e me ajuda sempre que possível. Desde que o desgraçado do meu marido me abandonou quando Camila tinha apenas um mês de nascimento, eu aprendi a sobreviver sozinha, sem depender de homem para ganhar as minhas conquistas. Os meus vizinhos pensam que sou uma prostituta, me julgam por eu deixar a minha filha sob os cuidados de outras pessoas e me olham como se eu fosse um lixo. Elas não têm a noção da minha luta e por isso que vivem inventando coisas sobre mim. 

Eu limpo um pequeno borrão dos meus olhos, passo mais um pouco de maquiagem para disfarçar os meus olhos inchados e suspiro fundo. Em instantes, ouço a voz do Raúl se aproximar da porta e me levanto da cadeira. Larissa me olha um pouco assustada e faz um gesto para eu me manter calma.




— A donzela já está pronta? - pergunta Raúl, aproximando-se e me olha de um jeito malicioso. — Anda logo, Ayla! Os homens já estão te esperando! - ele puxa o meu braço. 

— Não precisa me tratar desse jeito! - grito com raiva. Detesto quando ele faz isso. 

— Você está machucando ela! - Larissa me defende. 

— Você não se meta! Nenhuma mulher tem o direito de gritar comigo! - Raúl empurra a minha amiga, e ela bate as costas na parede. 

— Faça o que quiser comigo, mas não machuque a minha amiga! - falo desesperada. 

— Cala a boca, vadia! Você só está aqui para cumprir as minhas ordens! - Raúl fica mais irritado. 





Raúl me puxa para fora do camarim e quase me empurra para perto do palco. Eu não me sinto preparada para dançar na frente de todos aqueles homens nojentos, que ficam me tocando e me desejando como se fosse um objeto. Sinto tanta vontade de desaparecer desse inferno, mas tenho que cumprir as ordens do meu chefe. Se eu não obedecê-lo, ele será capaz de fazer algo com a minha filha. 

υмα иονα ϲнαиϲє ραяα αмαя | Cʜʀɪsᴛᴏᴘʜᴇʀ Vᴇ́ʟᴇᴢOnde histórias criam vida. Descubra agora