Capítulo 36

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Depois de uns 20 minutos o Juiz retornou, sentada frente a ele de cabeça baixa eu esperava a sentença.

- Analisei bem o caso, levei em consideração a fala de todos os envolvidos. Maite Perroni Beorlegui é considerada culpada em virtude do Artigo 158 do Código Penal pelo crime de cárcere privado e com aumento de pena em razão de manter William Levy preso por mais de 15 dias e também pela lesão corporal grave que o mesmo sofreu. Sua reclusão será de 8 anos.

Eu vi William gritar e chorar em protesto, ele até tentou se aproximar, mas Julieta o impediu. Minha mãe chorava sem parar, o advogado ao meu lado me pedia para ficar tranquila que ele daria um jeito de diminuir a pena. E eu... Bom, eu estava neutra, nenhum sentimento se esboçava em meu rosto. Quando me entreguei eu estava ciente do que me esperava, e eu assumi lidar com as consequências, afinal tudo o que estava acontecendo foi por culpa minha mesmo.
Novamente algemada fui levada para fora dos tribunais, os jornalistas loucos tentando se aproximar.

- Como se sente por ter sido culpada senhora Perroni?

- Se arrepende do que fez?

- É verdade que está grávida?

Eram tantas perguntas, tantas pessoas falando e gritando ao mesmo tempo. Do outro lado da rua uma manifestação acontecia, pessoas com placas e cartazes sabotando minha empresa. E se eu tinha alguma dúvida naquele momento eu não tinha mais, minha vida acabou.

O advogado conseguiu com que eu ficasse em uma cela com outras 2 grávidas, foi quase um alívio quando pisei lá e não era aquele amontoado de gente.
Me sentei na cama que seria minha e observei uma das garotas que fumava um cigarro enquanto alisava a barriga que já devia estar de uns 7 meses. E ela devia ter no máximo uns 19 anos.

- O que foi? Quer dar uma tragada? - Perguntou me estendo o cigarro e eu aceitei. Sei que não é certo por conta da gravidez, mas naquele momento eu estava precisando muito.

- Obrigada. - Falei a devolvendo.

- Por que está aqui? - Perguntou.

- Cárcere privado, e você?

- Latrocínio.

- Quantos meses de gravidez?

- Quase 5, e você?

- Eu não sei ao certo, não cheguei ir ao médico, mas acredito que quase 2.

- Aqui eles fazem uma ultrapassom no máximo, e provavelmente vão esperar sua barriga crescer mais. Depois, você só será levada ao hospital quando já estiver em trabalho de parto.

- Isso quando não deixam a gente ganhar aqui dentro mesmo, sem nenhum tipo de amparo. - Completou a outra presa. - Falo por experiência própria, tenho 3 filhos todos gerados aqui no presídio, um me levaram para ganhar no hospital e os outros dois me deixaram aqui de qualquer jeito. Eu me chamo Jéssica, e ela Valentina tá.

- Me chamo Maite. - Respondi.

- Da pra ver que você é nova no pedaço, toma cuidado com os policiais. - Disse Jéssica.

- Por que?

- São eles os pais de dois filhos meus. - Confessou.

- Meu Deus... - Murmurei boquiaberta.

- E eles gostam de se divertir com as gestantes. Afinal, eles podem fazer o que quiserem já estamos grávidas mesmo.

Eles poderiam fazer qualquer coisa comigo, menos abusarem de mim. Eu jurei quando a cabeça do meu tio estava na mira da minha arma que nenhum homem me tocaria novamente sem minha permissão, e Maite Perroni nunca quebra um juramento.

Louca ObsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora